A O JOGO, Dito diz que a explicação para o bom desempenho do Gil Vicente está no facto de o futebol ser dirigido apenas por três pessoas.
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O diretor-geral do Gil Vicente revela que uma das explicações para o sucesso está no facto de apenas três pessoas trabalharem no futebol profissional.
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Qual a maior dificuldade na construção do plantel?
-Diria que foi quase tudo difícil. O contexto que tínhamos para abordar a I Liga era muito débil. O Gil não tinha tido praticamente receitas nos últimos anos e isso era uma dificuldade acrescida para construirmos o plantel. Convinha não entrarmos em loucuras. Depois, há um aspeto que me parece importante e que está a contribuir para o que tem sido o trajeto da equipa. Desde a primeira hora, fiz ver ao presidente que o grupo de pessoas que trabalharia no futebol profissional e que participaria no processo de construção do plantel tinha de ser muito restrito. E o futebol profissional passa apenas por três pessoas: por mim, pelo presidente e pelo Tiago Lenho (diretor desportivo).
Como convenceram os atletas?
-Pelo ordenado não foi com certeza, porque não tínhamos dinheiro. Contratámos, salvo erro, 24 jogadores e não foi fácil convencê-los, exatamente pelo contexto, porque, muitas vezes, a primeira reação era: "Mas o clube não está na terceira divisão?" E aí tivemos de explicar tudo ao pormenor, fazer a apologia do clube, a sua história.
"No Brasil, nas Séries B e C, encontram-se jogadores com potencial, pela dimensão do país e quantidade de atletas"
Qual o jogador mais difícil de convencer?
-Houve de tudo. Obviamente que alguns não conseguimos, porque tiveram o receio, mas os que cá estão, estão satisfeitos e, se calhar, alguns que não aceitaram, estão arrependidos.
"CADA UM TEM DE SABER O SEU LUGAR"
Dito reforça a ideia que uma estrutura tem maior probabilidade de sucesso com menos gente no departamento de futebol.
Terem sido apenas três pessoas a formar o plantel e a escolher o treinador justifica o bom desempenho do Gil?
-Um clube e uma equipa têm vários departamentos e cada um tem de saber estar no seu lugar. E há sempre muita gente que gosta de dar opinião e que quer estar onde há mais visibilidade. Mas isso foi um travão que se meteu logo no início. Ainda não conseguimos o nosso objetivo, a manutenção, mas a experiência diz-me que quanto mais restrito for o número de elementos, mais perto se está de ter sucesso.
Mas tudo muda facilmente...
-No futebol anda tudo sempre em cima de uma corda muito fina, cai-se para um lado ou para o outro com muita facilidade. É preciso saber-se estar, saber conversar com os jogadores nos vários momentos da época, e nem tudo são rosas, e se essa mensagem for dada sempre da mesma maneira, funciona melhor do que se houver muita gente.