Treinador alemão supera Rúben Amorim e Sérgio Conceição em vários registos e atingiu objetivos essenciais na ótica da SAD
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O Benfica encerrou a temporada na Luz com uma goleada que não calou a contestação em torno de Roger Schmidt, mas que também já apanha por tabela o presidente Rui Costa. Foi com chapa cinco ao Arouca que as águias se despediram de sua casa até à nova temporada, mas voaram novamente tochas para o relvado e palavras de ordem contra o treinador. Este respondeu à letra, até admitiu conversar sobre a saída: “Se a solução for eu sair, falamos sobre isso”. Porém, O JOGO apurou que este não é o desfecho pretendido pelo alemão, bem como de alguns elementos diretivos mais próximos do líder da SAD, ao ponto de internamente ser visto como muito provável que seja mesmo Schmidt a suceder a Schmidt.
Reação do treinador à contestação ocorrida durante o último jogo da Luz não tem implicação na sua decisão de querer iniciar a nova época, numa expectativa que ganha força junto de Rui Costa.
A avaliação interna ainda não tem data marcada, mas irá acontecer e, sobre a mesa, estarão vários argumentos que sustentam a continuidade do treinador, que tem mais dois anos de ligação aos encarnados. Logo à cabeça, e mesmo que não tenha conseguido sagrar-se novamente campeão, o alemão conduziu o plantel à segunda, praticamente garantida, qualificação direta para a Liga dos Campeões, que tem um grande peso financeiro agregado. Não equivale a outro título de campeão, como conseguiu na sua primeira época na Luz, mas assegura o equilíbrio de contas e disponibilidade para novos investimentos.
Este era o objetivo mínimo definido pela SAD para a época que se aproxima do fim. O outro, o bicampeonato, não foi alcançado, mas o treinador “apresentou” argumentos em seu favor que têm peso internamente. Em duas épocas, Roger Schmidt conquistou mais pontos (166) que Rúben Amorim (161) e Sérgio Conceição (154), que a última jornada não irá alterar. Conquistou mais vitórias na Liga (53 contra 51 e 48, respetivamente), menos empates e menos derrotas. Ainda viu a sua equipa encaixar menos golos (47), contra 61 do Sporting e 49 do FC Porto.
Em dois anos, Schmidt fez mais pontos na Liga, teve mais vitórias, menos empates e derrotas que Rúben Amorim e Sérgio Conceição.
Também vence no somatório classificativo com um 1.º e um 2.º lugar, contra o 4.º e o 1.º de Amorim e o 2.º e o 3.º ou 4.º de Conceição. Também na Europa os resultados foram nivelados, com os quartos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa a rivalizarem com os “oitavos” e “quartos” da Liga Europa do Sporting e os dois “oitavos” da Champions do FC Porto.
Significa isto que Schmidt “segura” Schmidt. A frase que proferiu após o último jogo terá visado apenas os adeptos que contestavam, mas não equaciona demitir-se, numa decisão que ganha força juntos de alguns elementos mais próximos (e mais influentes) de Rui Costa. O treinador tem mais dois anos de vínculo e o próprio presidente considera que não faz sentido cortar projetos a meio, muito menos ter de assumir pagamentos de indemnizações.