Samuel Portugal recorda vitória na Luz: "Via energia nos olhos dos meus companheiros"
ENTREVISTA, PARTE I - Há duas temporadas jogava nos Sub-23, mas agora, além de ter assegurado a titularidade, é o suporte de uma das defesas menos batidas da Liga Bwin e fez história no Estádio da Luz
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Aos 27 anos, Samuel Portugal confirma que muitas carreiras se sobem a pulso, para regozijo, neste caso, dos responsáveis da SAD do Portimonense, que sempre viram nele um ativo promissor. Em conversa com O JOGO, o brasileiro fala do percurso, dos objetivos e, claro, recorda os fantásticos momentos vividos na Luz.
Há duas épocas defendia a baliza dos Sub-23, agora está a jogar na Liga e em destaque constante. Esperava este salto?
-Sim, de certo modo esperava, porque trabalhei muito, continuo a trabalhar e estou firmemente empenhado em crescer cada vez mais. Quem trabalha assim, tão forte e de forma tão árdua, acaba por ser recompensado. Mas, atenção, ainda não cheguei a lugar nenhum. Vou prosseguir com o mesmo foco e sempre agradecendo a Deus.
Qual é o segredo para esta ascensão?
-Resume-se a três palavras: trabalho, disciplina e foco. Sempre continuamente, sem deixar cair o que quer que seja. Acredito muito naquelas palavras e a elas junto uma elevada dose de persistência.
O Samuel acaba de ser considerado o herói do jogo da Luz, em virtude da histórica vitória da última jornada. Como têm sido estes dias?
-Essa parte do herói é só para a família e para os amigos. Para nós, dentro do campo, a obrigação de ganhar existe sempre. Muitas vezes não conseguimos, mas a ideia é essa. Foi um feito grande, sem dúvida, um feito memorável que deixou toda a gente feliz. Tratou-se da primeira vitória do Portimonense no Estádio da Luz, depois de, há pouco tempo, termos ganho em Portimão, o que também nunca tinha sido conseguido. E nunca é demais falar na grandeza do Benfica, um clube de enorme dimensão. Ganhámos, foi bom e bonito, mas agora já temos de novo os pés bem assentes no chão.
Nos últimos minutos, o Benfica pressionou imenso...
-A nossa equipa portou-se muito bem. Assumimos defender um pouco mais atrás, quando foi preciso, mas o certo é que não houve falhas e não sofremos golos. O triunfo é um extra para aumentar o nosso moral, mas, repito, não nos vamos deixar iludir nem diminuir o ritmo. O nível de preparação vai continuar alto.
Quando é que sentiu que a vitória já não fugia?
-Acredito que foi naquele remate do Otamendi à barra. Depois o Fali também tirou em cima da linha um golo que parecia certo. Mas eu olhava para os meus companheiros e via energia até nos olhos deles, algo que foi contagiando uns aos outros e nos levou a manter a baliza a zeros.
Fez muitas, mas qual considera ter sido a sua melhor defesa dessa tarde?
-Talvez uma na primeira parte. Houve um cruzamento rasteiro, o Darwin rematou à queima-roupa, mas fui feliz e consegui ter uma reação para afastar a bola, inclusive porque estava com o corpo inclinado para o outro lado. Seria o 1-0 para o Benfica e mudaria, certamente, toda a história do jogo.
Nesta sequência de ideias, o Portimonense só sofreu quatro golos em oito jogos e tem o melhor registo do campeonato, a par do Sporting. É obra...
-É sobretudo a prova de que trabalhamos arduamente, como já referi. E é muito recompensador. A defesa tem estado muito sólida desde o início da época e a marcação ao adversário começa logo nos avançados e nos extremos, ou seja, estamos todos de parabéns, não é só a defesa. Não podemos é relaxar.