Salvador quer mudar a Liga: Direção sem os três grandes e poderes executivos ao presidente
Por entre críticas ao atual modelo governativo da Liga de clubes, António Salvador deixou a forte convicção de que, com "responsabilidade", ainda será possível ter adeptos nas bancadas esta época.
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Numa mensagem dirigida aos sócios do Braga, António Salvador voltou a atacar o atual modelo governativo da Liga de clubes, falando mesmo em "sinais inquietantes" que, no entanto, preferiu não detalhar, pelo menos para já.
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Esta posição não é nova, uma vez que o presidente do Braga tem feito questão de lançar para a discussão, nas mais diversas ocasiões, a necessidade de serem implementadas alterações profundas na orgânica da Liga e, de um modo mais geral, na estrutura do futebol português.
"Temos vivido tempos conturbados e com sinais inquietantes transmitidos pelo modelo governativo do nosso campeonato, revelando fragilidades que o Braga tem denunciado ao longo dos últimos anos, de forma independente e atendendo unicamente à urgência de fazer evoluir o futebol nacional. Seremos, como sempre fomos, intransigentes na defesa das nossas posições, sem lóbis e sem alinhamentos que não sejam apenas e só a defesa do Braga", escreveu António Salvador.
Em termos concretos, sabe O JOGO, o Braga pretende que o presidente da Liga passe a ter poderes executivos, assim como acabar com uma Direção com presença quase obrigatória de Benfica, FC Porto e Sporting (os três primeiros classificados, em média, das últimas cinco épocas têm assento no órgão atual), sendo que essa premissa se alarga igualmente à Comissão Permanente de Calendários, onde estão invariavelmente representados os três grandes. Na prática, António Salvador defende a criação de um Conselho de Presidentes (todos os presidentes dos clubes profissionais), que seja capaz de definir as linhas orientadoras para a indústria do futebol, mas sempre sem funções executivas.
António Salvador quer um presidente da Liga com poderes executivos e acabar com uma Direção com a presença dos três grandes
Neste caso, seria o presidente da Liga, com poderes reforçados, a gerir a atividade. Esse é, de resto, uma orgânica que o Braga já defende há cerca de três anos e que, curiosamente, tem vários pontos em comum com o modelo governativo que Pedro Proença vai levar a discussão na próxima Assembleia Geral da Liga, agendada para segunda-feira (8 julho).
Futebol tem de transmitir uma imagem de rigor
Estas palavras de António Salvador surgiram no momento em que o futebol se prepara para regressar em Portugal, com os jogos da I Liga, tendo o líder arsenalista reforçado a ideia de que os últimos três meses foram uma "batalha tremenda" e "um imenso desafio coletivo que implicou perdas e cedências". "Por isso, seria muito difícil de compreender que o futebol não conseguisse demonstrar os níveis de organização que têm permitido o regresso de tantos outros setores, pelo que é com grande satisfação que nos apresentamos para o regresso da I Liga", acrescentou, ao mesmo tempo que alerta para a responsabilidade acrescida que todos os agentes desportivos vão ter a partir de agora. "É imperioso que o futebol transmita uma imagem de rigor e de confiança, porque é sabido que esta retoma das competições se fará sob imenso escrutínio das autoridades sanitárias e que só uma resposta competente e cabal pode permitir que voltemos a ter, tão depressa quanto possível, aquele que é um dos elementos essenciais ao jogo, que é o seu público".