A perda do lateral deixa António Simões apreensivo. "Vai dar trabalho substituí-lo", afirma.
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Com dez títulos de campeão nacional, todos pelo Benfica, António Simões considera que o clube da Luz foi um "justo vencedor" na Liga fruto de uma equipa "que se destacou pelo seu todo".
"O coletivo foi a grande referência", atira a O JOGO, admitindo, porém, que "há sempre alguns jogadores que se evidenciam".
Um deles, na opinião da antiga glória encarnada, foi Grimaldo, "muito influente" na estratégia de Roger Schmidt. Por isso, a saída em fim de contrato do defesa deixa-o apreensivo. Para já, o Benfica atacou Milos Kerkez, lateral do AZ Alkmaar, mas a negociação não avançou, pois o emblema neerlandês exige 20 milhões de euros e a SAD continua no mercado, agora a estudar alternativas. E António Simões frisa que "substituir Grimaldo é um grande desafio" para as águias. "É uma posição difícil de encontrar um jogador de topo, é a mais procurada no futebol. Teve muita influência nos últimos 30/40 metros do jogo do Benfica. Olhando ao mercado, a saída de Grimaldo preocupa-me. É uma posição difícil e rara de encontrar uma solução", defende, reforçando: "Todos procuram um lateral esquerdo e não há muitos. Vai dar trabalho substituir Grimaldo, que esteve muito bem. Dá-me a sensação que fez a melhor época da carreira."
A defesa vai perder duas peças, já que Otamendi também está de saída. António Simões lembra a "combinação perfeita" entre o capitão e António Silva, mas considera que apesar de ser "uma perda importante" não será um caso tão problemático. "Se o Benfica for ao mercado é menos difícil de encontrar uma alternativa. E há soluções internas. Quando vivi no Brasil vi e gostei muito do Lucas Veríssimo. Teve azar pela lesão, mas creio ser central de nível para o Benfica", declara, apontando também Morato: "É outro jogador, como Lucas Veríssimo, que será candidato ao lugar. Depois terá também a ver com o mercado."
Na sua análise a uma "época de sucesso" do Benfica, o Magriço expressa existir uma "combinação de fatores": "A escolha de Roger Schmidt, e quem o escolheu tem mérito, a ideia e o conceito do treinador, que os implementou, e os jogadores, sempre os mais importantes." Realçando que "todos tiveram peso", destaca vários além dos já referidos. A começar por Aursnes, que esteve "muito bem no meio-campo, juntamente com João Mário, Florentino e Chiquinho", este último que considera "uma surpresa". "Todos ficaram preocupados com a saída do Enzo Fernández, mas ele apareceu", diz, falando ainda do "goleador" Gonçalo Ramos, do papel "determinante" de Rafa "apesar de alguns altos e baixos" e da "influência" de David Neres, "difícil de parar". E realça ainda Vlachodimos: "Apesar da desconfiança com que era visto esteve sempre presente quando foi necessário." Refere ainda Musa e João Neves como surpresas: "Musa correspondeu sempre e o miúdo apareceu bem. Deu energia e química, o que ajudou."
"O campeonato é uma conquista justa e merecida. O Benfica esteve no primeiro lugar desde a primeira jornada. Houve uma pequena quebra e até parecia que ia ser mais acentuada, mas penso que também teve influência o facto de não ter mais jogos a meio da semana. Ajudou a recuperar os atletas mais fatigados."
Após o terceiro lugar no campeonato em 2021/22, o Benfica quebrou o jejum que durava desde 2018/19. António Simões elogia o presidente Rui Costa. "Foi feliz na escolha do treinador, é meio caminho andado para criar um caminho favorável", afirma, ressalvando ainda a importância da "forma como tudo foi gerido, sem deslumbramentos". "É uma época muito positiva para todos, desde a estrutura até jogadores e ao staff", defende, declarando que no final de um ano o balanço é positivo: "Quando se ganha todos estiveram bem, é o normal."