Mudanças no meio e a introdução de Nakajima espelham faceta mais dominante do dragão, que recorre mais ao passe curto na chegada à baliza.
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Há um novo FC Porto a despontar desde o empate (1-1) com o Belenenses, no Jamor, para o campeonato.
Mais dominante, mais criativo, com uma maior ligação entre sectores e, acima de tudo, com uma média de golos superior à que vinha apresentando até então.
Os dados recolhidos por O JOGO, com base nas estatísticas disponibilizadas pelo portal "Wyscout" [ver infografia à parte], são cristalinos quanto à nova faceta da equipa portista, que beneficiou com a mudança de figurino operada por Sérgio Conceição à entrada para o encontro com o Tondela. As alterações no meio-campo, com Otávio a mostrar-se mais disponível para ajudar na primeira fase de construção e a entrada de Nakajima numa zona interior, deram origem a um futebol mais curto dos dragões, quase uma espécie de "tiki-taka", quando comparado com um passado recente. São os números que o dizem. Em grande parte deste tempo, o médio mais defensivo foi Uribe, mas em Chaves jogou Sérgio Oliveira. Os dois são, também, bastante técnicos.
Os 24 passes efetuadas durante a jogada do terceiro golo contra o Tondela ilustram na perfeição a nova dinâmica do FC Porto, que recorre mais ao passe curto para chegar à baliza adversária. Até esse encontro, os dragões experimentavam o passe longo quase 12 por cento das vezes em que tinham a bola e faziam, em média, apenas quatro passes por cada posse de que gozavam. Agora, com jogadores que conseguem aliar a eficácia na entrega à inteligência nas movimentações entrelinhas, só usaram daquela ferramenta sete por cento das vezes e fizeram seis passes por cada posse. Com isto, o FCPorto viu a percentagem de domínio de bola aumentar em cerca de seis por cento e a média de perdas por jogo baixar drasticamente (quase menos 30).
Conceição já havia experimentado um conceito muito parecido em agosto, na segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, com o Krasnodar, pelo facto de querer ter mais controlo do encontro. Os resultados não foram os melhores, como admitiu entretanto o treinador em algumas conferências de Imprensa, mas o treinador nunca o arrumou de vez na gaveta. Foi trabalhando na tranquilidade do Olival, longe de olhares indiscretos, e apostou nele no momento certo, com consequências bem positivas. A equipa dá sinais de maior segurança com bola e maior imaginação no processo ofensivo, pelo que não espanta que a média de golos seja agora superior. E num cenário em que até dispara menos do que antes ... A diferença está mesmo no acerto com que o faz.
Eficácia no cruzamento dispara
A nova dinâmica ofensiva do FC Porto tem resultado numa taxa de eficácia superior à média da temporada em vários parâmetros, com a dos cruzamentos a surgir numa posição de destaque. A dos últimos três jogos foi de quase mais sete pontos percentuais, como se percebe pelo número de golos apontados na sequência deste tipo de lances (quatro em oito). O 1-0 com o Tondela, com o Santa Clara e com o Chaves, bem como o 2-0 com os flavienses, desenharam-se assim. E Soares foi o grande beneficiado na maior parte deles (assinou três).
Dois jogos... e meio na análise
Na comparação efetuada por O JOGO foram contabilizados os 90" com Tondela e Chaves e apenas os primeiros 45" com o Santa Clara. Os restantes 45" foram excluídos pelo facto de a chuva diluviana ter tornado o relvado do Dragão impraticável e de ter obrigado os atletas a recorrer a um estilo de jogo diferente do desejado. Mas as médias seriam idênticas mesmo que esses 45" contassem.