FC Porto recebeu sondagens, mas não procurou investidores nem quer negociar a venda de uma parcela da SAD enquanto não melhorar as finanças. Atual fragilidade adia esse passo para a próxima época.
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O site da Bloomberg, especializado no mercado financeiro, noticiou na segunda-feira que o FC Porto "tem considerado a venda de uma posição minoritária" no capital da SAD e que, para esse feito, está a trabalhar com a Certus Capital Partners, um corretor londrino que serviria de intermediário para os eventuais investidores.
Citando fontes ligadas ao processo, o artigo acrescenta que "não há garantia de que o FC Porto decida avançar com a venda".
O JOGO pode acrescentar que o negócio não acontecerá, de facto, e que os dragões nem admitem fazê-lo no atual contexto, embora tenham disponibilizado ao corretor as informações solicitadas e não fechem as portas a conversar com os interessados.
De acordo com as informações recolhidas, foi a Certus quem trouxe à Invicta um grupo financeiro disposto a investir na SAD, como antes já sucedera com outras entidades. A resposta ao interesse foi não, por um motivo claro: com capitais próprios negativos em quase 120 M€, o FC Porto sabe que partiria fragilizado para qualquer negociação, embora admita que a venda de uma posição minoritária será incontornável a médio prazo. A ideia é melhorar as finanças da Sociedade Desportiva e, depois sim, partir de um patamar fortalecido para ouvir propostas.
Dependendo de como correr o mercado de verão, é possível que isso suceda já na próxima época. Até lá, o exercício semestral deverá voltar a ser deficitário, depois dos lucros de 33,4 milhões de euros na época 2020-21. Para além das transferências, há a urgência de moderar a folha de salarial, inflacionada com as renovações recentes (e vendas goradas) de Otávio e Sérgio Oliveira.
Em qualquer dos casos, o FC Porto não põe a hipótese de abdicar da posição maioritária que os sócios detêm na SAD. Não propriamente em cima da mesa, mas ponderadas como eventuais soluções, estão o aumento de capital por valorização dos ativos ou por entrada de um parceiro, que não ocorrerá sem que o FC Porto se sinta numa posição negocial forte.
No artigo da Bloomberg, está destacado o ranking da UEFA, que coloca os dragões entre as 20 melhores equipas da Europa, a Liga dos Campeões de 2004, os quartos de final atingidos em 2021, a reputação de clube formador e o histórico de transferências milionárias. Motivos de grandes apetites que, como o próprio destaque dado pela prestigiada Bloomberg confirma, começam a apertar o cerco.