Pablo Alfaro, antigo treinador de Gabri Martínez, aprova as novas funções do espanhol, assumindo todo o corredor esquerdo
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Titular em 50 por cento dos jogos em que foi aposta - participou em 18 dos 23 que já constam do calendário dos minhotos -, Gabri Martínez desdobrou-se num diferente papel nos últimos dois encontros, frente a Elfsborg e Sporting, acabando por os completar, vendo Carvalhal confiar-lhe todo o corredor esquerdo e sendo, assim, desafiado a entender melhor as responsabilidades defensivas. Um novo contexto que até pode favorecer o espanhol, olhando à concorrência que ia enfrentando na frente e ao facto de os laterais do Braga não terem convencido na época em curso, os canhotos Adrián Marín e Yuri Ribeiro.
Mítico central do Sevilha treinou-o no San Fernando em 2022/23 e dá nota alta ao espanhol do Braga pela capacidade de desequilíbrio, mas também pela velocidade e resistência para o novo papel.
Além do mais, pode estar em construção por parte do treinador uma identidade mais vincada do plantel com este sistema de três centrais, numa altura em que deixou de ter um quadro problemático de lesões, que afetava, mormente, o setor recuado. Carvalhal afirmou mais de uma vez que este recurso será pontual, mas tem um passado por detrás, já que nas anteriores duas épocas que passou em Braga havia desenhado o onze variadíssimas vezes nesse modelo, mesmo com certas nuances aqui e ali.
Perante uma espécie de transformação proposta a Gabri Martínez, espanhol de 21 anos que jogou no Mirandés em 2023/24, cedido pelo Girona, sempre com liberdade para dar vertigem no último terço, há uma resposta que enquadra um futuro risonho deste desdobramento, ficando Roger com licença igual à direita. Autor de dois golos na época em curso, acrescentando-lhes três assistências, Gabri Martínez já havia sido elogiado por Carvalhal pela disciplina tática no compromisso defensivo.
Sacrifício atrás é um extra que o faz transcender-se
Auscultando Pablo Alfaro, seu técnico no San Fernando em 2022/23, mítico central do Sevilha, chamado de Doctor Terror por um conjunto de entradas intempestivas, também em alusão à sua formação em medicina, Gabri pode corresponder perfeitamente a este vaivém no terreno. “É uma situação tática que lhe pode assentar bem, mesmo tendo sido sempre desequilibrante em posições mais adiantadas. Vejo-o bem aí, porque sendo destro, tem essa tendência de jogar com a perna trocada, porque finta para dentro para centrar ou rematar”, explana Alfaro.
“Depende da equipa, dos jogadores à volta, mas tem, de facto, velocidade e resistência”
“Sacar-lhe rendimento e aproveitamento acho que é mais perto da área pela habilidade que tem, sendo muito difícil de travar”, avalia, sem descurar o sucesso deste ajustamento de Gabri aos planos técnicos. “Depende sempre da equipa, dos jogadores que o rodeiem. Pode dar boa resposta porque tem velocidade e resistência. Só precisa de ter as costas bem cobertas pelo central do lado esquerdo. Se for assim, até se pode revelar fenomenal, é mais uma parte do seu processo evolutivo”, assegura o técnico, que teve como última casa o Real Murcia.
“Era descarado! Agora vejo-o feliz e a jogar com regularidade, destinado a melhorar ainda mais”
Quem também opina favoravelmente sobre Gabri é David Ramos, médio do Ceuta. “Tinha coisas para se destacar a um nível mais alto e ajudava-nos muito pela velocidade e facilidade de superar rivais. Era descarado! Tinha uma evolução pela frente, que foi notória na tomada de decisões já no Mirandés, muito mais coordenadas com esse ritmo fortíssimo”, elogia o médio, de 27 anos, colega de Gabri no San Fernando. “A amizade continua, vejo-o feliz e a jogar com regularidade, destinado a melhorar ainda mais. As funções recentes também as compreendo pelo sacrifício dele na defesa. É algo que o pode ajudar a transcender-se”, junta David Ramos.