Sá Pinto pressionado: a origem da insatisfação e dois jogos para decidir o futuro
A receção ao Besiktas e, sobretudo, a visita de domingo a Guimarães vão ajudar a definir a situação do treinador. Exibições e maus resultados no campeonato na origem da insatisfação.
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Poucos minutos depois de ter terminado o jogo com o Famalicão, e ainda antes de Sá Pinto comparecer na sala de imprensa para fazer a análise à partida, António Salvador fez questão de se apresentar perante os jornalistas, pela primeira vez desde o início da época, para marcar uma posição relativamente ao futuro da equipa.
A mensagem do presidente arsenalista foi clara e serviu para alertar jogadores e, também, o treinador, que ficou com o lugar em risco depois de ter somado mais um mau resultado no campeonato. "Não podemos ter apenas 12 pontos em dez jogos. O próximo jogo com o Besiktas é decisivo para a passagem à fase seguinte da Liga Europa. Depois, queremos ir ganhar a Guimarães", assumiu Salvador.
Em poucas palavras, e de forma muito concreta, percebeu-se que a continuidade de Sá Pinto poderá estar dependente do sucesso do Braga nos próximos dois jogos, principalmente no dérbi de domingo com o V. Guimarães. A verdade é que o treinador percebeu a dimensão e o alcance da mensagem de António Salvador e também abriu a porta a uma eventual saída com um recado pelo meio. "Fico até ao dia em que me quiserem. Quando isso não acontecer, só terão de me dizer frontalmente", respondeu.
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Apesar da campanha quase perfeita na Liga Europa (seis vitórias em sete jogos), o trabalho de Sá Pinto tem ficado marcado negativamente pelos maus resultados no campeonato. Este é, de resto, o pior registo pontual do Braga neste século ao fim de dez jornadas - pior só mesmo na época de 1999/2000, quando Manuel Cajuda somou apenas quatro pontos ao fim de dez jogos. Para agravar a situação, os adeptos têm-se habituado a ver a equipa nos primeiros lugares do campeonato, sempre perto dos grandes, como foi o caso das duas últimas épocas, sob o comando de Abel Ferreira, quando o Braga atingiu esta fase do campeonato já com 21 pontos conquistados (mais nove do que atualmente).
Problemas estruturais
No entanto, não são apenas os maus resultados no campeonato que fazem António Salvador ponderar uma eventual mudança de treinador no curto/médio prazo. A questão é que a equipa tem revelado, desde o início da temporada, debilidades no processo defensivo que Sá Pinto tem sido incapaz de corrigir - basta constatar que o Braga só não sofreu golos em quatro dos 20 encontros já realizados, para além de ter uma média de 1,5 golos consentidos por jogo no campeonato. Mas há mais: o processo ofensivo em ataque organizado também é bastante limitado e a equipa tem vivido, quase exclusivamente, da inspiração individual de alguns elementos, com destaque para Ricardo Horta e Galeno. Para além disso, também não é difícil encontrar jogadores que estão a render bem menos do que em épocas anteriores (o contrário já é mais difícil), sobretudo porque se encontrarem inseridos num enquadramento tático que não os favorece - o caso dos pontas de lança é o mais significativo.
Por tudo isto, parece evidente que Sá Pinto (ainda?) não encaixou neste Braga e que poderá ter os dias contados à frente dos destinos da equipa no caso de voltar a tropeçar no dérbi do próximo fim de semana, até porque, em caso de derrota, os arsenalistas começam a perder definitivamente o contacto com os adversários diretos na luta por um lugar europeu.