Treinador do Benfica alongou-se sobre o tema da arbitragem na conferência de imprensa de antevisão ao duelo com o Paços de Ferreira e até o guarda-redes do FC Porto veio à baila.
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Rui Vitória fez um apelo ao "bom senso" esta sexta-feira, em conferência de imprensa, quando questionado sobre as recentes atuações das equipas de arbitragem e do videoárbitro (VAR) no futebol português. O treinador do Benfica considera que são necessárias "algumas medidas" quanto ao VAR e até deu o exemplo do guarda-redes do FC Porto, Iker Casillas, na final do Europeu de 2012, quando Espanha bateu Itália por 4-0.
"Nós somos um país teste de VAR. Há um ano atrás dizia-se que a decisão do árbitro é difícil quando tem de ser tomada numa fração de segundo. Agora há um árbitro que está metido numa casa, fechado, com 4 ou 5 ecrãs e com um assistente ao lado. Alguém compreende isso em casa? Refugiamo-nos no protocolo. Temos a casa a arder, os baldes e as mangueiras da água à disposição. E depois temos os extintores e apaga-se o fogo com os extintores? É preciso ter bom senso. Nunca mais me esqueço de uma final de Europeu [em 2012], em que há um guarda-redes que estava a ganhar por 4-0 e pediu respeito pelo adversário. Depois não houve compensação. Sabem de quem é que estou a falar? Do Casillas, do Jorge Sousa, que era árbitro de baliza e do Pedro Proença, que era o árbitro do jogo. É preciso ir mais vezes ao monitor, reunir os árbitros? Então vamos. Já chegam estas questões das dores de crescimento. É preciso tomar algumas medidas. A UEFA vai ficar muito contente quando dissermos que tivemos de mudar as estratégias porque o futebol estava a seguir determinados caminhos. Para o ano, os outros países vão apanhar o que aqui fizemos e nós é que continuamos aqui metidos. Andamos aqui todos no 'seja o que Deus quiser'. Esta reflexão é de alguém que está por dentro a viver o fenómeno. Já tenho algum crédito, porque estive em clubes para não descer, no Vitória, que luta pela Liga Europa e estou num clube grande. Sei o que custa um ponto, um golo. Se um ponta de lança falha um golo, prejudica-se a si e à equipa. O árbitro falha e prejudica-se a si e a muita gente à volta. A vida do árbitro é como a de guarda-redes, dá um frango e, a partir daí, o que importam as boas defesas?", questionou Rui Vitória, esta sexta-feira, prosseguindo, quando questionado sobre o alegado prejuízo do Benfica na presente edição do campeonato:
"Não é crítica a ninguém, estou a falar em termos de reflexão. Percebo o objetivo da pergunta, estão a induzir contéudo, mas não vou nesse conteúdo. Estou a falar como treinador que está aqui há muitos anos e pensa sobre isto. Se calhar, amanhã ou depois vou ser prejudicado, mas é fundamental que se reflita sobre isto, para termos um caminho mais abragente. Ouço falar tantas vezes falar do protocolo. A UEFA um dia vai dizer 'ó meus amigos, ajustem o protocolo, façam qualquer coisa, nós queremos é que vocês experimentem'. Quisemos ser uns iluminados e ser pioneiros... Em Itália, que também tem videoárbitro, o tempo médio, e estive agora no Fórum da UEFA, é de quase 58 minutos de tempo útil, o nosso é de 49 minutos. O videoárbitro não perde nenhum tempo, é uma falsa questão. Temos perdas nos pontapés de baliza, nas faltas, nos lançamentos, nos cartões, nos festejos dos golos. Se formos mais de um minuto lá ver, que o façamos. Se o Benfica é prejudicado não é agora o assunto", rematou.