Na carta de rescisão apresentada por Rui Patrício, o guarda-redes recorda também a forma "visivelmente exaltada" com que Bruno de Carvalho surgiu na reunião com plantel, a 7 de abril.
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Na carta de rescisão que apresentou, a que O JOGO teve acesso, Rui Patrício relata ao pormenor o que se terá passado na reunião que o plantel do Sporting teve com Bruno de Carvalho no dia 7 de abril, antes do jogo com o Paços de Ferreira, a contar para a I Liga.
O guarda-redes fala numa postura "visivelmente exaltada" do presidente leonino, revelando uma troca de palavras acesa entre o dirigente e William Carvalho.
"(...) Foi marcada uma reunião no estádio, na qual esteve o plantel, o treinador, o team manager André Geraldes e o presidente do Sporting, que estava visivelmente exaltado com "ar de ditador", alucinado e visivelmente tresloucado, tendo-me acusado e ao William de sermos os organizadores do protesto, por querermos sair do clube há algum tempo. (...) Inúmeras vezes, dirigindo-se a mim aos berros, afirmou: 'Pensas que estás a falar com quem?' E sempre que eu tentava referir que o que se devia discutir era o ataque do presidente ao grupo de trabalho, este reafirmava que os seus posts não tinham nada de mal. Chegando mesmo a afirmar: 'Vocês são uns meninos mimados, eu sou o presidente, eu faço o que quiser e escrevo o que quiser, onde quiser!', E, depois de uma troca de palavras com William Carvalho, em que discutiram o facto de o presidente estar a incentivar reações agressivas contra os jogadores, este afirmou que se lhe quisesse bater não precisava de chamar ninguém", alega Rui Patrício, que relata uma outra reunião no mesmo dia, mais tarde, em que Bruno de Carvalho se terá referido a Jorge Jesus como o "rei do clube".
"Chegaram ao auditório e encontraram o presidente mais calmo. No entanto, enquanto o plantel esperava um pedido de desculpas do presidente pela forma como tinha decorrido a reunião anterior e em especial pelos posts que o presidente tinha feito, este apenas queria saber porque é que os jogadores tinham colocado o post deles. E quando o William Carvalho tentou, em nome do grupo, transmitir ao presidente que não podia publicamente colocar em causa o profissionalismo da equipa e que era por esse motivo que os jogadores estavam magoados, este recusou-se a aceitar que os jogadores tivessem qualquer razão. E mesmo quando o treinador, Jorge Jesus, lhe disse: 'Você disse que vinha aqui para pedir desculpas...', o presidente respondeu que: 'pedir desculpas. Eu não fiz nada de mal...', vitimizando-se, dizendo que 'no final da época eu vou-me embora, vou para junto da minha família, nada mais importa, está aqui o rei' - referindo-se a Jorge Jesus - 'e eu vou-me embora, para junto da minha família que é o mais importante, que gosta de mim...' E antes de ir embora terminou dizendo: 'Vou tirar a suspensão, o mister pode convocar quem quiser, é o Rei do Clube, mas os processos vão continuar!'", pode ler-se na carta de Rui Patrício.