Rui Costa explicou época do Benfica: recorde tudo o que foi dito pelo presidente encarnado
Presidente do Benfica explica aos adeptos a temporada das águias
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Sobre Vila do Conde, não saiu com Roger Schmidt, não o expôs mais aos adeptos? "Roger Schmidt nunca saiu sozinho do estádio. Saiu acompanhado pelo diretor geral do futebol e nunca esteve sozinho neste processo. Muitos dizem que podia ter feito mais isto ou aquilo, mas ele dirá que nunca esteve sozinho a nível interno e nunca deixou de sentir o meu apoio. Não podemos pegar por coisas que não são dinâmicas do futebol. Não saiu sozinho, saiu com o diretor para o futebol e saí pouco tempo antes dele para sair sozinho antes dele, para que se houvesse alguma coisa ser eu a estar lá. Esse conflito interno não existe. Não está metido na situação de sentir-se sozinho ou não. Tenho a certeza absoluta que no regresso ele nunca se sentiu sozinho neste processo e sentiu apoio da estrutura do futebol comigo à cabeça."
Na perspetiva dos adeptos, se o vissem a si ao lado do treinador não era sinal de confiança? "E se a minha saída sozinho pudesse levar o foco para mim?" Eleições: "Em relação às eleições, tudo o que menos me preocupa neste momento são as eleições do Benfica, que são daqui a muito tempo. Não estou a pensar nem em mim nem a pensar no que pode acontecer nas eleições. O que meti na cabeça é dar o máximo até ultimo dia, será decidido por dois motivos, ou quando entenderem que não estou bem no lugar, quando não tiver a maioria dos sócios, como tive, ou que eu entenda que não tenho nada a dar para ajudar e aí sou eu que me levanto."
Teme ou espera que Luís Filipe Vieira possa querer ajuste de contas? Pode querer voltar mesmo não sendo ele a candidatar-se? "Não sou eu que decido. Não tenho de estar a responder a uma situação que não faz parte do meu ideal e do que penso para o futuro do Benfica. Quanto mais quem sejam candidatos ou quantos são. Acho bem que haja muitos candidatos, é sinal que a vida do Benfica está bem viva. Eu, a última coisa que quero pensar, porque tenho muito para pensar, são eleições e quem pode vir. Tenho máximo respeito pelo clube. Tenho essa minha ideia clara, assim como da responsabilidade de representar o clube pela confiança que os sócios depositaram em mim. Até lá é apetrechar as equipas não só do futebol, mas de todo o clube, para podermos conquistar títulos. A minha missão não passa por pensar nas eleições daqui a ano e meio, não sei como estaremos. Há muitos temas para serem resolvidos, essa minha é a incumbência."
Termina a explicação de Rui Costa aos adeptos. Recorde para trás tudo o que foi dito pelo presidente do Benfica.
"É com a auditoria um tema muito em voga. Os estatutos estão prontos para serem apresentados, caberá ao presidente da AG marcar uma Assembleia Geral. Já estão prontos e aprovados pela Direção. São para entrar em vigor nas próximas eleições. Fala-se de não estarem cá fora, o que me faz confusão. Há ano e meio não quisemos atrasar relativamente nada, quisemos fazer estatutos dignos do Benfica. Passou pela primeira comissão, à qual agradaram, passou à Direção, foi colocado à disposição de todos os sócios para o seu contributo, nunca houve estatutos tão perto dos sócios do Benfica. Não há nada para esconder. Se fosse político e não presidente que pensa unicamente no melhor para o clube, tínhamos feito as coisas muito mais à pressa e tinha apresentado no ano passado em que fomos campeões, passava muito melhor do que este ano em que tanto se falou de críticas. Tinha-os metido à pressa num ano muito mais fácil do que este ano. Não foi nada escondido e que possa levar os sócios a duvidarem do que quer que seja. Serão finalizados em muito breve tempo. Iremos para as próximas eleições com estatutos aprovados se assim os sócios o entenderem. Não há nada debaixo do tapete. Há também outro fator importante, tanto no processo dos estatutos como da auditoria, até por experiência de outros lados, nunca são dossiês oportunos para serem apresentados a meio da época. Iremos escolher o final da época, nunca são oportunos temas de grande discussão a meio da época. Têm influência. Escolhemos o período sem criar atrito com a equipa de futebol ou as modalidades."
Entrada na Liga dos Campeões: "Temos duas vias. Uma não depende de nós. Ontem perdemos uma via imediata [acontecia caso o Bayer Leverkusen ganhasse a Liga Europa]. Há uma segunda via, se a Atalanta ficar nos quatro primeiros lugares da Serie A. E há outra que depende só de nós. A única convicção que temos é a de estar na Liga dos Campeões. Se chegarmos à via que depende de nós, temos de fazer de tudo para lá estar. Nos últimos três anos chegámos três vezes aos quartos de final das competições europeias. Temos de recuar até 2015 para estar nos quartos de final da Liga dos Campeões. O objetivo é de estar sempre na Champions. Tudo faremos e é certo que estaremos lá."
Críticas: "Tenho de aceitar e respeitar. Espero que este ano seja mais estável. Claro que não é agradável, mas temos de aceitar, estou à frente do clube. Não tendo sido uma época positiva para o Benfica, não podemos transformar a época num caos total. Precisamos de estabilidade e maturidade. Temos muito trabalho pela frente, é nisso que me quero focar. Respeitando os adeptos, são os donos do clube. Aceito críticas porque nesta posição tenho de aceitar e fazer melhor."
Pensou em José Mourinho? Pode voltar? "Quem disser em qualquer clube do mundo que não pensa em planos B, C ou D é porque está a mentir. Mesmo com a minha convicção em Roger Schmidt, e não arredo pé, mesmo em situações positivas, mesmo no ano passado tinha plano B, C, D. Nunca falei com José Mourinho e ele falou disso. Nunca falei com Mourinho, nunca tivemos uma abordagem, a última vez que estive com ele foi numa circunstância pesada, no velório de Artur Jorge, não falámos como é óbvio de nenhum tema. Merece todo o respeito do mundo, ele disse que não existiu nenhuma conversa e eu confirmo isso. Tive planos A, B, C, D, E."
E plano M? "Não vou dizer a letra dele, porque se não tinha de dizer M de Mourinho, mas é sempre um treinador de elite, inegável que se pudesse pensar também. Mas nunca foi metido em questão, na minha cabeça sempre foi minha convicção que manter Roger Schmidt seria a melhor solução para o Benfica. Não para mim Rui Costa, mas pela estabilidade é o melhor benefício que podemos tirar e contrariar o historial do clube de anos mais recentes em que cada treinador que não é campeão nacional tem de sair logo. Já foi, não foi este ano. Tem tudo para poder fazer bem próximo ano. Sempre a minha ideia inicial."
Benfica tem capacidade para retenção de talento, o que está a ser feito? "Felizmente no espaço onde estamos temos criado do melhor talento que Portugal tem visto nos últimos anos. António Silva e João Neves são exemplo disso, atrás deles virão mais. Sabemos da qualidade Benfica Campus. Em relação a João e António, tem-se falado muito, mas até hoje nada de concreto para que haja preocupação. O mercado ainda não começou a mexer. Não é o Benfica que tem de vender jogadores, é qualquer clube português que tem de vender. Não há nenhum clube português que possa sobreviver sem vendas. O que pretendemos é encaixar o máximo possível financeiramente para que saiam o mínimo possível de jogadores. Assim irei continuar. Tudo faremos para não incumprir com fair-play financeiro, não irei colocar o clube em risco. Não sou louco, investi 100 milhões de euros, mas não sou louco para que o próximo que vier que feche a porta. Jamais farei isso ao meu clube. Vender sim, porque é necessário, mas sempre o mínimo possível. O suficiente para enfrentar a época, sem correr riscos de exercício e sem incumprir o fair-play financeiro."
Caso dos emails, com Paulo Gonçalves e outros empresários. Essas pessoas continuam a ter negócios com o Benfica? "Os negócios do Benfica são todos transparentes, o Benfica não tem de fazer julgamentos, os julgamentos estão a ser feitos. Todas as transferências são claras. Não permitirei que o Benfica volte a passar por situações que está a viver. Não sou eu que vou julgar os processos."
Não há risco de jogadores como Di María custem a afirmação a Rollheiser e Prestianni? Vontade do Benfica é que Renato Sanches regresse? "Não vou falar de coisas hipotéticas. Em relação ao Di María, uma das situações que nos leva a pensar que ainda é possível ficar com um jogador do nível do Di María é da simbiose que falava da qualidade dos jovens no plantel. Perdendo o Rafa temos de ter equilíbrio entre jovens e jogadores que possam ter qualidade e experiência e possam fazer crescer os mais jovens. O Di María, mais do que impedir o crescimento de outros, é ajudar ao crescimento de outros. Pode perfeitamente fazer esse papel."
Saídas no scouting: perante erros passados e saídas não há preocupação legítima dos benfiquistas? "É natural que tenham, sinal que vivem o clube. Quando digo que falhámos, não o critério, mas a adaptação. Não significa que esteja a acusar o scouting, treinador, Rui Pedro Braz, a acusar a mim próprio... Não há jogador a chegar ao Benfica que por fim não seja eu a carimbar. Tenho a maior admiração pelo scouting, o facto de saírem, até isso representa que até scouts são contratados. Houve porque se calhar é o Benfica. Fico feliz pelos scouts do Benfica, sinal que se mostrou interesse por algum motivo. Dito isto, os benfiquistas não devem ficar preocupados com o scouting, não saíram por incompetência nem fica vazio com as saídas. É gerido por Rui Pedro Braz, ele é que gere, são colmatadas as saídas internamente. Se há bom trabalho na vasta equipa de scouting é que quem está em baixo está sempre pronto. É uma equipa vasta e bem preparada. Desejo a maior felicidade ao Pedro, chief scout, alguma coisa o Benfica está a fazer bem."
Gostaria que Di María ficasse? Que futuro vê para Álvaro Carreras? "Está confirmado. Estamos a exercer a opção, está confirmado. É mais um talento que temos com muita experiência, uma carreira muito digna."
E sobre Leandro Barreiro? "É jogador do Benfica. Confirmado. Leandro é um médio muito rotativo, muito dinâmico, vem preencher um espaço no meio-campo que nos faltava, é mais uma solução, com rotatividade muito grande, capacidade física e qualidade técnica para o Benfica. Temos esperança que seja um grande elemento na próxima temporada. O Álvaro será jogador do Benfica. De Di María temos alguma esperança que possa continuar. É verdade que tem a idade que tem, não se pode pedir que seja jogador de sprints, mas tem qualidade inegável, os números falam por si, é titular da seleção campeã do mundo. Temos esperança que fique mais um ano."
Para quando o resultado da auditoria prometida? "Está concluída."
Não é importante ser revelada? "Ah, claramente."
Se o Ministério Público fizer acusação ao presidente do Benfica, qual a sua posição? Demite-se? "Em relação à auditoria, está finalizada, demorou muito mais do que tínhamos esperança inicialmente, porque foram analisados 51 contratos que faziam parte do Cartão Vermelho, todos os que foram levados na Operação. Finalmente está concluída. Já apresentada à administração e será apresentada aos sócios do clube como prometido e devido. Em relação ao processo atual, tudo o que está neste processo ao qual fui chamado não está na auditoria, mas mandámos abrir uma nova sobre contratos que possam estar neste processo. Não estavam na outra porque não faziam parte do processo Cartão Vermelho, mas assim que fui depor mandámos abrir nova auditoria sobre estes casos. A última coisa que quero é que não se saiba. Prestei todos os esclarecimentos que me pediram. Desconheço por completo qualquer plano que visasse o Benfica, não faria qualquer sentido continuar no Benfica e estar nesta cadeira. Não caí de paraquedas. Sirvo o Benfica desde os oito anos. Tenho consciência completamente tranquila. Sei muito bem o que faço, o que faço na vida, o que não permito é que se mexa com a minha honra, lealdade com este clube. Não meto quadro nenhum este momento, porque não quero aceitar por tudo o que sou. Posso ter 1001 defeitos e errar em muita coisa, mas magoa-me pensar-se que seja desleal para este clube. Não meto cenários porque não quero interferir com o processo. Qualquer situação que diga pode interferir. Quero que se desenrole e que se chegue a conclusões. Não quero que algo dito por mim possa interferir. Tenho a consciência tranquila, a lealdade para com o clube e sei o homem que sou. Toca-me pessoalmente, não permito que coloquem a minha lealdade e idoneidade em causa."
Treinador também ultrapassou limites quando os aconselhou adeptos a ficarem em casa se não apoiassem? E até o episódio no último jogo... Falou com ele? Podia ser diferente? "Falámos sempre a cada situação e analisámos a situação. Custou muito o Farense em casa, custou-lhe muito. Extrapolou-se demasiado até ao ponto da contestação. Não vou esconder. Custou-lhe muito aceitar isso. Temos de respeitar também, foi a pessoa que levou com a garrafa, ultrapassa os limites. Temos pessoas que são profissionais, mas são humanos, pode haver momento de excesso, como foi esse caso."
Vai começar nova época, garante que vai continuar? Se a época não começar bem, o ambiente vai escalar? "Seria mais populista, fácil e ágil mudar. Na minha opinião, não traz benefícios ao clube começar tudo do zero outra vez. Digo isto porque o treinador já nos mostrou qualidade, não é que tenha chegado a Portugal e não tenha feito nada. Há um ano foi endeusado, é porque fez algo bem. Dá garantia que pode fazer de novo. Podem descambar? Não tenho a menor dúvida que se troco de treinador e as coisas não correm bem de princípio, que eu seria o primeiro a ser julgado por tirar um e meter um pior. A decisão tomada é unicamente no que acredito que seja o melhor para o Benfica. Acredito que sócios e adeptos vão partir para a época de forma positiva, com crença que vamos lutar por títulos e união, que temos de ter todos. É assim que o Benfica é o maior clube, é quando estamos todos juntos. Conheço isso desde campo até à bancada, que quando a família está unida é muito mais difícil para o adversário entrar em nós. É o que sonho e quero. Tomada de decisão é em prol disso. Se o ambiente é assim e o treinador continua, vai pior. Nada me garante que outro treinador vá melhorar, acredito no treinador e há um ano foi endeusado. Temos de preparar a época de forma diferente, melhor, dando todas as condições para lutar por títulos com os adeptos.
A forma de o treinador comunicar com os adeptos: "Não digo que temos de mandar tudo para trás das costas nem para baixo do tapete. Vamos começar a temporada do zero. É necessário e mais que exigente que comecemos a época com bom espírito e convicção de lutar por títulos, iremos estar melhor que este ano. Temos de acreditar porque a realidade, é que quem trabalha com Roger Schmidt, jogadores, é muito crente no que digo. Não tomava decisão se não percebesse que a equipa está com ele, a estrutura está com ele e que percebo as exigências do clube e o que funciona melhor. Muito depressa esquecemo-nos do que foi bem feito e apontamos para o que não foi bem feito. As provas e formas como trabalhou e trabalha dão-me garantias de qualidade, de estar envolvido no projeto do clube, caso contrário víamos António Silva e João Neves passarem aqui. Não tem medo de apostar nos nossos jogadores. Toda esta conjuntura faz-me acreditar que temos a pessoa certa. Vai fazer-nos voltar a ter esse sorriso."
Manter Rafa foi um objetivo? "Sim, era. Claramente. Fizemos tudo o possível para manter, como Grimaldo. Jogadores de rendimento e peso altíssimo, seria descabido se não tivéssemos feito tudo para manter os dois. Agora, o nosso máximo respeitamos que possa não ser o suficiente para idade, altura e disposição deles e da carreira para procurarem outras soluções, com mais ou menos dinheiro, para cada jogador decidir. Se o tudo não é suficiente o que podemos fazer é respeitar e agradecer. No ano passado havia decisão do Rafa se ficava ou não. Acabámos por não continuar, respeitando o que deu ao Benfica e que neste momento foi mais importante. Desejar as maiores felicidades."
Tenciona recandidatar-se? Olha para Roger Schmidt como o Sporting olha para Rúben Amorim? Tem condições para ser o seu Rúben Amorim? "Não quero que seja o meu Rúben Amorim, quero que seja o treinador do Benfica de sucesso, não é ser o meu treinador, eu não sou o clube, sou o presidente, e tenho de tomar decisões que considero serem as melhores. Posso estar errado e tomarei decisões erradas. As eleições são o que menos me preocupa. Ponto 1, as eleições são em outubro de 2025. Ponto 2, estarei na cadeira até considerar que posso ajudar o clube e não agarrado à cadeira à qual nunca me agarrei. Serei sempre o primeiro se não conseguir ajudar o clube... a única coisa é que a pessoa que se sente a seguir seja a melhor para levar o clube a festejar. E festejarei. Ainda há muito a fazer. Só levantarei a mão se considerar que não conseguirei ajudar o clube. Os sócios podem estar aliviados, não estou preso a nada aqui dentro a não ser o amor pelo clube."
Gyokeres esteve sinalizado? "Tenho muito para falar do Benfica e pautamos por falarmos de nós e não dos outros. Falar dos avançados do Sporting para comparar com os do Benfica. Esteve sinalizado? Sinalizados no scouting do Benfica estão centenas de jogadores, resta saber se naquele momento precisamos de um jogador ou não. Nunca atacámos porque não tínhamos necessidade. Tínhamos Gonçalo Ramos. Se calhar se formos aos armários do scouting tinham Messi referenciado quando estava na equipa B do Barcelona. Muitas vezes fala-se como um erro brutal, mas não precisávamos de um avançado, tínhamos Gonçalo Ramos. Há muitos jogadores referenciados que não chegam ao Benfica e vão para outros clubes."
André Villas-Boas traz um nova ordem para o futebol português? "Esperamos que sim. Permitam-me que fale do Benfica. Como sabem não temos relações institucionais com o FC Porto."
Falta de eficácia significa contratar mais avançados? "É evidente que um dos pecados mortais da equipa foi a concretização global dos avançados, chegou Arthur Cabral, e considero que tem muita qualidade, mas que não foi igual ao que conhecemos e pode fazer mais. Não é normal um ponta de lança do Benfica não ultrapassar os dez golos, e também foi um problema. E daí as rotações à procura da melhor solução quer para golos, quer para se inserir com a equipa. Não por ausência clara do jogador, mas muitas vezes por adaptações. Darwin no primeiro ano não foi tão produtivo. Quando partiu para a época havia muitas dúvidas se estava pronto ou não. Há uma exigência muito grande ao jogar neste clube. Há posições muito críticas neste clube. Essa é uma delas. Uma que tivemos este ano foi a da nossa estrutura atacante, chegámos a ter quatro com Musa. Foi uma lacuna, que prejudica o resultado global do que são os objetivos para a época."
Saídas? "Não estou em condições de dizer quem sai ou não, a equipa será reforçada meticulosamente para ser mais forte do que este ano. Todos os jogadores estão no mercado, jogar com esta camisola oferece mercado, temos muitos jogadores com mercado. Resta saber se nos interessa ou não."
Quem vai ter de sair para atacar o mercado? "Apesar da total disponibilidade para responder a tudo o que perguntam, não mandamos no mercado. Temos ideias do que queremos atacar, só agora o mercado vai começar a funcionar. Só com o mercado internacional a funcionar vamos perceber. Já temos alvos. Sobre quem sai, vai depender muito do mercado e das ofertas num ano atípico, porque há o Europeu, com muitos clubes que esperam pelo Europeu para tomarem decisões. Não será o nosso caso, há alvos já definidos, iremos atacar assim que pudermos. As mexidas, esperamos que não sejam muitas, mas vai haver."
Discrepância nos reforços entre jogadores e ideias do treinador: "Em relação ao mercado, assumo a responsabilidade, não deixa de ser verdade que não há nenhum jogador que chegue ao Benfica e não passe por todas as áreas, scouting, eu, treinador, que não tenha essa análise global e completa. Dito isto, mais do que o perfil do jogador indicado para, não podemos esquecer que os treinadores têm filosofias, mas não significa que não possam alterar. Onde Roger Schmidt mostrou muita qualidade foi no PSV que eliminámos, tinha características de jogadores completamente diferentes no título do Benfica. Tinha dois alas mais abertos, aqui mais interiores, pontas de lança não tinham as características do Gonçalo Rramos. Tenta-se escolher sempre perfil de qualidade, mas não significa que tem de vir um exatamente igual. Estratégia de Jurásek era ser jogador mais à imagem de Bah do que Grimaldo, para dar mais liberdade ofensiva aos jogadores mais ofensivos do plantel. Não significa que quem entra tenha as mesmas características de quem sai. Em muitos casos ela não aconteceu.
Novidades sobre Di María? "Di María assinou por um ano, o que vou dizer não o vai chatear, tinha pensado acabar na Europa onde começou e acabar depois na Argentina. Por razões públicas a posição da Argentina pode já não estar tão delineada quanto isso. Para a semana vamos ter uma reunião com representante de Di María para perceber se pode ficar mais um ano ou não. No princípio da próxima semana irá haver uma reunião decisiva para isso."
Falou em erros. Benfica gastou 100 M€. Há abertura para um investimento semelhante? "O Benfica investiu 100 milhões de euros, mas não é para meses, não mandou ativos para a rua. Os ativos estão todos cá, o Benfica não mandou 100 M€ à rua. A prioridade será sempre desportiva, quando se investe é a pensar nos resultados desportivos, alterou dinâmica do futebol profissional, o Benfica hoje tem jogadores e ativos abaixo dos 23 anos que são mais-valias futuras, desportivas e financeiras para mais tarde se vender. Parte já vem do mercado de janeiro, o que fizemos foi antecipar o mercado com jogadores que acreditamos que serão grandes mais-valias futuras, como Marcos Leonardo, que é preciso dar tempo, mas vai impor-se. Não avaliar só que se gastou 100 M€, é facto que para o exterior investiu-se 100 M€ e não se ganhou, mas não para meses. São ativos, muitos que não deram resultado imediato, mas não tenho dúvidas que serão garantia para o futuro. O Benfica não vai investir todos os anos 100 milhões de euros. Fizemos uma remodelação completa em dois anos do que eram os ativos do Benfica, passando de 60 e tal ativos para agora não passarem dos 40. Procurando, desse modo, criar um núcleo de jogadores protegidos por alguns mais experientes: Otamendi, Rafa, Di María, João Mário, Aursnes. E criar um núcleo de ativos válidos desportivamente, jovens de grande valor que possam ser uma mais-valia desportiva e, só mais tarde, financeiramente. Se fizerem a análise e a média de idades, percebem que a remodelação teve sentido. 100 milhões: percebo o adepto e o jornalista quando referem que 100 milhões de euros é para ganhar tudo. Mas muitos são de futuro. O que pretendemos foi antecipar o mercado de jogadores, que, se não atacarmos agora, mais tarde nunca mais os podemos ter."
Sobre Vlachodimos: "Tenho o maior respeito e ligação a ele, merece todo o maior respeito. O impacto que teve, e vai ao encontro da pessoa do Roger Schmidt, ele acaba por sair prejudicado por algo sobre o qual não tem responsabilidade. O Odysseas percebe que não vai jogar e não fica agradado, pede para não ir para o banco, estando num mês de mercado em quer clube e em que já se estava a procurar uma situação vantajosa. Mas não de necessidade extrema. Porque a ideia era ficar Trubin, Odysseas e Samuel Soares. Para eliminar um problema que viesse a ser criado mais à frente, decidimos que, havendo oferta, o melhor era aproveitar a oportunidade e sair."
Polémica com Kokçu: "De Kokçu, quando se fala que é 10, tanto joga a 8 como 10. Naquele momento, independentemente da entrevista, não era ali que estavam as lacunas, tivemos variadíssimas opções boas e válidas. No meio-campo a determinada altura Roger Sschmidt encaixa Florentino e João Neves e funcionou, Rafa funcionava, jogava quem estava melhor e isso cabe ao treinador."
Di María contestou substituição: "Di María ter saído... tudo o que é Benfica é mais empolado. Não será o primeiro nem último que numa substituição sai ofendido, eu próprio. Isso não implica que tenha consequências futuras, nenhum treinador fica limitado. Não é bonito de se ver, mas não traz nem trouxe consequências futuras. Nem foi tema. Em relação à comunicação social, faço um parênteses. Não digo que esteja errado, mas de qualquer forma, se olharmos para a comunicação social, posso dar um caso flagrante: quantos treinadores estrangeiros passaram por Portugal e não falavam português e foram condenados por isso? Houve boicote até da Imprensa a Roger Schmidt, não é bonito também que por ser do Benfica exijam, tem de ser ao extremo. Até por isso passou. Não concordo minimamente. Se adeptos gostariam de treinador a falar português, é natural. Nunca houve em Portugal guerra tão tremenda porque o treinador não falava português."
Episódios fragilizam? "Tem a plena consciência, são conversas internas e já conhece o clube, em que qualquer época que não é campeão, não é boa época. O que quis dizer ao expressar-se é o que digo é que não é boa época ganhar Supertaça, mas não façamos desta a pior época de sempre, é o que está no ar e não é a realidade. Época não foi positiva, de todo. Não se transforme a época na maior catástrofe, porque não é a realidade. Vindo de fora, na opinião dele, não está feliz, mas não se pode transformar na maior catástrofe."
No final de época houve divisão com os adeptos. Contestação até ao treinador e presidente. Como se resolve? "Acredito que foi um ano de grande frustração pelas expectativas bem altas, por sermos campeões e expectativas bem altas, começámos a ganhar a Supertaça, com reforços que levavam a pensar numa época mais vitoriosa que no ano anterior. Houve uma frustração grande dos adeptos, dentro da exigência do Benfica. Houve exibições que não agradaram e satisfizeram, elevaram a crítica, respeito a crítica e a contestação. Mau era se assim não fosse. Evidente que quem está dentro do campo, treinador e sócios o que mais pretende é que o clube esteja unido. Na parte final quando o título era uma miragem, a desilusão de sair nos quartos de final da Liga Europa, também aconteceu, temos de aceitar que tenham contestado e criticado. Vamos partir para uma época nova, de certeza que não há nenhum benfiquista que não queira conquistar o título. É a minha convicção. Só juntos podemos conquistar. Houve episódios que não foram bonitos, aceito contestações, acredito que haja limite e não beneficia ninguém, sobretudo quem está dentro de campo, não é nesse clima que se consegue expressar da melhor forma."
Subaproveitamento de Kokçu? "Gosto mais ainda dele hoje do que há um ano quando o vi. Tem características fantásticas, uma qualidade fantástica, não se conseguiu expressar. Todos consideram que é de um nível elevadíssimo. Dinamismo da equipa não beneficiou as suas principais características, mas faz parte. Também houve o aparecimento de um miúdo que se afirmou de forma clara, o João Neves, que numa circunstância de construção de equipa não conseguimos meter 14 em campo. Estamos perante um jogador de enormes qualidades, futuro brilhante, tem carácter, qualidade, é um ativo do Benfica no qual tenho orgulho."
Que deficiências detetaram? O que há a melhorar e como? "Se considerássemos que a resposta da época foi inteiramente da responsabilidade de Roger Schmidt, talvez a situação fosse outra. Não tivemos o mesmo acerto em termos de 'input' que demos à equipa, não conseguimkos ter o mesmo sucesso, sobretudo imediato. Desde a primeira jornada, na época passada, o Roger Schmidt acertou o onze e foi andando a época toda. Este ano houve problemas e foi mudando. Aqui considero que a não é culpa do Roger Schmidt, houve coisas que não correram bem, não acertámos. Eu, como presidente, assumo a responsabilidade. Resta criar as mesmas condições de há um ano. Trabalhar de corpo e alma. Foram anunciando clubes que o podiam pretender. De forma muito honesta, se o próprio não considerasse que podia fazer o trabalho, acredito que ia assumir isso. Para quem trabalha e convive diariamente, pela paixão e entrega pelo clube, pelo trabalho e pelo que testemunhámos dos jogadores para com ele, acreditamos plenamente que terá todas as condições para fazer um bom trabalho. O que aconteceu há um ano, quando desconhecia os jogadores, e tendo feito o trabalho que fez, não pode ser obra do acaso. Conhecemos perfeitamente a qualidade. Para dar estabilidade aos clube e à equipa, o Benfica não pode constantemente, assim que não ganhe um campeonato, mudar tudo. Mudando treinador, jogadores, e não criando estabilidade para atacar títulos... Tem sido assim o historial. Acredito que o Benfica pode ter sucesso. E não significa que seja ad eternum. Coom tudo o que foi feito nestes dois anos, com remodelação... temos de proporcionar ao treinador o que não teve em mãos e teve de improvisar. É raro o treinador que está num clube e prefere ser prejudicado, dar a cara ele, em vez de atacar o clube. Completamente inserido no clube, máxima vontade de fazer o que não foi feito. Houve muitas lacunas, desde logo em termos de mercado. Não conseguimos ter o mesmo impacto de há um ano. No ano do título chegaram e jogaram, não quer dizer que os que chegaram não têm qualidade, mas tem a ver com a adaptação. Não teve o mesmo impacto que no ano passado e isso foi prejudicial. Nomeadamente os laterais. Acabámos por não conseguir colmatar a saída do Grimaldo, que foi muito importante no ano passado. Em várias posições oscilámos. Não passou unicamente por Roger Schmidt a ausência de títulos ou a época menos conseguida. É essa a minha crença. Seria muito fácil e populista mudar de treinador e preparar uma nova era. Mas pergunto também em relação ao nosso público. Se da exigência, desde o campo à bancada, de representar o Benfica. Se a época não corre bem, há constestação, é natural e compreensível. A troca de treinador é mais fácil, mas e se o próximo treinador viesse e as coisas não corressem bem? Alterava alguma coisa na exigência? Acredito que não. Não podemos mudar sempre os projetos e começar do zero. Não correu tão bem, iremos emendar os erros e vamos aparecer muito mais fortes e candidatos ao título com este treinador."
Momentos conturbados. Houve conversas por isso? Que garantias dá? "Garantias que dá é o que conheço do trabalho dele. Esta equipa não teve o equilíbrio de há dois anos. Uma diferença grande, basta olhar para há duas épocas, até que momento da época utilizou mais ou menos a mesma equipa. Isso não nasce do acaso, nasce do trabalho e conhecimento do jogadores. Este ano não conseguimos muito tempo manter a bitola que esperávamos. Falei dos laterais e porque não mais? Partimos para a época com dois laterais esquerdos e um lateral direito. Partimos para esta época só com um lateral direito e um joker, a posição do Aursnes é de joker, mais do que tudo joga bem em qualquer posição. Tivemos um problema de adaptação imediata de Jurásek, percebemos que estava a demorar a adaptar-se à responsabilidade de jogar no Benfica, mas fomos buscar um jogador completamente credenciado, Bernat. Chegou sim com um problema em fase final de recuperação, foi extremamente avaliado, recuperação de problema muscular. Nunca tivemos Bernat. Chega com 5 anos Bayern, PSG, chega com mais cartel do que o Grimaldo que saiu do Benfica. Uma razão de não ir à seleção era Bernat. Não tendo Bernat quase o ano inteiro, foi fustigado com lesões raras na carreira, não teve lesões no passado. Teve lesão a que foi operado. A determinada altura sem lateral esquerdo, porque Jurásek, sem rendimento esperado, sem Bernat, e por ironia do destino Bah fez meio campeonato. São um número muito reduzido jogos para a titularidade de um jogador. Deu o caso de estarmos grande parte da época sem os dois laterais. Roger Schmidt teve de improvisar. Erro crasso e assumido e que teremos de corrigir. Isso impediu que rotinas bem vincadas do ano anterior... foi quase mexer constantemente na equipa para dar equilíbrio ao que foi acontecendo ao longo do ano e das falhas do início. Se calhar tínhamos de ter feito mais. Pela minha parte, obrigámos o nosso treinador a ter de improvisar e até a ser contestado por isso, sem ter responsabilidade de ser médico, jogador e algo mais. Não posso considerar Roger Schmidt bode expiatório, não foi só questão técnica, foram várias."
Se Schmidt saísse a custo zero, manteria na mesma? "Não quero colocar situações não colocáveis. Muito se fala do contrato, que Benfica não troca [de treinador] pelo contrato. Acredito que se eu quisesse trocar de treinador não estaria na cabeça dele cobrar os dois anos de contrato. Numa conversa franca que tivemos, a vontade dele é expressa, grande dinamismo para época correr melhor, rejeitou muita coisa para ficar neste clube. Acredita plenamente que pode voltar a fazer o que fez há um ano atrás. Custo zero? Nem se colocou essa questão."
"Acho que estão reunidas as condições para Roger Schmidt continuar a ser treinador do Benfica. Nunca houve da nossa parte notícia contrária a isso. Se não entendesse [que estão reunidas as condições], a minha decisão seria outra. Seria mais fácil e populista, mas acredito na estabilidade do projeto, é um treinador que já deu mais do que provas da sua qualidade. O que foi feito na época passada não pode ser obra do acaso. Este ano houve coisas que não desejávamos e foi uma temporada aquém das expectativas iniciais, mas não faço nem nunca farei do treinador o bode expiatório. Terá responsabilidades, como evidente, mas não é o único. Criar condições internas para o mesmo trabalho de há um ano atrás. Com ele tenho a máxima convicção que vamos conquistar títulos no próximo ano. Estamos a trabalhar com ele há muito para fazer o que não foi feito e entrar com o positivismo de há um ano atrás."
Num formato diferente do habitual, Rui Costa coloca esta quinta-feira uma pedra na temporada, mas com explicações sobre tudo o que a influenciou. O presidente do Benfica foi questionado por vários diretores de órgãos de comunicação social, numa entrevista que será transmitida pela BTV, sem filtros e com muitos temas incontornáveis que influenciaram a época benfiquista.
A necessidade de venda de ativos, sobretudo da formação - como os muito cobiçados António Silva e João Neves - estarão também na ementa de questões a Rui Costa, bem como as perspetivas de aposta no reforço do plantel, nomeadamente tendo como base a capacidade ou não do Benfica em alocar mais milhões para assegurar esse objetivo. Como tema acessório, há ainda a área da prospeção, que tem perdido elementos nos últimos meses em explicação da parte do clube ou dos próprios para esta separação.
A construção do plantel, os flops da temporada - Schmidt criticou muitas vezes a falta de eficácia e no tridente da frente foram gastos 38 milhões de euros em Arthur Cabral e Marcos Leonardo -, a saída a custo zero de Rafa - como havia acontecido com Grimaldo - e a continuidade de Di María, que foi de férias sem dar novidades sobre o seu futuro, não ficarão de fora desta conversa, bem como o assumir das responsabilidades por uma sem a conquista do título apesar do investimento acima de 100 milhões de euros, ao nível do somatório dos gastos de Sporting e FC Porto.
A continuidade de Roger Schmidt à frente do plantel para 2024/25 será tema central. Mesmo tendo mais dois anos de contrato, a conquista de apenas um título, a Supertaça, e o futebol praticado geraram contestação junto de uma franja de adeptos benfiquistas, que passou a contestação e teve ainda episódios quentes, com uma agressão ao treinador com uma garrafa, em Faro. Rui Costa prepara-se para confirmar que não abdica do alemão, por defender uma política de continuidade do seu projeto, além de recusar o pagamento de indemnizações a treinadores.