Declarações de Rui Borges, treinador do Vitória de Guimarães, em antevisão ao jogo com a União de Leiria, a contar para a quarta eliminatória da Taça de Portugal.
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Pausa nas competições: "Foram semanas importantes. Não para acalmar, mas para termos semanas pelo menos um pouco normais. É difícil nós mantermos tanto tempo e tantos jogos seguidos no mesmo nível. Vamos perdendo alguns estímulos que precisamos de forma individual e coletiva. Porque os treinos nos últimos dois meses são recuperação atrás de recuperação. Falámos de coisas estratégicas, é certo, mas muito pausado e acabamos por não dar estímulos que gostámos e queremos para sermos uma equipa ainda mais competitiva, mais intensa nesse sentido. E vamos perdendo algum estímulo. A nossa equipa de forma individual não é uma equipa muito agressiva no sentido de duelos. Temos que pegar esses estímulos e vamos perdendo, porque há muitos meses que não treinámos, ao fim ao cabo, por esse acumular de jogos. Por isso, a pausa foi importante nesse sentido, para voltarmos a termos semanas normais, a ter estímulos que precisamos, que foram importantes lá atrás, no início da época, para começarmos tão bem o início da época. Foram semanas muito importantes também para descansar em termos mentais, para um novo ciclo intenso que virá novamente."
Que dificuldades espera do desafio: "Trabalhámos no que controlamos da nossa equipa. Porque é difícil analisar a União de Leiria pela questão da mudança de treinador, analisámos de forma individual, é certo. Mas em termos coletivos, jogamos um bocadinho às escuras. Claro que fazemos um trabalho na pesquisa e observação na forma de trabalhar do treinador Silas, mas já teve várias ideias de jogo em equipas que trabalhou. Por isso, um bocadinho às escuras na estratégia do adversário. Vamos ter perceber rapidamente, numa fase inicial do jogo, de que forma é que poderemos nos superiorizar perante o adversário. Por isso, em termos estratégicos, o jogo vai difícil para nós nesse sentido, porque não sabemos muito bem o que vai aparecer daquele lado, em termos de ideia de jogo, principalmente até estrutura, de equipa. É um bocado difícil. No resto, é focarmo-nos no que controlamos, no que queremos fazer, no que podemos fazer. Queremos muito seguir em frente. Sabemos que, quando há uma mudança de treinador, o chip muda totalmente. Vai haver uma equipa que vai ter uma entrega enorme ao jogo, para além da qualidade individual e coletiva. Vão-se focar imenso na parte competitiva do jogo. Vão-se entregar ao jogo de forma muito grande, muito intensa. Há essa mudança, há essa mudança de chip, há essa querer mostrar, há a vontade de mudar os últimos resultados da União de Leiria. Por isso, há uma mudança total do comportamento individual e coletivo da equipa. Por isso, vai nos esperar um jogo difícil, é certo. E se não tivermos a humildade suficiente para respeitar o adversário, vamos ter muitos problemas."
Ausência de Tiago Silva: "Em relação à expulsão, não vou estar aqui... Não é normal, e claro que o Tiago, mais do que ninguém, sabe e tem noção de que não poderia ter reagido tão a quente no final do jogo. Mas é normal, é o cansaço mental da equipa. Diante do Santa Clara houve mais cansaço mental do que físico. E o jogo foi condicionado desde o início, por isso é que cheguei ao fim, e sem tirar mérito ao adversário, que foi a equipa que nos criou mais problemas, até agora, em termos ofensivos, disse que tinha sido um jogo pobre das três equipas. O árbitro, desde o início, e não perdemos pelo árbitro, atenção... Para uma equipa que foi mentalmente cansada, é difícil entrar naquele ritmo de jogo que foi desde o início. Sempre a apitar, sempre faltinhas contra o Vitória. Foi um acumular de coisas que mentalmente desgasta o jogador e é normal que chegue ao fim e que perca o discernimento. Pedimos muito para termos esse equilíbrio, porque eu sabia que o cansaço era mais mental do que físico. Mas é o que é. Independente disso, abre baga para o outro e estamos focados na União de Leiria. É certo que o Tiago tem sido um jogador muito importante, tem feito uma grande época até agora, mas vamos ser competitivos da mesma forma."
Se Bica pode ter uma oportunidade: "As oportunidades... eu não olho por ser taça. Para dizer a verdade, os jogos da Taça são os que me deixam mais stressado. Porque se já estive daquele lado, comecei lá. Como jogador, como treinador. E sei bem como as equipas se tentam superiorizar às equipas de escalões superiores. Por isso, sei que são jogos muito difíceis, muito competitivos. As oportunidades surgem por aquilo que trabalham. O Bica é um miúdo que conheço melhor do que ninguém. Começou comigo no Mirandela, com sete anos. E eu com sete anos fui buscá-lo para jogar com os sub-10. Porque ele já era, de alguma forma, diferenciado. Tem crescido imenso, tem tido a capacidade de perceber no que tem que melhorar e crescer. Tem crescido imenso. Tem trabalhado imenso. Está claramente a trabalhar para ter a sua oportunidade. Vai tê-la. Não sei se é na taça ou não. Mas vai tê-la. Tem trabalhado para isso. Não tem baixado o foco, independentemente de não estar a jogar muito. É um miúdo que, pessoalmente, perspetivo que será o futuro do Vitória. Não tenho qualquer dúvida disso."
Regresso de Jorge Fernandes e Villanueva: "Voltaram a treinar normalmente. Fico contente. Os jogadores também. Têm feito uma boa época, apesar de tudo. O Jorge estava num início muito bom. Teve infelicidade. Mas voltou novamente como um cavalo. Está integrado e à espera pela oportunidade de poder contribuir para a equipa."