Encontro frente aos guerreiros do Minho pode não só ser importante para as contas do título, como também será marcante para o técnico, que com 43 anos atinge as três centenas como treinador.
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O encontro diante do Braga é importante não apenas para as contas dos leões na luta pelo bicampeonato, como também na carreira de Rui Borges. O treinador de 43 anos vai somar, em Alvalade, diante dos minhotos, o jogo 300 da carreira enquanto técnico, percurso esse que começou há sete temporadas. Com tanta vontade de apresentar e implementar as ideias em que acredita nas equipas por onde passa como de colocar Mirandela, cidade de onde é natural, no mapa, o treinador subiu a pulso na carreira após ter dado os primeiros passos em Trás-os-Montes até chegar à I Liga. Pouco tempo depois de ter chegado ao escalão principal, assumiu o Sporting esta temporada, muito graças aos bons percursos no Moreirense, pelo qual bateu o recorde de pontos, e Vitória de Guimarães, clube pelo qual começou esta temporada e conseguiu um percurso histórico na Liga Conferência, sem qualquer derrota.
O sucesso veio para ficar e Jorge Fernandes, que trabalhou com o treinador no início da temporada nos conquistadores, realça o espírito de equipa que Rui Borges consegue implementar por onde passa. “A equipa técnica é exímia e competente. Uma das grandes capacidades que Rui Borges tem é o facto de ele reparar praticamente em tudo no nosso dia a dia. Percebe se estamos chateados. Se estamos com algum problema, deteta. Repara nos nossos hábitos e dinâmicas, mesmo nas nossas expressões. É uma pessoa atenta tanto dentro como fora de campo. E permite que dê uma ajuda fora do normal. Em relação ao jogo, tem ideias muito vincadas e é fiel no que acredita”, diz a O JOGO.
Defensor de que um treinador não faz nada sozinho, Rui Borges gosta de ouvir e de deixar os jogadores confortáveis para tirar o melhor rendimento deles, não apenas numa posição. Ainda que tenha ideias bem vincadas e princípios dos quais não abdica, os jogadores são parte importante do trabalho do técnico, que faz questão de pedir opiniões, até de forma individual: “Depois dos jogos, fazíamos sempre uma análise da nossa exibição e, numa parte inicial da reunião, pedia opinião a quem quisesse falar ou aos capitães para fazer a análise ao jogo, para ver se ia de encontro à opinião dele. Fazíamos um ponto de situação do que foi o jogo. No dia anterior, a análise era feita por ele e falava individualmente com jogadores para destacar alguma coisa importante do jogo e pedir opinião. Acima de tudo, metia o jogador à vontade, queria que ele se sentisse bem a fazer o que ele acredita. Tem a sensibilidade de ouvir o nosso lado. O treinador que foi jogador tem sempre uma capacidade diferente de lidar com as coisas, já esteve do nosso lado e acaba ser mais fácil perceber as atitudes que temos. Dessa forma, é mais fácil para ele, passar uma mensagem e ajudar o jogador”.
Na liderança do campeonato e já depois de ter perdido a final da Taça da Liga, o bicampeonato é o grande objetivo do técnico e Jorge Fernandes, atualmente no Al-Fateh, da Arábia Saudita, acredita que Rui Borges possa conquistar o título já esta época, perante o trabalho que tem feito nos leões mesmo com o grande número de lesões. “Estando numa equipa como o Sporting, é legitimo que achem que vai ser campeão. Ainda há muito trabalho para fazer e ele, bem como a equipa técnica, sabem disso, a época já vai longa. Acredito que já tenha feito mais de 50 jogos, falta um esforço final e acredito que é esse o foco que ele tem este momento, o de se sagrar campeão nacional. É de louvar, perante todas as contrariedades que ele tem encontrado, como lesões e castigos, a capacidade dele de dar resposta, do grupo que ele comanda dar resposta... Aconteceu no Vitória e o Sporting também deu essa resposta. Colocou o Debast a jogar a seis e tem feito grandes exibições, por exemplo. Existe uma mensagem que é passada que às vezes as pessoas não têm ideia. Não é só por os jogadores a jogar”, concluiu o central.