Rui Borges: "Cansaço não vai servir de desculpa, teremos de ser mais rigorosos"
Declarações de Rui Borges, treinador do Vitória de Guimarães, em antevisão ao jogo com o Rio Ave, agendado para segunda-feira e a contar para a 14.ª jornada da Liga.
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Que dificuldades é que espera perante uma equipa que não perde em casa há mais de um ano: "Começo por aí. É uma equipa que não perde há mais de um ano em casa. Por isso, logo por aí, demonstra bem a dificuldade que é jogar nos Estádio dos Arcos. Será um jogo muito difícil, muito competitivo. Perante uma equipa que é competitiva, o seu treinador é muito competitivo. É uma equipa bem organizada. Uma equipa, em termos de estratégia ou em termos de dinâmicas, tem uma ou outra coisa até parecida com a nossa equipa. É muito competitiva em zonas interiores. Tem homens na frente muito rápidos, que conseguem fazer claramente a diferença. Os avançados, os dois alas. São claramente jogadores acima da média no último terço. Espera-nos um jogo com dificuldade grande. E nós temos noção disso. Resta-nos só tentar e fazer o que temos feito até aqui, principalmente nos últimos jogos. Ser competitivos, intensos. Tentar impor o nosso jogo. Perceber que, em alguns momentos, o adversário vai estar por cima. E, nesses momentos, temos de ser organizados. Muito competentes. Muito rigorosos. E é muito por aí".
Mudança de chip após Liga Conferência: "Em termos mentais, em termos de pensamento, é diferente para o jogador, como é lógico. Para mim, não é porque tento ao máximo perceber que é o próximo e é um jogo e quero ganhá-lo. Para o jogador é sempre diferente. A competição é diferente. Mas, acima de tudo, acho que o grupo está focado. Está bem ciente que é o campeonato. Que já perdemos aqui um ou outros pontos que, às vezes, não merecíamos, outras vezes, merecemos. E não queremos perder muitos mais pontos. Com todo o respeito pelo Rio Ave, por todo o passado que tem sido jogar em casa também. Por isso, resta-nos respeitar isso. Ciente que vamos ter muitos dificuldades mas que somos capazes de conseguir ser iguais a nós próprios. Manter esta consistência que temos tido, porque isso é grande dificuldade numa equipa, ou até mesmo, às vezes, um jogador. É manter a consistência durante vários jogos e durante mais tempo. Por isso, nós queremos ter essa consistência. A equipa está focada nessa consistência e quer continuar a ganhar. Quer continuar a fazer boas exibições, quer continuar a ter o mesmo ADM que tem tido. Agora sabemos que vai ser difícil. Há momentos que não vamos estar tão bem. Mas, acima de tudo, acho que olho para eles e acho que a energia da equipa é muito positiva. Nota-se em campo e diariamente no treino também. Por isso, acredito que faremos um grande jogo outra vez".
Importância do pormenor e principais desafios: "Os pormenores nos jogos de futebol são cada vez mais importantes. Por isso é que eu falei no rigor, principalmente nos momentos que não tivermos bola. Temos de ser muito rigorosos. Depois, sabemos que às vezes existe o vento, a adaptação. Vai ser muito de momento. Perceber como é que vai estar, como é que não vai estar. Como é que vamos ter de nos adaptar a isso. Mas o maior desafio até é mesmo nós... Acho que é de momento também. De como o jogador se sentir. Se consegue dar a resposta. Porque não fugimos ao acumular destes jogos, o acumular de viagens. Temos uma fase também de jogos fora. Mas vai ser muito do momento. Do que é que vamos sentir e o que é que eles vão sentir em termos individuais primeiro, para depois percebermos quais são as consequências no coletivo. É muito por aí. Porque acredito que se a equipa estiver como tem estado, se a energia individual e coletiva estiver no mesmo sentido, faremos um bom jogo e acabaremos por sair de lá com a vitória, com todo o respeito pelo Rio Ave".
Se manter a consistência é o maior desafio: "Sim, sem dúvida. Mas eu não digo só o que é do pós-jogo com Santa Clara. Porque nós começámos a época muito bem. Tivemos grandes jogos. Tivemos belíssimos jogos. Agora, este último ciclo, é certo que essa consistência é o mais difícil no futebol. E se nós queremos ser grandes, temos de conseguir e temos que almejar ter essa consistência durante mais tempo. Mais jogos. Ganhar mais. É difícil, do outro lado também estão boas equipas. Grandes treinadores. E cada vez mais é bem demonstrativo isso, porque o nosso campeonato é muito competitivo. Qualquer equipa pode ganhar a qualquer equipa. Sabemos dessas dificuldades, também sei que a equipa está com uma missão enorme. Está, como eu disse, com energia muito positiva. Quer manter e quer conseguir ter essa consistência. Às vezes, também pode não acontecer não conseguirmos tê-la. Porque o cansaço existe. Tudo existe. E o jogador, por mais que queira, às vezes pode não conseguir responder nesse sentido. Agora, aquilo que eles demonstram diariamente é que têm conseguido e tentam manter ao máximo a consistência de jogo. Na intensidade, na competitividade. Não querer ter bola, no querer mandar no jogo. Agora, quando isso não acontecer, temos que nos agarrar ao rigor, à concentração e ganhar na mesma".
Se pode haver rotatividade na equipa: "Estou confortável com todos eles. Todos eles têm dado grandes respostas. Não só boas, mas umas grandes respostas. Vai ser perceber o que é que, em termos de estratégia, nos dá uns jogadores e outros. E perceber o momento, às vezes, do atleta. Mais do que até a estratégia. O que é que tem dado à equipa, o que é que não tem dado. É muito por aí. Acima de tudo, sinto-me confortável com todo o grupo. Todo ele está focado e comprometido. E isso é bem demonstrativo. Está tudo ligado. Ninguém está preocupado se joga 30 minutos, se joga 90. Sabem que têm as oportunidades deles. E que vão tê-las a qualquer momento".
Se o facto de o Rio Ave não perder em casa há um ano pode ser um fator de motivação extra: "Sim, pode. Eu acho que nem é por aí que eles se motivam. Respeitam o adversário, estamos muito mais preocupados com o que poderemos fazer perante o próximo adversário. E tudo o que é passado, para mim, não me preocupa. Não entra no meu diálogo. O cansaço não vai servir de desculpa, em alguns momentos do jogo poderemos sentir-nos mais cansados e, aí, no momento defensivo, teremos de ser mais rigorosos. Ser mais capazes, em termos coletivos, de conseguir anular o adversário. Não olho muito por aí. Eles estão motivados por si só, no trajeto deles. Querem continuar o caminho de positivas vitórias. E essa é a maior motivação que temos. E a maior motivação que eles têm é que querem ser diferentes. Querem ficar na história do clube. E têm conseguido, mas querem mais. São ambiciosos".