Mateus Fernandes e Chico Lamba são mais dois jovens da formação promovidos por Amorim à Liga. Ambos saltaram escalões e sabem gerir expectativas. O médio está habituado a ser a estrela das equipas onde milita, mas trabalhou a intensidade para jogar. Lamba perdeu a mãe no ano passado, teve uma lesão grave e reagiu à vinda de outros centrais.
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Ao colocar Mateus Fernandes e Chico Lamba em campo, Rúben Amorim estreou mais dois jovens da formação leonina na Liga Bwin. O míster tem já 12 apóstolos a agradecerem-lhe a aposta, em menos de três épocas completas ao serviço do Sporting: em 2019/20 foram Joelson Fernandes, Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, Tiago Tomás os promovidos. Seguiram-se Gonçalo Inácio, Daniel Bragança, Tomás Silva e Dário Essugo em 2020/21 e Rodrigo Ribeiro e Nazinho em 2021/22. Matheus Nunes não entra nas contas por ter chegado já sénior ao clube.
Mateus Fernandes, de 18 anos, impressionou na pré-época, mas já está no radar desde os 16 anos. Sempre se destacou na formação e pela relação próxima com bola foi alinhando em escalões superiores à sua idade. Depressa se percebeu que o jovem de Olhão era hábil com o esférico, mas que precisava de desenvolver a intensidade: foi esse nervo que os responsáveis técnicos do Sporting tentaram incutir nos últimos anos e, pelo que O JOGO apurou, estão agradados com a evolução do jogador, que é considerado como um dos mais inteligentes e talentosos dos últimos anos.
Bom aluno, educado, a família procurou sempre baixar as expectativas que lhe eram colocadas aos ombros e que, por isso, demonstra estar mais preparado para a exigência da vida profissional de futebolista. Focado desde que entrou para habitar na Academia, ainda adolescente, o algarvio estabeleceu sempre a meta de jogar um dia em Alvalade. E já o logrou. "Estava sempre a olhar para o míster a ver quando me chamava", admitiu após a estreia o jogador que renovou recentemente contrato até 2027.
Chico Lamba - sim, o nome é mesmo Chico e não um diminutivo de Francisco - fez a vida difícil aos leões no futebol de 7 e foi recrutado ainda para o Pólo EUL. O clube garantiu-lhe transporte para treinos e jogos e não demorou a mostrar o potencial nos iniciados, vivendo em Alcochete para que pudesse estar integrado já na lógica do alto rendimento. Foi galgando patamares e aos 17 anos já estava nos sub-23, nunca se deixando deslumbrar: completou o 12.º ano no tempo previsto e com aplicação.
Observado de perto por Rúben Amorim desde a última temporada, uma lesão muscular na coxa travou-lhe a afirmação. Esse problema ainda lhe causa alguma apreensão, aliás o próprio treinador falou sobre isso na conferência após o Casa Pia. Em alguns sprints, Lamba ainda vai a medo, o que tem sido trabalhado em Alcochete, até a nível psicológico.
O último ano não foi fácil, já que Chico, que tem o pai em Lisboa, perdeu a mãe, que residia na Guiné-Bissau. A morte da progenitora foi mais uma pedra a forjar a superação do atleta de 19 anos que prefere observar a falar.
Introvertido, viu calado as contratações no estrangeiro para o eixo central: Marsà, Alcántar e Catena, por exemplo. Não se deixou abalar e, ao que o JOGO apurou, dedicou muito tempo a aprimorar a receção e o passe longo de pé esquerdo, o seu pior, para poder ser uma solução em qualquer lado da defesa. Além disso, analisou a inconsistência: responsável por grandes momentos defensivos, de antecipação, de cortes em velocidade e no ar, também pecou por desconcentrações que ditaram golos aos adversários.
O ano passado fez 21 jogos na equipa B e, tal como Mateus Fernandes, que fez 18 nesse escalão, foi preponderante na Youth League. O médio foi titular em oito jogos, o central em sete.