Rúben Amorim enobrece estreia do Prémio Carlos Machado: "Fico muito lisonjeado"
Após um 2021 estrondoso, técnico leonino vence a primeira edição do galardão atribuído por O JOGO à personalidade do ano. Jornalista e alma desta casa faleceu há um ano e em sua memória o nosso jornal criou a distinção, atribuída ao jovem técnico que conquistou três títulos no período a que diz respeito. De campeão para campeão
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Um ano depois de Carlos Machado nos dizer adeus, O JOGO homenageia o histórico chefe de redação desta casa, aquele que foi pilar e alma do jornal quase desde a sua criação. Um influenciador de várias gerações, mestre, contador de histórias, referência.
Carlos Machado faleceu durante a madrugada de 10 de dezembro de 2020, em sua casa, aos 58 anos, após mais uma jornada de trabalho a chefiar a redação. Em sua honra, nasce em 2021 o Prémio Carlos Machado, que será atribuído anualmente à personalidade do ano no desporto nacional. Rúben Amorim, treinador do Sporting, é o primeiro galardoado. Uma escolha unânime, consensual, por sucesso desportivo, postura e frontalidade.
No ano de 2021 o jovem técnico, de 36 anos, conseguiu quebrar um longo jejum num clube que pegou em cacos, afundado em problemas e com um futebol sofrível. Interpretou exemplarmente a estratégia e projeto de apostar na formação, com toques de classe e excelência de veteranos, todos com fome de bola e de títulos e com caráter para colocar sempre o grupo à frente das individualidades, e conseguiu de forma fulminante um sucesso desportivo que o leva a ser já cobiçado por grandes da Europa - já recusou o RB Leipzig, da Alemanha, e é apontado ao comando do Manchester United a partir da próxima época.
"Vi pela emoção do diretor [José Manuel Ribeiro] que é um prémio muito sentimental para O JOGO. Sei que foi uma pessoa muito importante, chefe de redação, editor. Não o conheci, mas falei com muita gente e como toda a gente sabe Antero Henrique [ex-dirigente de FC Porto e Paris Saint-Germain] é o meu cunhado e falou-me bastante da pessoa. Fico muito lisonjeado por receber este prémio praticamente um ano após a morte de Carlos Machado. Não há muitas palavras, quero agradecer à equipa técnica, aos meus jogadores, à minha família - à minha mulher e aos meus filhos. Mais uma vez fico muito lisonjeado por receber este prémio de uma pessoa tão importante e relembrada com tanto carinho no jornal O JOGO. Muito obrigado a todos no jornal, fico-vos a dever uma. Não estava à espera. Em Portugal temos o conhecimento de jornais que são considerados com ligação a certos clubes e para mim é um excelente sinal um treinador do Sporting receber este prémio de um jornal tão caraterístico, conhecido por ser muito lido no Porto, no Norte. É um grande sinal. Parabéns ao jornal, parabéns a todos. Fico muito lisonjeado por ser a primeira pessoa a recebê-lo. Com certeza que mais virão de forma a relembrar esta pessoa tão importante", expressou Rúben Amorim ao receber das mãos do diretor de O JOGO, José Manuel Ribeiro, o Prémio Carlos Machado.
Tudo o que Amorim toca reluz. O técnico, qual toque de Midas, fecha 2021 de novo em grande, deixando a equipa com possibilidade de lutar por quatro frentes a juntar à Supertaça já conquistada no arranque da época. E na primeira metade do ano, ainda em 2020/21, a conquista da Taça da Liga e a já mencionada do campeonato nacional são argumentos de peso para a atribuição do Prémio Carlos Machado.
Três títulos em 2021 com um futebol que embora sem ser sempre brilhante, tem sempre o seu cunho, quer na vertente tática, quer na anímica, no controlo emocional de uma equipa que mistura rebeldia da juventude com sapiência de mais velhos, incutindo a todos um futebol disciplinado com identidade vincada, variação de estilos e força mental. Foi assim que com várias reviravoltas e com fé até ao apito final que o leão se sagrou campeão sob o seu comando.
Mas Amorim vai além disso, é um líder de balneário, um unificador, um motivador, um professor, tem um discurso diferente, sem chavões. Não se escuda em desculpas, assume erros e distribui os louros... Um técnico que bebeu de várias fontes e seguiu caminho selecionando o que gostava e moldando o seu estilo de líder e de treinador. Um gestor de homens, sensato, rigoroso, disciplinado.
É a escolha de O JOGO para o primeiro Prémio Carlos Machado.