Romário Baró "vai sair ainda mais forte": "Ninguém melhor do que Conceição para o ajudar"
Autor de um erro que originou o golo do Barça, Baró foi absolvido pelos colegas e o ex-técnico João Brandão diz que o momento apela à superação. Palavras de alento de Alan Varela foram um sinal de que os azuis e brancos não deixarão cair o médio, que se apresenta mais maduro. "Está com as pessoas certas para superar esta infelicidade", garante Brandão.
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Mãos no rosto, prostrado e furioso com o que acabara de fazer: as imagens de Romário Baró na sequência do mau passe que deu ao Barcelona a oportunidade de marcar o golo da vitória contra o FC Porto foram fortes. O médio estava a realizar uma exibição auspiciosa até àquele instante e bastou uma ação menos eficaz do que o pensamento para ir tudo por água abaixo.
Sérgio Conceição recusou crucificá-lo ao intervalo, os aplausos do público absolveram-no no momento da substituição e até o discurso dos companheiros, com Alan Varela à cabeça, foi no sentido de lhe dar alento numa fase difícil. Ninguém nos azuis e brandos deixa cair o médio, que adquiriu outra maturidade desde a primeira passagem pela equipa principal.
"Os erros acontecem com todos. O que nos diferencia é a forma como os superamos e conseguimos ultrapassar as adversidades. Hoje [ontem] pode estar a viver um dia difícil, mas a forma como ele vai sair de tudo isto é que vai marcar o que será no futuro. Pelo que conheço, tenho a certeza que o Romário [Baró] vai sair ainda mais forte", explicou a O JOGO João Brandão, atual adjunto de Luís Castro no Al Nassr e ex-treinador do internacional jovem português na formação dos dragões.
A reação de Baró após o erro cometido foi interpretada por Brandão como "de alguém que está muito focado e muito envolvido na sua melhoria para se afirmar no FC Porto". "Sentiu que aquele lance poderia ser capital no jogo, como acabou por ser, e foi genuíno, emocional. O Romário [Baró] é alguém que não esconde as emoções", nota o técnico, lembrando que "toda a vida" do médio moldado na cantera azul e branca "foi de superação e grande resiliência".
"Isto é mais um momento na vida desportiva e profissional dele em que terá de apelar à capacidade de seguir em frente", sustentou, convencido de que não há "ninguém melhor do que Sérgio Conceição e a sua equipa técnica para o ajudar, fruto do conhecimento que também já têm de Romário, que não é propriamente um jogador novo ou alguém que não conheçam".
"Acho que está no sítio certo, acompanhado pelas pessoas certas para superar uma infelicidade grande. Mas também para fazer dele o que toda a gente perspetiva, que é ser um jogador de topo", afirmou.
A humildade no dia a dia puxa pela compaixão
A longa ligação ao futebol permite a João Brandão defender que "o gesto técnico ineficaz" de Baró só teve "um grande peso pelo facto de o Barcelona ter sido muito eficaz no contra-ataque, numa das poucas oportunidades que teve". "Se formos analisar os jogos, em quase todos se encontram lances idênticos. Não têm é a mesma consequência", alegou o ex-técnico da formação portista, convicto de que a personalidade do médio que orientou nos sub-19 faz com que seja "extremamente acarinhado por todos".
"É impossível não se gostar do Romário e não ter um grande sentimento de compaixão com ele, atendendo à forma como vive o dia a dia, de forma humilde e carinhosa para com os companheiros", referiu, não estranhando que o público tenha dedicado um aplauso a Baró na substituição, enquanto este juntava as mãos em jeito de pedido de desculpa pelo que fizera. "Sendo o Romário um filho do Dragão, é natural que os adeptos tenham um carinho ainda mais especial para com ele. Foi um sinal de respeito que o público teve com ele e, acima de tudo, pela exibição que tinha feito até então e o trajeto que tem tido no clube, não só na equipa sénior, mas também na formação, onde conseguiu conquistas inéditas", recordou.
"Tratando-se de um jogador jovem, estes momentos são importantes para que consiga superar isto", frisou. Domingo, com o Portimonense, poderá ser dia para Baró retribuir.