Águias apreciam resposta do central de 18 anos aos momentos menos bons. O JOGO conversou com Ricardo Gomes Porém, psicólogo, que analisa o peso da fadiga e da conversa acerca do Mundial.
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Depois de cometer penálti em Paris, diante do PSG, António Silva falhou uma receção e abriu caminho ao golo do Caldas e a um prolongamento na Taça de Portugal.
Com a eliminatória ultrapassada nos penáltis, Roger Schmidt vincou a capacidade do defesa para dar a volta aos momentos menos bons e, sabe O JOGO, o alemão vai segurar o central de 18 anos na equipa.
Ao que foi possível apurar, o jogador é avaliado como sendo muito forte psicologicamente e acredita-se que não se deixa abater pelos erros que comete, uma convicção que tem vindo a crescer durante a época. Nas Caldas reergueu-se, tal como contra o PSG, e não mais errou. Na receção aos franceses, na 3.ª jornada da Liga dos Campeões, teve uma má abordagem no primeiro lance mais difícil, mas arrancou para uma grande exibição; no Bessa viu um amarelo bem cedo e isso não o afetou. Por tudo isto, a estrutura encarnada confia que evolua e não cometa os mesmos erros.
O JOGO conversou com Ricardo Gomes Porém, psicólogo especializado em rendimento desportivo, o qual assinala que as vitórias do Benfica ajudam a contornar os lances. "O erro é assumido pelo próprio e pela estrutura. Ambos entendem que faz parte do processo. É uma contabilidade. Com tantas coisas positivas que tem feito, errar faz parte do processo. Independentemente disso, o momento do Benfica ajuda. Passou na Taça e empatou em Paris, apesar dos erros, isso ameniza a cobrança de adeptos, treinadores e até na cabeça do atleta tem menor impacto", avalia, considerando que o burburinho à volta de uma possível chamada ao Mundial terá influenciado: "Houve uma exposição muito rápida. Fala-se do Mundial, isso pode ser difícil para o atleta. A rede de amizades e de apoio leva-lhe a conversa da Seleção aos ouvidos. Não dá para blindar o atleta da informação. É preciso trabalhar pequenos objetivos, para que todos os dias cumpra metas e evolua. Mostrou que gosta de ir degrau a degrau ao dizer que sonhava jogar contra o Rio Ave e não com o Mundial. É positivo."
O psicólogo considera que o jogador de 18 anos, com dez jogos seguidos em mês e meio, acusou fadiga e baixou, inconscientemente, a concentração: "Depois de jogar contra Mbappé ou Messi, apanhou adversários completamente diferentes contra o Caldas. Pode ter diminuído o foco. Um colega [Tiago Gouveia] disse que ele, quando jogava na Youth League, parecia um jogador e que na II Liga era outro. Pode identificar-se que precise de trabalhar a ativação mental para estar no topo em todos os jogos. Não tem, nem pode ter, a solidez de um Otamendi. E, claro, pode sofrer de fadiga emocional e física. Não esperaria ter estes jogos todos."
Concorrência está a apertar
João Victor está recuperado e fez nas Caldas a estreia pelo Benfica. O brasileiro amplia as opções no eixo, que teve também Brooks a somar minutos para descansar Otamendi. Morato deve voltar em duas semanas e Lucas Veríssimo acelera a recuperação após paragem de um ano. António Silva, que é já o segundo central mais utilizado, tem noção da rivalidade pela posição. "Além da pressão, uma pressão positiva já inerente a estar numa equipa como o Benfica, sabe que, com tantos centrais, um erro pode tirá-lo mais rápido do onze. Sabe da qualidade dos colegas na posição e que estes ganham força nos seus erros", advoga Ricardo Gomes Porém.