Roger Schmidt, o "presidente fantástico" e os adeptos: "Fiquei chocado com a reação"
Declarações de Roger Schmidt, entrevistado por Toni, no segundo episódio do programa Mística a Dois
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A relação com Rui Costa: "Claro que falamos muito sobre futebol, sobre o Benfica e também sobre tudo o que se passa no futebol. Para ser sincero, gosto muito de trabalhar com o nosso presidente porque, antes de mais, ele é uma ótima pessoa. Em segundo lugar, foi um grande jogador. Também o segui quando ele jogava. Na minha opinião, é um presidente fantástico. Agora sei o que significa ser presidente do Benfica, não é um trabalho fácil. É ainda mais difícil do que ser treinador. Mas ele assumiu essa responsabilidade. E porquê? Porque ama o clube. Está a trabalhar mesmo muito. Claro que temos de falar sobre o plantel, sobre os nossos jogadores e sobre o desenvolvimento dos jogadores. Quando falámos no início sobre vir para o Benfica, havia duas tarefas para mim: a primeira era ganhar títulos, e a segunda era desenvolver jovens jogadores. Gosto muito de trabalhar com os jovens jogadores e de lhes dar a oportunidade de aparecerem e de crescerem, e, claro, também por causa dos benfiquistas, que adoram vê-los no estádio. E acho que tivemos exemplos muito bons nos últimos dois anos com jogadores que foram desenvolvidos desde o Benfica Campus até à equipa principal. Mas, no geral, trabalhar com o nosso presidente é uma grande honra, e aprecio-o como pessoa, como especialista em futebol e também como ser humano."
O que gosta mais e menos do futebol português: "O que eu gosto ou o que vejo no futebol português é que o Campeonato é mais forte do que as pessoas pensam. Não é fácil jogar nesta liga, também para o Benfica. Ser campeão é um trabalho árduo e um grande desafio, porque se quisermos ser campeões precisamos de 85 a 90 pontos, o que significa que temos de ganhar quase tudo. E, claro, temos os jogos grandes contra o FC Porto, contra o Sporting, contra o Braga, contra o Vitória, e toda a gente sabe que não é fácil jogar contra eles. Mas a minha sensação e a minha experiência no Benfica, neste Campeonato, diz-me que também os outros jogos são exigentes. Não é fácil jogar contra as outras equipas porque têm muito bons treinadores. Têm jogadores muito bons, que tornam as coisas sempre difíceis para todas as equipas. E acho que isso é algo de que gosto muito na Liga portuguesa. O que não gosto é que, por vezes, temos de jogar em estádios pequenos, mas na verdade não é mau de todo porque temos os estádios sempre cheios de benfiquistas. No fim do dia, sinto-me muito feliz aqui. Quando o clube, há um ano, falou em renovar o contrato por mais dois anos, fi-lo com convicção, porque gostamos muito de estar aqui neste país. E eu, claro, adoro fazer parte do Benfica, mas também gosto do meu trabalho aqui em Portugal. Vejo-o como um grande desafio, porque se joga por títulos na liga ou nas outras competições nacionais. E podemos jogar a Liga dos Campeões. É o mais alto em que se pode trabalhar como treinador. E é por isso que estou muito feliz por fazer parte do futebol português."
A relação com os adeptos: "Há sempre uma relação com os adeptos, mas aqui no Benfica é muito especial. Para ser sincero, acho que tive muita sorte porque o início no Benfica foi muito positivo. Ganhámos muitos jogos na pré-época, no Campeonato e também na Liga dos Campeões. Estivemos bem, por isso, a minha primeira impressão dos adeptos foi fantástica. Fiquei muito impressionado com tudo, com o ambiente no estádio e tudo o resto. Mas depois, claro, já na primeira época, tivemos também alguns momentos em que tivemos dificuldades, e numa semana perdemos três jogos, contra o Inter de Milão, um jogo contra o FC Porto, em casa, e a seguir, em Chaves, tivemos muito azar. E depois tive a primeira impressão do que significa perder jogos e, para ser sincero, fiquei muito surpreendido, talvez chocado com toda a reação, porque já tínhamos ganho tudo antes. Fizemos uma grande época, na Liga dos Campeões também, perdemos um jogo. Estavam muito descontentes connosco, protestavam e vaiavam, mas penso que o início para mim foi importante para saber que eles podem agir de forma diferente. No fundo, isto é o Benfica. Sinto que, como treinador ou jogador, temos de lidar com isto. As expectativas dos adeptos estão sempre aqui e não aceitam uma menor qualidade. Ou, como disse, quando passas uma bola ao adversário, talvez aceitem na primeira vez, mas na segunda já fica perigoso. Acho que tive bons momentos no Benfica, mas são os momentos difíceis que nos fazem compreender o clube e os adeptos. Por vezes o ambiente no estádio é muito particular, mas acho que isso faz parte. Lido bem com isso. Tal como os jogadores também têm de lidar. Temos de nos concentrar no trabalho. A única coisa a fazer para criar um ambiente positivo é ganhar jogos e jogar bom futebol. É isso que temos de fazer. Vamos trabalhar muito na pré-época, pois vamos ter uma época muito dura. Depois, vamos dar tudo em cada jogo e, jogo a jogo, temos de lutar pelos títulos. Sabemos que os nossos adeptos podem fazer a diferença. E claro, espero que todos os benfiquistas possam estar aqui na próxima época, com a equipa, para lutarmos juntos pelos títulos."
Mensagem: "Muito obrigado. Também foi um prazer para mim. E ajudou-me muito, Toni, porque se os adeptos também o vaiaram, por vezes, por causa de um passe falhado, então nenhum dos outros jogadores se pode queixar. E eu também não me vou queixar."