Treinador do Benfica reencontra o RB Salzburgo pela primeira vez. Soriano diz que o alemão "transformou" clube e grupo.
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Nove anos depois de ter deixado o RB Salzburgo, Roger Schmidt reencontra o antigo clube, onde conquistou o seu primeiro título de campeão, feito repetido na época passada no Benfica.
E o reencontro será especial, acredita Jonathan Soriano, antigo avançado do campeão austríaco que trabalhou naquele país às ordens de Schmidt.
Tudo porque, realça o ponta-de-lança, o treinador das águias teve papel decisivo no que o RB Salzburgo conseguiu atingir.
"Roger Schmidt foi muito importante, juntamente com Ralf Rangnick [antigo diretor desportivo] alterou a filosofia quer do clube quer do grupo. A nível de mentalidade, de estilo de jogo, muito pressionante e ofensivo, da metodologia de treinos, do recurso a outras ferramentas, da política de contratações... Foi ele que a par de Ralf Rangnick deu os primeiros passos para o que a Red Bull construiu", afirma Soriano a O JOGO, defendendo que "o sucesso do grupo tem o nome de Schmidt escrito na base".
"Depois dele muitos treinadores chegaram e a filosofia mantém-se, mas olhando atrás foi ele o primeiro treinador que deu início a este percurso", atira, sobre um trajeto que o próprio Schmidt destacou em 2021, quando pelo PSV enfrentou o Sturm Graz, no primeiro regresso à Áustria. "Dificilmente se encontra na Europa um clube que tenha crescido de forma tão estável como o RB Salzburgo", afirmou em setembro de 2021, comentando o seu papel no percurso: "Não diria orgulho, mas fico muito feliz por ter estado aqui no início. Não foi fácil, enfrentámos dificuldades. Mas quando vemos o que se construiu desde então..."
Apesar da página reservada na história do RB Salzburgo, Schmidt fechou a primeira época no clube sem vencer o campeonato. Contudo, manteve o apoio de... adeptos e jogadores. Os fãs chegaram a exibir no estádio uma tarja a dizer "Schmidt tem de ficar" e o plantel transmitiu a sua intenção ao clube. "Víamos e percebíamos a filosofia dele e que apesar de não termos sido campeões estava a construir-se a base de uma nova era e que havia algo de diferente. Tínhamos uma grande equipa, estávamos felizes e isso era o mais importante. A Direção era muito próxima do plantel e pedia conselho para determinadas questões aos jogadores mais influentes, e da nossa parte defendemos que ele não devia sair. Pedimos para que ficasse", revela. No ano seguinte houve dobradinha, com campeonato e taça e "um grande futebol".
Atento ao percurso de Schmidt na Luz, o antigo ponta-de-lança espanhol garante que a campanha do técnico "não surpreende". "O Benfica junta tudo, uma grandíssima equipa e um grandíssimo treinador. E confio muito no estilo de Roger Schmidt", assegura, afirmando que ainda vê a essência do técnico no atual Benfica. "Ele pode ir mudando algumas coisas, também em função dos jogadores que tem à sua disposição, mas a base da filosofia está lá, a agressividade, a velocidade e o estilo ofensivo", diz, torcendo pelo sucesso de Schmidt, uma "grande pessoa". "No futebol tudo depende dos resultados, são os resultados que mandam. Oxalá consiga uma grande carreira no Benfica e possa marcar uma era", diz, contando uma história com o técnico que o marcou. "Ele esteve praticamente no parto da minha terceira filha. Eu estava no hospital com a minha mulher e passei praticamente o tempo todo ao telefone com ele, sempre a perguntar-me se estava tudo bem. Nesse dia ainda fui jogar pela equipa e fiz o meu primeiro hat-trick pelo RB Salzburgo [entrou ao intervalo no jogo com o Wolfsberger e ajudou a transformar o 2-2 num 6-2]. Além da relação treinador-jogador criámos uma relação de amizade", lembra.
Benfica por cima, nostalgia por Di María
Antevendo a partida de amanhã, Soriano acredita que o Benfica "tem uma pequena vantagem". "É um clube maior e mais histórico, com jogadores mais consagrados na Europa, mas o Salzburgo é um pouco o de sempre, uma equipa surpresa e ninguém conhece os seus jogadores, mas tem um grande nível para poder complicar o jogo ao Benfica", afirma, destacando Di María nas águias, por "nostalgia".
"Conquistou tudo e sendo uma referência na Europa e no mundo decidiu voltar a casa, à equipa que o levou ao êxito. Gostei muito de ver Di María de novo com a camisola do Benfica", justifica, apontando o coletivo e a "fome" do Salzburgo, ainda que realce dois jovens avançados. "O Salzburgo tem muitos jovens a aparecer, não têm nome na Europa mas têm muita margem de crescimento e têm muita fome para demonstrarem a sua qualidade. Mas no ataque destacaria Konaté e Simic, este que já conhecia da formação do clube."