Roger fala da sua escala em Braga de menino prodígio da formação até à primeira equipa
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Com 22 jogos na época, dois golos e quatro assistências, e papel mais destacado no onze nas últimas semanas, Roger é uma estrela em afirmação no Braga, comprovando a fama e as promessas deixadas com recordes alcançados no clube alusivos à sua tenra idade. Agora com 18 anos já se aproxima da emancipação, embora permaneça um menino puro, sem ponta de vaidade ou ego.
No podcast da NEXT, o extremo deixou evidente o seu caráter singelo e veia humilde, dominado por bom-humor. Falou das partidas que o tocavam nos primeiros tempos em que espreitava oportunidades de evoluir no plantel principal. "Eu tinha um mata-velhos que tive de devolver porque o Al Musrati complicava as coisas. Eu treinava, voltava e não via o carro. Era muito leve, ele pedia uma ajuda e levantava o carro e movia-o para outra zona do parque", recordou, entre sorrisos tão genuínos como desconcertantes, alegrando-se por partilhar cada detalhe da forma acelerada como foi amadurecendo com gente graúda a partir dos seus 15 anos.
"Quando estava com as equipas da formação ia nesse carro para Fão mas, por vezes, enganava-me e entrava na autoestrada. Depois passavam camiões por mim a alta velocidade, buzinavam e aquilo abanava imenso. Eu tinha que parar uns 15 minutos porque ficava com algum medo de acidente. Não podia andar na autoestrada com esse veículo", concretizou Roger. "Quando finalizei o exame de condução, o instrutor deu okey, mandei logo foto da licença para o nosso grupo a dizer que já me podiam dividir com o Horácio. Ele é o nosso motorista. Ficaram todos a rir-se!", juntou o atacante, negando qualquer moral adquirida com o peso que vai ganhando internamente. "Sou o mesmo miúdo. É bom estar a jogar com eles, a contribuir. Era um sonho, estou cá há três anos e estar a somar este tempo de jogo é muito bom. Sinto-me crescido dentro do campo mas fora ainda sou um miúdo", brincou Roger, que tem sido obreiro de algumas assistências para Banza.
"Ele pode contar comigo mas mais com toda a equipa. É um plantel forte e experiente mas ele tem alguém muito competitivo à sua frente nos marcadores. Vai ser difícil mas acredito que o Banza pode ser o melhor marcador da Liga. É preciso ver que tem menos jogos, porque foi ao CAN", lembrou o prodígio guineense, falando do impacto desta época e da motivação que cresce para subir ao céu. "Eu tenho de aproveitar ao máximo todos os dias jogar na equipa principal com jogadores desta dimensão. Tenho de estar feliz aqui, por jogar e treinar com eles", relatou, dando conta daqueles que mais o surpreenderam. "Fiquei muito surpreendido, estava habituado a ver todos pela televisão. De repente passei a treinar com eles e falava disse aos colegas da residência. Era uma diferença tremenda, pareciam todos mais rápidos e mais técnicos. Não imaginava. O André Horta foi o que mais me surpreendeu, pois dava um chuto e saia um passe incrível. Agora admiro muito isso no Pizzi", revelou Roger que partilhou ainda histórias da sua Guiné-Bissau, da sua cidade de Bafatá e do carinho de cada visita à mãe, a quem recentemente enviou um beijo no final de um jogo.
"Sai do coração, acontece no momento", disse. "O meu bairro gosta muito do Braga e fui lá em dezembro e tratei de comprar uma boa televisão à minha mãe, que não podia ver os meus jogos. Também dei melhores condições e ela agora tem duas salas. Recebe toda a gente nos dias que joga o Braga, nomeadamente os miúdos. Tudo a torcer", admitiu Roger.