Rodrigo, uma estreia para o infinito: "Era menino para marcar dez golos num jogo"
Eduardo Duarte, avô da nova aposta de Amorim, falou a O JOGO de um miúdo que "marcava aos cinco e aos dez" na formação. Após uma carreira ligada ao hóquei, chegou a calçar os patins ao neto, mas este só queria jogar à bola.
Corpo do artigo
Quarta-feira passada, no Estádio Cidade de Manchester, foi uma noite de emoções fortes para Rodrigo Ribeiro... e não só.
O avançado, que beneficiou do plano de Amorim de no futuro vir a utilizar mais vezes uma dupla de atacantes e da sua aposta na formação, estreou-se pela equipa principal logo na Liga dos Campeões, frente ao Manchester City, e com 16 anos, dez meses e onze dias.
Em Portugal ficou a família e o avô Eduardo Duarte que, agarrado à televisão, vibrou com o dia do neto. "Já estávamos a adivinhar que ele podia entrar a qualquer altura. Porém, ser convocado para a Champions foi uma surpresa. No sábado jogou pela equipa B, foi convocado e encarou isso com tranquilidade, porque é um miúdo muito calmo, que acredita bastante nele próprio", conta.
Eduardo sentiu Rodrigo naturalmente "feliz" e, em conversa com O JOGO, pegou no telemóvel para revelar a mensagem que enviou, ontem de manhã, ao neto: "Disse-lhe que foi um dia de emoções, que estávamos muito orgulhosos e que nos tinha dado uma enorme alegria. Dei-lhe os parabéns pelo objetivo que alcançou e agora tem de voar até ao infinito".
Nascido em Santa Maria da Feira, foi no distrito de Viana do Castelo que a nova coqueluche do Sporting começou a demonstrar jeito para a bola. "A minha filha é de São João da Madeira, mas o pai do Rodrigo é de Darque [freguesia de Viana] e depois foram morar para Afife", relata Eduardo, que teve toda uma carreira desportiva ligada... ao hóquei em patins. "Se o tentei puxar para o hóquei? Ainda lhe calcei os patins, mas o pai [Alexandre Ribeiro] foi jogador de futebol e estava no sangue. O Rodrigo passava a vida com a bola", recorda. A ligação ao Sporting vem quase do berço. "A minha filha e o meu genro gerem a academia Perspetiva em Jogo, que pertence ao Sporting. Foi aí que o Rodrigo começou a jogar. Desde pequenino mostrava uma qualidade acima da média, com inteligência e visão de jogo, uma boa receção, forte no passe e era menino para marcar aos cinco e aos dez golos num encontro. Com 17 anos já tem 1,86 metros e em pequeno também se destacava pela estatura", refere. O futebol despertava o lado mais reguila do dianteiro. "Passava a vida a jogar à bola. Chamavam-no para a mesa, mas se ele estivesse a jogar demorava imenso até vir comer", lembra Eduardo.
Para jogar futebol de onze, teve de rumar ao Alfenense e aos 12 anos seguiu para a academia de Alcochete. "Saudades? Claro que temos, mas de vez em quando podemos ir a Lisboa e ele adaptou-se bem. É fácil com as novas tecnologias matar as saudades e ver a família à distância", explica. Para além do futebol, Rodrigo Ribeiro está no 11.º ano na área de economia e é um "excelente aluno". "Sempre o foi", orgulha-se o avô.
E estará o menino Rodrigo preparado para a exposição que vai ter, depois da oportunidade concedida por Rúben Amorim, que o integrará no plantel da próxima temporada como terceiro avançado? Eduardo Duarte não tem dúvidas da humildade do neto. "É a vida que escolheu. Tem um caráter muito forte e está bem preparado para todas as emoções. É bastante humilde e isto não vai alterar nada", assegura. "Terá sempre vontade de fazer melhor e progredir. Depois disto, vai ser o Rodrigo de sempre", finaliza.