Em apenas três meses, o jovem portista duplicou o valor de mercado. SAD está protegida, mas pretende renovar-lhe o contrato. Pela primeira vez o seu golo foi decisivo para uma vitória dos dragões.
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Jovem prodígio, adiantado mental, génio. Começam a faltar adjetivos para o percurso de Rodrigo Mora nesta temporada. Começou a jogar na equipa B, trabalhou para merecer uma oportunidade com Vítor Bruno e agarrou-a com unhas e dentes. A chegada de Martín Anselmi ao comando técnico deu o impulso final, a produção disparou e o “miúdo” até já decide jogos. Na Amoreira chegou aos cinco golos no campeonato e ofereceu, pela primeira vez, três importantes pontos na luta pelos lugares europeus, superando a produção individual da época passada, em que faturou quatro vezes na equipa secundária.
Mora é um desequilibrador de quem Anselmi não abdica e que já entrou no radar do selecionador nacional Roberto Martínez, que, curiosamente, assistiu ao vivo à obra de arte assinada pelo prodígio portista na Amoreira e que deixou o treinador dos dragões entusiasmado. “É um miúdo ainda, tem de crescer, continuar a trabalhar neste caminho. Deixa-me muito feliz vê-lo marcar, merece”, referiu no final do jogo em que o FC Porto conseguiu a primeira “cambalhota” no marcador esta época.
Os cinco golos são um recorde pessoal para Mora, que o colocam a par de Pepê e Fábio Vieira na tabela de melhores marcadores da equipa, apenas atrás de Nico González (7), Galeno (12) e do seu “irmão” mais velho, Samu (21). Olhando para a época do jovem portista, percebe-se que a partir de dezembro assumiu um papel principal na equipa. Nos últimos 16 jogos em que participou, marcou por quatro vezes e assistiu três.
Uma ascensão meteórica que se traduz, igualmente, no seu valor de mercado. O “Transfermarkt” atualizou precisamente ontem as cotações dos jogadores que atuam em Portugal e Mora duplicou a sua em apenas três meses, passando dos 10 para os 20 milhões de euros, entre dezembro e o último dia de março. Um valor, ainda assim, muito longe daquele que defende a SAD azul e branca dos “tubarões” europeus que seguem o criativo desde que este brilhou na Youth League. “Estamos em discussão para a sua renovação. Neste momento, tem uma cláusula [de rescisão] que toca os 67 M€, portanto acho que estamos a salvo. Faz 18 anos em maio, o que nos permitirá renovar com uma cláusula superior e garantir que permanece. Nada nos poderia dar mais alegrias este ano do que a sua explosão. Muito mérito do Vítor Bruno e do Anselmi. Mérito também do Rodrigo, que se tem mantido sério, concentrado e com muito FC Porto à mistura. [Cláusula de rescisão?] Para um valor que nos defenda dos grandes tubarões europeus, sendo que obviamente será impossível alguém pagar 80 a 100 M€ porque ninguém tem liquidez”, assumiu recentemente Villas-Boas em entrevista a O JOGO e ao JN.
O rendimento de Mora, diga-se, está ao nível das maiores estrelas da sua geração. Entre os jogadores com 17 anos, só dois marcaram mais golos nos respetivos campeonatos: Lamine Yamal, do Barcelona, e Kostoulas, a nova coqueluche do futebol grego que atua no Olympiacos, ambos com seis golos. Ou seja, apenas mais um do que o portista que, dos três, é o que tem menos jogos. Porém, se acrescentarmos as assistências a esta equação, então a produção de Mora coloca-o em segundo lugar, já que tem três (oito ações decisivas) e o grego apenas uma (sete ações).
O mais jovem portista a chegar aos cinco golos
Rodrigo Mora fez história no domingo. Ao oferecer a vitória frente ao Estoril, tornou-se no mais jovem jogador do FC Porto a chegar aos cinco golos no campeonato. Aos 17 anos e 10 meses superou o registo de Fernando Gomes, que tinha 18 anos e 8 dias quando o conseguiu. De resto, em toda a história do campeonato português é preciso recuar quase 90 anos para encontrar um jogador mais jovem com cinco golos: Espírito Santo (Benfica), que tinha 17 anos e 3 meses, em 1937. Atrás de Mora ficam, ainda, Fernando Chalana (Benfica) e Litos (Sporting).