Jogador do Sporting chegou a ponderar deixar o futebol depois de ser cedido ao clube que competia no Campeonato de Portugal, mas acabou por recuperar a confiança graças a Rui Borges.
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Mirandela é uma cidade que respira tranquilidade, mas houve um tempo que o relvado do Estádio S. Sebastião agitou-se com a irreverência de um jogador que se recusava a jogar pelo seguro. Corria a temporada 2017/18 quando Ricardo Mangas chegava ao Mirandela, cedido pelo Desportivo das Aves, após ter feito a formação pelo Benfica. Com ele, trouxe a crença de que o futebol é também arte e atrevimento e a vontade de fintar o destino, ou não tivesse ele pensado em desistir do futebol por ingressar no Campeonato de Portugal.
Apesar da falta de confiança, típica de quem aprende a digerir uma desilusão, Ricardo Mangas não baixou os braços e foi à luta. “O Mangas é um jogador muito técnico, rápido, inteligente, com e sem bola, e com muita chegada a último terço. Um goleador", recorda-nos Zidane Banjaqui, antigo companheiro de equipa do atual jogador do Sporting no clube transmontano. A irreverência, essa, já estava lá, juntamente com o talento. “Ele era extrovertido, até com as chuteiras que usava. Normalmente, os defesas e, até os mais velhos, usavam botas simples, pretas ou brancas. O Mangas usava chuteiras com algumas cores, que sobressaiam, e cano alto, do estilo do Cristiano Ronaldo”, recordou, ainda, em tom bem-humorado.
Mangas e Zidane, hoje jogador dos gregos do Panserraikos, passavam algum tempo juntos “a jogar torneios FIFA, ver e a analisar jogos” e o ano passado em Trás-os-Montes acabou por ser de aprendizagem para ambos: “Foi o nosso primeiro ano de sénior no Campeonato de Portugal, a jogar contra ‘carcaças’, num tipo de jogo físico, direto e de bolas paradas. Era o contrário do estilo de jogo que praticávamos nos juniores, em que tínhamos a bola muitas vezes. Tem feito uma boa carreira desde do Mirandela, depois ao ganhar o campeonato sub-23, a taça, jogar na I Liga, ter a experiência internacional. Agora, joga num dos grandes. Tanto ele, como as pessoas próximas dele, devem estar orgulhosos".
Em Mirandela, ficou a certeza: Ricardo Mangas nunca jogou só para cumprir, mas para se superar.