Ricardo espera pôr o filho Afonso a chorar: "Estamos sempre a picar-nos um ao outro"
Este sábado, o treinador do Mafra, Ricardo Sousa, defrontará pela primeira vez o filho, jogador do Belenenses. Um confronto curioso que faz lembrar os duelos com o pai, António Sousa.
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Este sábado, em Mafra, na Taça da Liga, Ricardo Sousa vai defrontar pela primeira vez o filho, Afonso Sousa, 21 anos, do Belenenses. Como jogador, o agora treinador do Mafra (II Liga) viu-se na pele de adversário do pai, António Sousa, em três ocasiões, e marcou em todos os jogos. Agora, diz, está mais do que preparado para voltar a ganhar, até porque o historial dos confrontos com o filho lhe é favorável.
"Estamos sempre a picar-nos um ao outro. Ele diz-me que o Belenenses tem uma grande equipa e que tive azar, porque, se calhasse outra, teria hipóteses de passar. Recordo-lhe que, desde que ele era pequeno, nos jogos que fizemos um contra o outro - de futebol, playstation ou do que quer que seja - ele nunca me ganhou em nada e por isso não vai ser agora que vai ganhar", assegura, e lembra outro episódio curioso da infância do médio da equipa de Petit: "Quando ele era mais novo, jogávamos até aos dez e deixava-o chegar aos nove, mas depois ganhava-lhe 10-9 e ele chorava imenso. Espero que seja mais um dia assim e que venha a chorar".
António Sousa, pai de Ricardo e avô de Afonso, deseja "sorte aos dois", mas tem uma preferência quanto ao vencedor. "Espero que o meu neto seja o melhor jogador em campo, mas torço mais pelo pai, e que consiga vencer. O Ricardo precisa de um clique de sorte, está numa fase de transição, de ascensão, e seria ótimo fazer um bom resultado com o Belenenses", defende, e admite que estes "são sempre momentos complicados, pela parte emocional".
Como o neto é quem "vai estar lá dentro", aconselhou-o a "procurar fazer pela vida e o melhor que sabe".
Ricardo Sousa reconhece que se deixava "influenciar pelo jogo" e que o filho consegue "gerir melhor as emoções"
Há quem diga que são muito parecidos, mas Ricardo Sousa entende que Afonso é "muito diferente" dele. "Eu era mais explosivo", defende: "Deixava-me influenciar pelo próprio jogo, era muito temperamental. O Afonso consegue gerir mais e melhor as emoções do jogo. Com a idade que tem, demonstra ser mais adulto do que eu era e isso está a fazê-lo crescer muito". Na comparação a nível técnico, Ricardo Sousa considera que o filho é "mais intenso e agressivo":
"Está a jogar numa posição mais recuada , a oito ou a extremo; eu era um 10 puro, que infelizmente cada vez existe menos no futebol, um jogador de drible, de explosão, de último passe, de golo. Estão a transformar o Afonso num jogador diferente, um pensador, que consegue marcar o ritmo de jogo, inteligente com e sem bola, e por isso somos um bocadinho diferentes".
O mais novo dos Sousas "não desanima tanto"
António Sousa conta que o filho e o neto "não são diferentes" em termos de mentalidade. "Querem ganhar, ganhar e ganhar e nunca se dão por vencidos", conta. "O Afonso é mais irreverente do que o Ricardo e não desanima tanto, como muitas vezes acontecia com o pai, e nos momentos menos bons tem muito mais força", analisa o avô.