Ricardo Costa: "A minha perna parecia carne picada, via-se o osso, era violento"
Excertos da entrevista de Ricardo Costa a Maniche no programa "Hora dos Craques", do Porto Canal
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O grave acidente que quase lhe amputou uma perna: "Tinha seis anos. Estavam umas 12 pessoas à volta da mesa. Estavam a assar chouriços naquelas terrinas, deitaram álcool mas a labareda saltou ao contrário. Queimou as mãos ao homem, deixou cair a garrafa e esta caiu em cima das minhas pernas. Comecei a pegar fogo. Caiu nas pernas mas começou a subir, queimou-me a orelha e as costas. O pior foi na perna, estava de calções e caiu direto. Estive um mês internado no São João e um ano e meio sem jogar. A perna estava a apodrecer e do joelho para baixo era para ser cortado. Os meus pais pediram uma segunda opinião e encontrei uma senhora que usou umas ligaduras e panos com azeite e a perna começou a regenerar. A minha perna parecia carne picada, via-se o osso, era violento. Estava todo ligado, parecia uma múmia."
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A dura lição de Felix Magath: "Felix Magath na Alemanha ganhou tudo o que tinha para ganhar, mas era mesmo mau. Só que tenho de lhe agradecer porque à custa dele parece que tenho três pulmões e dois corações. Todos os euros que ganhei na Alemanha foram suados, saíram-me do corpo. Era titular indiscutível, fomos para a pausa de inverno e ele contratou outro central. Vem o primeiro jogo e eu saio ao intervalo. 'Já fui'. Estive dois meses sem jogar, capitão de equipa, líder. Nos treinos parecia um cavalo. Até que fui falar com ele. 'Só agora é que vens falar comigo? Estavas contente por estares no banco?'. Oh míster, se estou no banco é porque não estou capaz para jogar. 'Não, eu quero ver qual é a tua iniciativa para vires falar comigo e quereres jogar'. Aprendi uma grande lição. Se estás injustiçado, comunica, fala, tenta perceber. Demorei dois meses..."
O que faltou fazer como jogador: "Não fazer a 25.ª internacionalização por Portugal. Transmiti isso às pessoas da federação. No FC Porto ganhei tudo menos a Supertaça Europeia, perdemos aquelas duas finais e fiquei cego com isso. Estive em vários clubes, voltei a Portugal e fechei um ciclo no Boavista, fiz tudo aquilo que queria, mas não conseguir a 25.ª...depois de ter feito três mundiais, um europeu, ser campeão europeu sub-18, ganhar o Toulon, custou."
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Melhor momento da carreira e uma família de azul e branco: "Taça UEFA. Aquele público, aquela emoção, aquele sofrer. Quando penso nesses títulos penso no grupo e liderança que tínhamos. Era um grupo para vencer tudo, tudo o que viesse nós limpávamos. Sem dizer nada, íamos 13 ou 14 almoçar. Houve um treino em que o Secretário deu uma porrada no Alenichev e, depois, o Paulinho Santos virou-o ao contrário. E quem era o melhor amigo do Alenichev? O Paulinho. Quando fez isso, fomos todos atrás dele para o virar a ele. Chegámos ao balneário, demos todos um abraço e fomos almoçar."
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