Revolução do futebol encarnado engloba a equipa B, que terá um plantel quase novo e inúmeras dispensas.
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A revolução em marcha no futebol profissional do Benfica, com maior mediatismo e investimento na equipa principal, é uma onda que vai varrer também a formação secundária.
O JOGO apurou que estão a ser avaliados muitos jovens do plantel da última época, mas a análise preliminar aponta para que a geração de 2000 e 2001, somando-lhe alguns jogadores mais velhos, estará de saída e a lista engloba onze a 12 elementos.
Em todos os clubes existem, na formação, gerações mais produtivas do que outras, sobretudo no que respeita ao aproveitamento para a equipa principal ou para colocação no mercado por verbas significativas. É este o enquadramento do último plantel dos bês encarnados, nomeadamente pela consciência interna que se esgotou o prazo para grande parte deles neste escalão.
Em marcha está, por isso, a tomada de decisão que determinará várias saídas e, em paralelo, a eventual permanência de um ou outro elemento, devido a estratégia ou aposta num projeto individual, embora o número final vá depender também da capacidade dos responsáveis encarnados de conseguirem que o mercado absorva os jovens excedentários.
Do lote que está na agenda diretiva há dois jogadores que ainda serão alvo de observação ao vivo por parte de Roger Schmidt, o novo treinador da formação principal - em decisão conjunta com o também novo técnico dos bês, Luís Castro -, que contará com Sandro Cruz (21 anos) e Tiago Gouveia (20), exemplos das gerações de 2000 e 2001, no arranque da pré-temporada.
O primeiro, lateral esquerdo lançado por Nélson Veríssimo na ponta final desta época, ganhou espaço em função da indefinição em torno de Grimaldo; o segundo, extremo, também estreado pelo ex-treinador das águias, tem qualidades que agradam, mas a permanência dependerá sempre da concorrência, sobretudo dos reforços para as alas, que terá. O empréstimo de ambos era o que estava previsto, mas será o treinador alemão a dar a última palavra sobre este tema. De resto, e da lista de jogadores que estão com a porta de saída no horizonte [ver campo em anexo], há ainda o guardião Kokubo que, pela promoção de Samuel Soares aos AA, ainda não tem o futuro definido.
Os mais velhos e nova fornada de... campeões
O esvaziamento começou na época passada, mas já teve um exemplo em janeiro, com a saída de Pedro Ganchas para o Paços de Ferreira. A lógica irá manter-se, o Benfica procura negócios em que possa manter alguns (poucos) em empréstimo e vários com saídas definitivas mas com partilha de passe ou até alguma verba inicial, sempre com um futuro encaixe defendido, num modelo que teve um exemplo ontem, com o anúncio da saída de Jair Tavares [ver peça ao lado], da geração de 2000, mas que terá extensão aos de 2001 e a outros dois mais velhos, como Fábio Duarte e Kalaica, ambos com 24 anos e sem espaço evolutivo na formação secundária.
O esvaziamento também se justifica, a nível interno, por outro prisma e que está umbilicalmente ligado ao título de campeão europeu da UEFA Youth League, conquistado em abril pelos sub-19 das águias, então sob o comando, precisamente, de Luís Castro, técnico que renovou recentemente o seu contrato e foi promovido a líder da equipa B. Há uma nova fornada proveniente desse escalão e foi decidido pela estrutura da formação que o espaço competitivo mais indicado será a segunda equipa, mesmo havendo consciência que a primeira época poderá não ter retorno de resultados pela competição com adversários mais velhos e com mais experiência.
Dos campeões europeus de sub-19, Tomás Araújo vai manter-se na equipa principal como quarto central e Henrique Araújo também como aposta para o eixo do ataque. Serão acompanhados pelo médio Martim Neto e pelo extremo Diego Moreira que, porém, poderão ser chamados a competir pelos bês, onde encaixarão os restantes jovens que levantaram o referido troféu.
De 2001 só se "salva" o goleador Gonçalo Ramos
Há no plantel principal dois exemplos da geração de 2001, um deles contratado aos 18 anos (o central Morato) e outro formado no Seixal (o avançado Gonçalo Ramos). Portanto, olhando à maior caminhada de águia ao peito, o dianteiro acaba por ser a exceção que confirma a regra. Olhando para outros jovens da mesma geração, o Benfica garantiu encaixe de oito milhões de euros. De resto, olhando a 2000 e 2001 e além dos que estão para sair, não se afirmaram pelo Benfica jogadores como Tomás Tavares, Celton Biai, Tiago Dantas, João Ferreira.