Recorde tudo o que foi dito na 17.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano
Corpo do artigo
Menos de duas horas após o início da 17.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto, Lourenço Pinto foi dispensado pela juíza Ana Dias.
“Tenho respeito e sempre tive um convívio salutar com todos os juízes, algum mal-entendido não passou de um mal-entendido. A minha intenção sempre foi colaborar”, afirmou o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral do FC Porto.
Perguntas do advogado Gonçalo Novais
Gonçalo Novais: Pinto da Costa era amado pelos sócios?
LP: “O senhor Pinto da Costa era amado por uns e não era por outros.
GN: Conhece Vítor Oliveira, um tal Aleixo?
LP: “Não me recordo mesmo”.
GN: Ainda faz parte do FC Porto?
LP: “Faço parte do Conselho Superior do FC Porto. Tenho má memória desse Vítor Aleixo. Sei de um Belarmino Aleixo, que era delegado de árbitros.”
Lourenço Pinto garantiu que não infringiu qualquer regulamento na Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023. “Há regulamentos a cumprir. A convocatória é clara. A Assembleia Geral ou começa com metade dos sócios do clube, ou meia-hora depois com qualquer número de sócios presentes. Caso contrário era ”bicha, bicha, bicha” e não se fazia nada. Não dei mais tempo para os sócios entrarem na assembleia, dei mais tempo para se permitir a organização do Dragão Arena."
Juíza Ana Dias: “Quem lhe facultou a lista dos sócios credenciados para a Assembleia Geral que o doutor Lourenço Pinto enviou para a PSP?
Lourenço Pinto: “Os serviços do clube fizeram chegar à minha mão as informações que transmiti. Sócios, pessoas credenciadas para fazer a segurança. O número de credenciados não correspondia ao número de pessoas presentes. Era uma diferença abissal. Algo correu mal e a Polícia quis saber por que razão essa diferença causou problemas à Polícia. Fiz uma relação exaustiva dos credenciados, porque muitos dos que lá estavam violaram o que estipulámos”.
Juíza Ana Dias: “Tem ideia da disparidade do número de pessoas que entraram sem estarem credenciadas?”
Lourenço Pinto: “Cerca de 200 a 300 pessoas.”
Respostas a outra advogada
“As assembleias gerais necessitam de maioria absoluta de sócios. Cheguei à assembleia às 21h30, quando ceguei à assembleia verifiquei que havia um número de pessoas anormal. Decidimos suspender e ir para outro lugar marcado, a sala VIP que está preparado para 800 pessoas. Quando saímos do auditório ficou logo marcada para o dia 20 de setembro [enganou-se na data]. O pavilhão está preparado para um jogo do dia seguinte de várias modalidades, saímos da bancada e aconselhei todos os associados a saírem da assembleia. As assembleias gerais têm sempre um formalismo especial, a votação da Ordem de Trabalhos jamais se faria.”
Alguém lhe comunicou que não havia condições?
“Isso é tudo uma atoarda. Foi a primeira vez que vi uma altercação corporal numa Assembleia Geral e, de imediato, suspendi a assembleia. Piropos é normal, mas desrespeito e agressões não tolero.”
O ex-presidente da Mesa da AG do FC Porto e a juíza Ana Dias entraram em conflito verbal.
Juíza Ana Dias: “Por que razão não deu encerrada a Assembleia Geral?”
Lourenço Pinto: “Admiro essa pergunta”.
Juíza Ana Dias: “Não quero a sua admiração. Se sabia que não ia haver votação, porque não decidiu suspender imediatamente a AG dado que o objetivo nunca seria concretizado, porque é que passaram do auditório para o pavilhão?"
Lourenço Pinto: “Francamente, admiro-me que essa pergunta seja feita a mim. Faço assembleias ainda a senhora doutora juíza não era nascida. Foi estratégia, entendi que não havia condições de votação, mas os sócios tinham o direito a reunir-se. Não era justo ter os sócios cá fora e serem mandados embora. Tem de haver carinho e respeito pelos sócios."
Juíza Ana Dias: “Está a dizer-me que mesmo sabendo que não seria votado qualquer estatuto, a reunião passou para o pavilhão pelo direito à reunião dos sócios?"
Lourenço Pinto: “Não admito que o tribunal faça as perguntas e dê as respostas. Participo em assembleias gerais ainda a senhora doutora juíza não era nascida.”
Juíza Ana Dias: “O senhor está a raiar a má educação com o tribunal. Está a raiar a desobediência. Está no limite, a ser mal educado.”
Lourenço Pinto: “O que a senhora doutora juíza diz é gravemente ofensivo. Está a ofender-me e não tolero.”
Juíza Ana Dias: “Estou aqui na minha função de Presidente. Não pode virar-se para o tribunal e dizer que não pode dar resposta.”
Primeiras questões formuladas numa das salas do Tribunal de S. João Novo
Advogada do arguido Vítor Catão
Conhece Vítor Catão?
“Conheço o Vitor Catão porque era presidente de um clube. Estou ligado ao fenómeno desportivo, como presidente da AF Porto."
Há quantos anos conhece Vítor Catão?
“Há vários anos. Sou testemunha de tribunal, não sou de defesa.”
Não sabe se era polémico?
“Não faço ideia”
Tem conhecimento de algum vídeo polémico?
“Lamento, mas não acompanho as redes sociais. Comigo, portou-se sempre bem, foi sempre um cavalheiro, um homem bem-comportado.”
A juíza Ana Dias deu início à 17.ª sessão, às 14h40.
Lourenço Pinto, 88 anos, advogado, presidente da Assembleia Geral à altura dos factos, responde:
“Estou reformado, mas trabalho”.
Antigo líder dos Super Dragões, o único arguido que está em prisão preventiva, está na sala de audiências, como habitual.
Lourenço Pinto, ex-presidente da MAG dos dragões, será ouvido em tribunal esta quinta-feira. Atendendo à idade, requereu ser o primeiro a ser ouvido.
A juíza que preside ao julgamento da Operação Pretoriano aliviou as medidas de coação aplicadas a Sandra Madureira e a outros arguidos, dispensando-os de se apresentarem num posto policial em dias de jogos do FC Porto. A decisão abrange os encontros que os azuis e brancos realizarem no Mundial de Clubes, nos Estados Unidos, e na pré-época, devendo regressar à primeira fórmula quando se iniciarem os desafios oficiais de 2025/26, se não houver uma decisão sobre o caso até lá.