Recordações de quem passou por FC Porto e Nice: "Os fãs enlouqueceram nesse dia"

Seri vestiu a camisola do Nice
Seri recorda breve passagem pelo FC Porto, antes de se fazer estrela no Nice. Costa-marfinense ainda treinou com os craques da época do título que tornou sagrado o golo de Kelvin. Recorda saída apressada, após golpe na sua confiança
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Atualmente no Maribor, Jean Michael Seri, não esquece o FC Porto, nem o Nice, o clube que lhe abriu portas da Europa, após chegar do ASEC Mimosas, e aquele onde mais sucesso alcançou, contratado pela formação gaulesa ao Paços de Ferreira, fechando a etapa com 12 golos em 123 jogos, realizados durante três temporadas. Saiu, depois para o Fulham, a troca de 30 milhões. O médio costa-marfinense, hoje com 34 anos, não saiu satisfeito do FC Porto, lembra aqui que foi traído nas suas ambições, após ter sido um elemento altamente promissor ao serviço da equipa em 2012/13. Marcado por essa frustração de não ter conseguido futuro de dragão ao peito, Seri ergueu a sua carreira a grande nível no Nice mas também no Galatasaray, Fulham ou Hull City.
"Aquilo que mais me marcou no FC Porto foi a oportunidade de treinar na primeira equipa ao lado de grandes jogadores como James Rodríguez, Moutinho e Lucho. Mas podia enumerar muitos mais, porque essa equipa estava amplamente recheada. Mantive boas relações com muitos, senti a atmosfera de família, fui otimamente acolhido. Acho que causei um impacto inicial muito positivo, apreciaram bastante o meu nível e ficaram surpreendidos ao verem o que podiam fazer, recém-chegado de África. Foi muito bom", relata o médio, relembrando como convivia nesse FC Porto dominado de craques, que seria campeão perto do fim na épica vitória sobre o Benfica, coroada por um golo de Kelvin.
"Eu treinava pontualmente com eles, ajudava a completar o grupo. Mas não foi frequente como desejaria, estava mais dentro da equipa B, fui colocado lá imediatamente. Ocasionalmente subia à primeira equipa, pelo que pude ganhar essa proximidade com os jogadores. As emoções do título foram formidáveis e incríveis. Não fui ao banco nesse encontro, segui por casa e aquele golo foi um momento muito forte para todos. Os fãs enlouqueceram! Viram a equipa ganhar esse jogo, saltar para a frente e ser campeã", recua Seri. "Foi algo histórico que ficou na memória", sintetiza o centrocampista, de 34 anos, que se tornou peça assídua na Costa do Marfim, vencendo uma Taça de África.
No meio dessa impagável conquista, subiu à tona o desconforto do atleta no final dessa temporada. "Fiquei com um gosto muito amargo, porque houve uma tremenda falta de respeito, que quebrou a minha confiança. Falo do que estava dito e contratualizado. Eu não aceitei bem, porque tinha a promessa de passado seis meses integrar a primeira equipa com um contrato de três épocas", explica Seri. "Foi uma deceção pedirem-me para ficar mais um ano na equipa B. Eu tinha outras ambições e isso fez-me sair do FC Porto. Felizmente encontrei o interesse do Paços de Ferreira e foi uma grande passagem, que me ajudou a superar verdadeiros maus momentos", descreve.
"Castro e Lucho encarnam o portismo"
Hoje na Eslovénia, depois de ter sido jogador de Álvaro Pacheco na Arábia Saudita, Seri está um pouco distante das realidades de FC Porto e Nice, mas agarra-se aos pontos de contacto com a sua história em ambos os clubes. "Não é um encontro habitual, mas diria que o Dragão é sempre uma atmosfera especialmente forte, que torna o contexto muito difícil para o Nice. Não conheço bem as equipas, a forma atual, mas pelo fator casa e reconstrução, o FC Porto parece-me favorito", elucida o médio, citando quem engrandece a paixão e mística azul-e-branca.
"Castro e Lucho são jogadores que encarnam, realmente, o espírito do clube e o portismo. Não me surpreendem as posições que ocupam e fico bem feliz de terem seguido este caminho", valida, encontrando Dante, do lado do Nice, como outro caso de proximidade. "É a verdadeira bandeira do profissionalismo máximo. Só me posso orgulhar de ter sido seu colega, de o ver ainda fiel ao jogador que conheci. Muito feliz pelo exemplo que dá. Muitos jovens podem ver que o futebol não se mede pela idade. Estão perante profissional de mão cheia, que é uma representação perfeita dos valores para novas gerações", documenta Seri, desvalorizando a ligação de Farioli ou Pablo Rosario ao Nice. "O facto de conhecerem o clube dá uma pequena orientação, algumas pistas, mais que tudo a um treinador sobre o que pretende fazer. Mas diria que é um efeito mútuo. O Pablo Rosario pode retirar dividendos de conhecer o Nice, como os seus ex-colegas também de o conhecerem a ele. É muito difícil prever o que este jogo pode dar."
