Gonçalo Guedes e Bernardo Silva são referências "made in Benfica". Mas há mais na calha: João Carvalho, João Filipe ou Filipe Soares são nomes para o futuro. Para início de conversa, são 300 euros/ano
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Gonçalo Guedes. Bernardo Silva. Ambos são meninos-bonitos da Luz. Um brilha de águia ao peito, o outro encanta no Mónaco. São o mais puro produto da formação do Benfica; o primeiro entrou para as escolinhas com seis anos, o segundo com sete. E ambos começaram por pagar para jogar no Benfica, algo que milhares de miúdos fazem todos os meses, à espera de concretizar o seu sonho e chegar à equipa principal. Mas se estes são os mais sonantes, há mais que começam a ganhar peso e de quem o clube espera muito.
João Carvalho, apontado por Luís Filipe Vieira como sucessor de Aimar, está na rampa de lançamento, ele que é titular na Seleção de sub-21 e indiscutível na equipa B, onde está já João Filipe, médio-ofensivo campeão europeu de sub-17 no último verão e que, apesar dos seus apenas 17 anos, está muito cotado na Luz; e, ainda juvenil mas já nos juniores, o médio Filipe Soares também está protegido com um contrato profissional.
Com uma base cada vez mais alargada - conta já com mais de sete mil crianças espalhadas por 45 escolas, quer em Portugal quer no estrangeiro, e com uma rede que inclui 350 técnicos -, este projeto, com cerca de 20 anos mas que existe nos atuais moldes há 13, começa cada vez mais a dar os seus frutos, contando os escalões de competição neste momento com 61 jogadores que começaram o seu processo em "casa".
O Estádio da Luz, ponto final da aventura, é também o ponto de partida. Todos os dias, durante cerca de quatro horas, mais de 300 miúdos enchem o campo sintético junto à zona comercial. Tudo começa pelas 17h15, hora a que os mais pequenos começam a chegar. A partir daí, a energia e o burburinho são contagiantes.
O ruído é constante e quase não há tempo para pausas - salvo raras exceções, para que os treinadores passem indicações ou simplesmente para se beber água, ainda que alguns (os mais pequenos e ainda menos "disciplinados") por vezes se esqueçam de voltar ao treino.
"O que queremos é isto, toda a gente a mexer-se e em atividade. Somos intensos, mas porque queremos dinâmica. A primeira coisa que os miúdos têm de fazer é ganhar o gosto pela prática desportiva, e sentirem também o gosto de estar no Benfica. Sentirem segurança emocional. A partir daí estão criadas as bases para se trabalhar o que lhes queremos ensinar", explica a O JOGO Fernando Pinto, coordenador executivo da Escola de Futebol do Benfica.
Sendo uma fonte de receitas - a mensalidade mínima, para sócios, é de 25 euros, com um treino semanal, perfazendo um custo anual para as famílias de pelo menos 300 euros, que pode subir para os 540 com dois treinos (excluindo o valor da inscrição, de 75 euros) -, as escolinhas visam, além de reforçar a marca a nível interno e externo, sobretudo "encontrar talento", como sublinha Fernando Pinto.
E impregnado de paixão pelo clube. "Se um miúdo como o Gonçalo [Guedes], que tem 14 anos no clube, não sentir o Benfica por dentro e por fora, mais ninguém sente", frisa o coordenador do projeto, revelando uma brincadeira interna: "Digo ao pessoal do futebol profissional: "Não sei o que fazem, mas eles comigo pagam para jogar; já vocês têm de lhes pagar.""