Quer estagiar no Benfica e traça o perfil do treinador: "Com Schmidt é tudo no 'red line'..."
Fabian Hurzeler, adjunto do St. Pauli, que pediu estágio com o compatriota no Seixal, frisa que este exige o máximo de todos. No Benfica, o técnico está a ver repetida a qualidade já mostrada pelo colega de profissão no Bayer e no PSV. "Schmidt exige tudo de cada jogador, é muito disciplinado", aponta Hurzeler a O JOGO.
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A forma como Roger Schmidt chegou ao Benfica e, desde logo, impôs o um estilo próprio não causou qualquer surpresa em quem conhece muito bem a forma como o alemão monta as suas equipas. O JOGO falou com um deles, Fabian Hurzeler, técnico-adjunto do St. Pauli, de 29 anos, que se habituou a analisar e escalpelizar o que Schmidt faz desde as passagens pelo Bayer, pelo PSV e, agora, no Benfica e que deseja, no final deste ano, estar no Seixal algumas semanas a ver Schmidt em ação.
O técnico enaltece a qualidade do colega e avisa que, com ele, não há quem faça "ronha", a treinar ou a jogar.
"A sua maior força vem da cultura que tem do jogo. Em todos os treinos e jogos tudo é feito no "red line" [no limite]. Ele exige tudo de cada jogador, é um treinador muito disciplinado", aponta Fabian Hurzeler, ele que fez toda a formação de jogador no Bayern de Munique, onde chegou a ser capitão nos escalões jovens dos bávaros ao lado de colegas hoje bem conhecidos como Emre Can, David Alaba ou Philippe Max.
E acrescenta: "Quando Schmidt vê algo que não gosta num jogador diz-lhe imediatamente, diz-lhes sempre a verdade e é muito exigente na forma como quer que todos joguem de acordo com o seu estilo e filosofia."
Hurzeler frisa ainda que Schmidt tem uma forma de estar tranquila mas isso pode mudar se necessário. "Ele sabe exatamente quando é para estar calmo ou quando precisa mostrar-se um pouco mais agressivo. Consegue um grande equilíbrio entre os dois vetores e isso é um dos seus pontos fortes no balneário", destaca.
"Calma frente à Juve mostra confiança que há"
O jogo do Benfica em Turim, frente à Juventus, foi um dos que Hurzeler viu e analisou mais atentamente à posteriori, usando-o como exemplo perfeito do que são as equipas de Schmidt quando estão afinadas.
"A Juve até começou o jogo muito bem, criando duas ou três ocasiões para marcar mas foi muito interessante observar a calma de Schmidt e da equipa perante esse início do adversário. Essa atitude demonstrou claramente a convicção e a confiança que todos têm no seu estilo de jogo. Durante toda a partida, o Benfica foi a melhor equipa, muito compacta, forte nas transições com bola e sempre a encontrar boas soluções em posse. Vê-se que quem está a jogar no onze do Benfica se encaixa na perfeição na filosofia do treinador", afirmou o técnico.
Uma "coincidência" com Klopp
A paragem das ligas no inverno devido ao Mundial do Catar será uma janela de oportunidade para Fabian Hurzeler vir a Portugal e ver como trabalha o Benfica de Roger Schmidt. O adjunto do St. Pauli já anunciara essa intenção na semana passada, em entrevista no seu país, e confirmou a O JOGO esse desejo, assim que tal seja autorizado.
No Seixal, espera aprender mais e juntar esse saber ao que já ganhou quando estagiou com Jurgen Klopp no Liverpool. Treinadores diferentes mas a semelhantes num aspeto. "Schmidt e Klopp coincidem na consequência que conseguem ter do seu trabalho: ambos têm a sua própria filosofia de jogo, ideias próprias e seguem-nas até ao fim, de forma constante e consistente", entende Hurzeler.