"Quem me surpreendeu mesmo muito, porque ainda não o tinha visto de verdade, foi Diogo Costa..."
ENTREVISTA, PARTE I >> Tomás Costa, antigo jogador do FC Porto, voltou a Portugal ao fim de quase 13 anos, viu o jogo frente ao Inter e saiu encantado com o guarda-redes portista
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Tomás Costa, médio argentino que foi campeão com Jesualdo Ferreira no FC Porto, voltou ao Dragão ao fim de quase 13 anos a convite de André Villas-Boas, com quem trabalhou apenas dois meses, o suficiente para iniciar uma amizade que se mantém. Já na Argentina, Tomás conversou com O JOGO sobre as emoções que viveu neste regresso, a sua carreira e do que viu na partida com o Inter de Milão.
Ex-médio ficou com "pele de galinha" no regresso ao Dragão, onde encontrou tudo igual e viu uma "grande equipa" com um Taremi que "joga muito bem" mas mais longe da baliza do que as referências do passado.
Esteve por Portugal na semana passada, foi para matar saudades?
-Há muito tempo que não voltava e tinha coisas para resolver como a venda da minha casa. Aproveitei para rever gente que foi importante para mim. Foi uma viagem maravilhosa, não contava com essas sensações de nostalgia pelos lugares e pelas pessoas. Fiquei muito feliz por rever amigos e saber que estão bem junto das suas famílias. Foi gratificante ter sido bem recebido, ver o jogo com o Inter, voltar ao Dragão, estar com o Villas-Boas... Foi tudo muito positivo, encheu-me a alma. Senti que a experiência que vivi tinha sido noutra vida. Desfrutei muito.
"O clube está igual, continua com a mesma mística e grandeza que o caracterizam"
Encontrou um FC Porto muito diferente daquele que deixou em 2010?
-Isso foi algo que me surpreendeu, encontrei tudo igual e passaram quase 13 anos. Diferente apenas a mentalidade dos rapazes porque conhecemo-nos quando éramos jovens e tínhamos o mundo pela frente, agora têm todos família. Surpreendeu-me que o clube esteja igual, continua com a mesma mística e grandeza que o caracterizam.
Como foi voltar ao Estádio do Dragão?
-Emocionante. Quando programei esses dias no Porto não tinha isso em mente. O André [Villas-Boas] convidou-me e fiquei com pele de galinha porque via-me a mim naquela situação. Com o passar do tempo valorizas muito mais estas coisas: ouvir o hino da Champions, o hino do FC Porto, foi como se estivesse lá dentro. Se há coisas que enchem a alma são essas, não têm preço. Emocionei-me bastante.
Tomás Costa cumpriu duas temporadas no FC Porto, onde foi campeão sob o comando de Jesualdo Ferreira. Partilhou balneário com Hulk, Lucho, Lisandro, Bruno Alves, entre outros
Os adeptos reconheceram o Tomás Costa?
-Sim. Estou diferente fisicamente, mais velho, mas reconheceram. Não tinha grandes pretensões a esse nível porque sei qual foi o meu lugar na equipa e que houve jogadores muito mais importantes do que eu. Ser reconhecido não é algo que mude a minha forma de ser e estar. Ajudou o facto de o André ter colocado uma foto nossa nas redes sociais.
"Benfica está naquela senda de confiança e otimismo"
Que lhe pareceu o jogo com o Inter?
-O FC Porto mereceu ganhar. O Inter, em determinadas fases, pareceu cómodo pela sua forma de jogar, as equipas italianas são assim: podem estar a defender 90 minutos que não mudam. Faltou o golo. Às vezes falamos de tudo o que fazemos bem e tudo depende se a bola entra ou não na baliza. Ficou uma boa imagem, agora é pensar em chegar o mais alto possível no campeonato e dar luta ao Benfica.
São dez pontos de desvantagem...
-Sim, e o Benfica está naquela senda de confiança e otimismo. São anos e cada um é diferente. O FC Porto está sempre na luta pelo título e a competir de igual para igual a nível internacional. Há coisas para melhorar e olhar sempre para a frente. Gostei do que vi. Oxalá ainda dê para ser campeão ou, no limite, que se apure para a Champions.
"Diogo Costa é muito calmo, é incrível a jogar com os pés. Ao fim de cinco minutos vês um jogador assim e dás conta que é distinto"
Com que opinião ficou da equipa do FC Porto, depois de a ver ao vivo?
-Nunca deixei de acompanhar o FC Porto. A essência e a dinâmica da equipa fazem parte da identidade do clube, seja qual for o treinador. A ideia de jogo é mais ou menos a mesma. Talvez tenha visto sempre o FC Porto com uma referência na área e Taremi tem uma forma de jogar diferente, joga muito bem, mas mais longe da baliza do que o Lisandro, o Falcao ou o Jackson Martínez. São características diferentes. No jogo com o Inter talvez tenha faltado um ponta-de-lança mais perto da baliza. O Taremi tem movimentos muito bons, diagonais espetaculares. Gostei muito do médio-centro, o miúdo sérvio [Grujic], o Uribe também. Faltou o Otávio que é determinante. O FC Porto tem uma boa equipa. Quem me surpreendeu mesmo muito, porque ainda não o tinha visto de verdade - na televisão é diferente - foi o guarda-redes. É espetacular, de um nível altíssimo. É muito calmo, é incrível a jogar com os pés. Ao fim de cinco minutos vês um jogador assim e dás conta que é distinto.
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