Ex-selecionadores concordam com posição assumida pelo treinador Rui Jorge, criticando o jogador por pedir dispensa dos Sub-21
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A dispensa de Eduardo Quaresma da Seleção Nacional Sub-21, que prepara o Campeonato da Europa, que se realiza na Eslováquia, ainda faz correr muita tinta. O central do Sporting pediu dispensa por considerar que não estava nas melhores condições físicas e psicológicas para integrar o lote de convocados de Rui Jorge para a competição e este respondeu publicamente, criticando o comportamento do jovem jogador dos leões, campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal. “O Quaresma disse que não se sentia com energia para poder ajudar a equipa a cem por cento [...] Portanto, nem sentia a motivação para ajudar a equipa. Quando assim é, haverá outro que está com essa energia e com essa motivação a cem por cento e que nos ajudará ou tentará ajudar. A Seleção não pode ser apenas para quando dá jeito para assinar um contrato ou para relançar a carreira nos próprios clubes. Mais uma vez, muitas vezes o que se diz não é o que se demonstra”, atirou o selecionador, em tom crítico, numa entrevista ao canal 11.
Rui Jorge assumiu uma posição de força e, ao mesmo tempo, expôs o jogador. Mas teria o selecionador nacional alternativa? Ouvidos por O JOGO, Nelo Vingada e António Violante, antigo selecionador Sub-21 e antigo selecionador Sub-20, respetivamente, concordam que os interesses pessoais não se podem sobrepor aos interesses coletivos. “Portanto, Rui Jorge não tinha margem para responder de outra forma. Tem de haver respeito pela Seleção Nacional. Rui Jorge tem razão ao dizer que a seleção não é um espaço competitivo para quando lhes dá jeito. Não vou especular muito mais em relação a este tema, porque não estou por dentro de toda a situação, mas a verdade é que só posso concordar com o Rui Jorge. Entendo que possa estar cansado pela fase final da temporada, mas parece-me que haveria outras formas de resolver a situação. Não se trata de uma situação nova nas seleções… Se houve prova fundamentada de pura gestão de carreira, para mim a porta estaria fechada, não tem perfil para estar na Seleção” referiu António Violante. Posição semelhante foi assumida por Nelo Vingada. “Percebo a condição do Quaresma, mas de uma coisa tenho a certeza: era recuperável até ao início do Europeu. O Rui Jorge para falar da forma como falou é porque estava ferido, pois é uma pessoa ponderada”.
Porta fechada a um jogador
António Violante conta que a situação de Eduardo Quaresma não é virgem na seleção e que ele próprio viveu momentos semelhantes quando dirigia os Sub-19. “Aconteceu o mesmo comigo, quando eu estava nos sub-19. Um jogador, que não vou dizer o nome, demonstrou indisponibilidade para estar na seleção. Na altura, disse-lhe que não o convocava mais. Como disse anteriormente, a seleção não é um espaço só para quando dá jeito. Não alterei a minha posição e esse jogador voltou a ser convocado apenas por um colega que chegou posteriormente”, sublinhou o antigo treinador.