Da soma dos problemas que o plantel vimaranense enfrenta, em grande parte por casos de covid-19, emergiu uma solução belíssima: Quaresma e Edwards no mesmo onze.
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Nenhum adepto esquecerá o dia em que, com a paciência e sensatez que lhe são habituais, João Henriques explicou que Ricardo Quaresma e Marcus Edwards constituem casos de criatividade atacante claramente acima da média que implicam uma gestão cuidadosa, de forma a não colocar em risco o equilíbrio da equipa.
Desequilibrar é a arte deles, como se viu no dérbi de Moreira de Cónegos (2-2), onde as circunstâncias voltaram a juntá-los, com um belo golo para recordar.
As palavras do treinador que resgatou a equipa a uma entrada em falso no campeonato remontam a meados de dezembro. A dupla fora titular da segunda à quinta jornada, e uma última vez à sétima. Depois, passaram a jogar de forma alternada.
"Em termos estratégicos, optámos por este tipo de gestão: quando um joga o outro está no banco. Mas todos são os jogadores são compatíveis", explicou João Henriques, na hora de assumir a necessidade de sacrificar o pleno da criatividade no onze titular em nome do equilíbrio em todo o terreno que a equipa construíra tardiamente e com grande esforço.
E assim foi gerido o talento, ora com Quaresma de início (três jornadas) ora com Marcus Edwards (duas), até a necessidade os devolver aos flancos do ataque, no sábado, à boleia das baixas no ataque, privado de Rochinha e de Óscar Estupiñán. O regresso foi assinalado com um belo golo, a anular um arranque a perder: aos 20 minutos, Marcus Edwards colocou a bola em André André e correu para a área; o capitão entregou-a a Quaresma, que trocou as voltas a Afonso Figueiredo e levou com ele, em pânico, quase toda a defesa do Moreirense, para êxtase de quem, através da televisão, viu o mágico, 37 anos, atrasar para André André devolver a Marcus Edwards, 22 anos, para um raro golo de cabeça, ao segundo poste, apenas com um defesa solitário e impotente pelo caminho.
A compatibilidade que João Henriques admitira sem reserva, mas que a exigência de consistência de lés a lés nem sempre permite explorar foi assim devidamente celebrada e uma das imagens que ficou da partida foi mesmo a da camaradagem dos extremos num abraço com um enorme sorriso de Ricardo Quaresma para o jovem inglês a quem a SAD acaba de prolongar contrato, até 2024 - como quem reforça a esperança de a I Liga poder vê-los juntos mais algum tempo.