"Quando vi a minha família, caiu-me logo a ficha. Desatei a chorar que nem um menino"
João Pedro esteve no clube durante 19 anos, mas a pandemia impediu-o de despedir-se dos adeptos. O adeus, muito emocionado, fez-se no jogo com o P. Ferreira.
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João Pedro deixou o Vizela onde queria - na I Liga -, mas não acabou como pretendia. O lateral-direito, que representou os minhotos durante 19 épocas e pelos quais fez 224 jogos, não se pôde despedir dos adeptos devido à pandemia e passou a team manager sem um adeus à única massa associativa que conheceu na carreira.
No dia em que os vizelenses voltaram a casa, depois de terem andado a jogar na Mata Real, casa emprestada nas primeiras rondas do campeonato, a SAD pregou uma partida ao eterno capitão e deixou-o "a chorar que nem um menino". "Foi uma surpresa completa, não sabia mesmo de nada. O nosso staff fantástico organizou tudo às escondidas. Estava no relvado, a ir para a zona dos balneários e o Pedro Albergaria [diretor desportivo] inventou uma desculpa para eu ir com ele. Quando vi a minha família, caiu-me logo a ficha. Desatei a chorar que nem um menino", conta, a O JOGO. O antigo número 30, camisola que o clube não pensa voltar a atribuir, recebeu uma salva de prata com uma dedicatória e foi aplaudido de pé pelos quase três mil adeptos. "Naquele momento senti que não ia jogar mais futebol. Para ser perfeito, só faltou termos ganho", sorriu.
Em campo, a igualdade (1-1) diante do Paços de Ferreira não satisfez a vontade de João Pedro, mas também não lhe esbateu a alegria. "Estar com a minha família de sangue e a outra família que sempre me acompanhou durante todos estes anos foi indescritível. É mais um grande dia proporcionado por esta instituição que vou recordar para a vida", assegurou. Os problemas físicos anteciparam o fim. "Podia não ser neste ano, mas sabia que o adeus estava próximo. Acabar com o clube na Liga Bwin e com umas condições ótimas de trabalho é a melhor maneira de me retirar que podia ter desejado", explica. "Há uns anos, se me dissessem que ia retirar-me assim, diria que era um sonho quase impossível", termina. Sonho que, afinal, foi bem real.