Hélder Cristóvão, antigo central e treinador que burilou Rúben Dias, esteve no jogo com o PSG e saiu sem qualquer dúvida de que o clube português tem em mãos mais um defesa com qualidade para chegar à elite mundial.
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António Silva impressiona tudo e todos e já se percebeu que tem tudo para poder vir a ser um fora de série. Há, no entanto, um ou outro pormenor em que ainda pode evoluir, de acordo com o que afirma o antigo central Hélder Cristóvão a O JOGO.
Quando o jovem estabilizar fisicamente será ainda melhor, diz o antigo central.
"O António Silva não está totalmente formado a nível físico. Quando ele tiver esse crescimento físico e depois conseguir estabilizar, vai ser ainda melhor. Vai ser mais rápido, vai ser mais forte, mais confiante, o que tem tudo a ver com um trabalho que por certo está a ser feito. Quando tiver 20, 21 ou 22 anos vai ser uma bomba", declarou um treinador que fala com toda a propriedade: por um lado, porque é o terceiro central com mais jogos no Benfica nos últimos 30 anos (atrás de Luisão e Jardel), por outro porque, na equipa B, ajudou a formar Rúben Dias, outro dos melhores nos últimos anos. Mas Hélder não quer entrar em comparações. "Não se pode compará-lo a ninguém. É deixá-lo ser o António, deixá-lo fazer o caminho dele, que está a fazer de forma perfeita, e não entrarmos em comparações nem em expectativas. Com a segurança que o António já transmite, é deixá-lo ser ele próprio", disse.
O antigo central das águias esteve na Luz a ver o jogo com o PSG e, pela primeira vez, observou António Silva ao vivo. Convidado a destacar os pontos que mais o impressionam nesta promessa, respondeu: "A personalidade, o facto de saber marcar de forma limpa, de não ser um jogador faltoso. E constrói muito bem, com um grande à vontade. É um central moderno." Mas também "a presença em campo, a maturidade e até a experiência que parece já ter, em determinados aspetos do jogo", impressionaram Cristóvão, ciente, apesar disso, que a perfeição não podia ter sido atingida com apenas 18 anos. "Há um ou outro pormenor que podem sempre ser melhorados, pequenas coisas que vão melhorando com a idade, com os jogos", realça. Mas a favor do jovem da zona de Viseu joga também o contexto extra clube. "É um miúdo com os pés no chão, uma boa formação, um bom agregado familiar."
"Fechou a porta aos concorrentes. E não me parece que perca a chave"
As perspetivas não podiam ser melhores, portanto, em relação a um central que agarrou com unhas e dentes o lugar após a lesão de Morato, que estava a jogar ao lado do indiscutível Otamendi no onze. Aliás, António começa a época no lugar número seis da posição. Em teoria, claro. Partia atrás de Otamendi, Lucas Veríssimo, Morato, João Victor e até Vertonghen, mas, por uma razão ou outra, é ele quem tem agora o estatuto de titular. E, no entender de Hélder, Roger Schmidt não tem razões para dúvidas existenciais. "Neste momento a porta está fechada para os outros. Só se o António perder a chave, o que eu não acredito", disse.
A terminar, apesar de ter recusado tecer paralelismos com Rúben Dias, Hélder concordou que Silva é um fenómeno comparável ao neerlandês Matthijs De Ligt, que aos 18 anos alinhou nas meias-finais da Liga dos Campeões pelo Ajax e, agora, com 23, já gerou mais de 150 milhões de euros em transferências, ao passar por Juventus e Bayern de Munique. "Tem a ver com o ponto maturacional de um jogador, com o seu crescimento enquanto homem. Não só como atleta, mas também enquanto homem, que lhe dá este nível de maturidade, de responsabilidade, que ele tem presente. Agora vamos ver, se tudo correr bem, se ele joga a final da Champions deste ano", expressou.
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