Os conimbricenses ficaram no topo da série 5 de acesso ao novo escalão com o tardio golo de Bonilla. Até marcar, o Oliveira do Hospital estava a ver o sonho a transformar-se num pesadelo
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Aos... 95" do último jogo da época, ante o Loures, Bonilla subiu à grande área por ocasião dum canto a favor do Oliveira do Hospital. O marcador, então 0-1, impedia a equipa de subir à Liga 3, mas o defesa não se fez rogado, muito menos se deu ao cansaço, e voou para pôr a cabeça no sítio certo e transportar a equipa para um nível superior. A bola, essa, ficou junto à rede.
Sentiu-se o herói, por ter marcado naquela circunstância, da subida à Liga 3?
-[risos] Na verdade, sim. O trabalho foi da equipa, mas um golo naquele minuto é um momento individual e fez-me sentir herói.
Tem, certamente, pensado muito naquele golo...
-Antes do jogo, sonhei muito com a vitória e estava com fé de que ia fazer um golo para fechar o marcador [risos]. Não me canso de ver na televisão, nas redes sociais, a repetição do golo. Passaram já alguns dias, mas ainda me emociono. Até na Colômbia foi destaque e vários familiares me deram os parabéns. Foi muito gratificante...
Com o jogo tão perto do fim, a confiança mantinha-se intacta ou perdiam a fé?
-Contra o Castelo Branco, também marcámos nos últimos segundos. Antes do lance no jogo contra o Loures, lembrei-me muito desse momento. Falei várias vezes aos meus companheiros que tínhamos ainda tempo e que só pararíamos no fim. O nosso querer e o nosso acreditar foi o que trouxe aquele golo.
Sentia forças para saltar tão alto ou superou-se?
-Eu já estava muito cansado naquela altura, honestamente [risos]. Quando ficamos em desvantagem, tive que subir e baixar várias vezes para ajudar a atacar e a defender. Estava mesmo com "ganas" para saltar assim.
Perderam quatro de 27 jogos. A equipa excedeu as expectativas ou provou a sua qualidade?
-Um pouco de ambas. Falavam que íamos lutar para nos manter no Campeonato de Portugal, sobretudo depois de começar mal. Conseguimos reagir, com o trabalho do míster e o apoio do presidente, que nos lembrou que tínhamos condições para dar mais. O míster fez-nos sentir importantes. O trabalho feito é fruto disso mesmo.
A Liga 3 era o objetivo do clube logo desde o início?
-Não, não. Quando cheguei ao clube, a manutenção era o pretendido, mas um jogador quer sempre mais. Pensamos muito em ganhar. Cada um de nós teve essa mentalidade vencedora. Deu ainda mais gozo subir de divisão, até porque conseguimos a manutenção bem antes da fase de apuramento.
Foi sempre titular. A que se deveu tanta regularidade?
-Quis ajudar ao máximo. Cuidei-me, treinei para jogar e para fazer parte deste trajeto. É desgastante jogar tanto, mas quando se faz o que se gosta, isso é secundário. Tive muito prazer.
Decidido a singrar para ajudar a família
Ao cabo de quase cinco anos em Portugal, oriundo de Bogotá (chegou em 2016), para ajudar financeiramente a família, o robusto defesa-central colombiano, reforço (e esteio) do Oliveira do Hospital nesta época, sente-se "completamente integrado" em solo lusitano e tem vontade de "dar passos em frente" na carreira para "chegar ao principal campeonato do país". Para já, o ex-jogador de Esperança de Lagos, Quarteirense e Sacavanense, entre outros, pretende ficar às ordens do treinador Tozé Marreco e desfrutar da "segunda família", que contribui para dissipar as saudades da de sangue, que reside e trabalha, desde 2018, no Algarve, onde encontrou a estabilidade perdida na Colômbia.