Presidente do Pessegueirense fala dos estragos: "Não estão a ser momentos fáceis"
Tiago Martins, presidente do Juventude Académica Pessegueirense, falou ao Canal 11, esta segunda-feira, depois de ver o estádio destruído pelas chamas, na sequência dos incêndios em Sever do Vouga. O clube tem apenas escalões de formação (sete), incluindo uma equipa feminina, e conta com mais de 100 jovens atletas
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Dia triste: "Foi um dia bastante triste aqui para o concelho de Sever do Vouga. Diretamente a nós também, calhou-nos a fava, com o incêndio que ocorreu junto ao nosso estádio e que teve impactos diretos a nível de danos, alguns estruturais, nomeadamente na vedação à volta do estádio, com paus de madeira, nas zonas dos balneários com vidros partidos. Não estão a ser momentos fáceis, quer para nós quer para o resto do concelho, porque existem vários focos ainda ativos de fogo, a tentar ir dirimindo aos poucos a situação e tentando minimizar o que se consegue através dos nossos meios. A ajuda dos bombeiros tem sido fulcral, desde diretores a pais, a população geral, tem havido aqui uma onda de solidariedade entre todos para tentarmos que os fogos não se propaguem a outras zonas, para tentar preservar as habitações das várias pessoas, mas pronto, tem sido bastante complicado."
O Juventude Pessegueirense: "Sim, somos um clube de futebol amador, já tivemos camadas séniores a competir no Distrital da Associação de Futebol de Aveiro. Nos últimos anos temos apostado mais na vertente de formação, temos sete escalões a competir este ano, cerca de 110 a 120 atletas de momento. Temos um escalão de futebol feminino a competir nos Sub-17 e pronto, tem sido esta a vertente e a caminhada do clube nos últimos cinco anos. Mais na parte da formação do que na parte de escalão sénior."
Quando é que perceberam que o estádio estava em perigo? "O dia quando começou, digamos assim, existia um ou dois focos de incêndio ativos, digamos assim, longe da zona do estádio. Entretanto, diretores que moram perto aperceberam-se que estava a iniciar-se um novo foco já mais perto da zona do estádio e pronto, de imediato tentaram ir para o local a ver se conseguiam minimizar ou tentar apagar localmente, antes que chegasse alguma corporação para dar apoio, mas infelizmente não foi possível, porque o estádio está localizado numa zona alta, com um pinhal à volta, que tem uma inclinação bastante íngreme e quando começou a propagar-se em direção ao estádio, foi num ápice. Quando chegaram ao local, já foi mesmo tentar guardar os bens mais valiosos que tínhamos no estádio para que não fossem danificados."
Retrato do que se vive na zona: "Eu habito na freguesia de Pessegueiro do Vouga, uma freguesia onde o estádio está localizado, moro a cerca de três quilómetros do local. Aqui à volta, neste momento, é uma nuvem de fumo imensa e consegue-se ainda vislumbrar no horizonte, mais afastado já da freguesia, focos de incêndio ativos. É difícil dizer com precisão se está mais calmo. Antes do programa estive no estádio, tentando também verificar dentro do possível o ponto de situação e se durante a noite poderia ocorrer reacendimentos ou não. Aparentemente, parece que estão as coisas mais controladas, mas o vento está incerto e vai-se ter que fazer uma noitada a vigiar, quer no local do campo, quer nas habitações, para que nada de mal aconteça."
O que precisam para retomar a atividade? "Vamos ter que, rapidamente, a partir de amanhã, contabilizar os danos reais que temos no estádio. Da parte da Associação de Futebol de Aveiro e também do Sr. Presidente da FPF, doutor Fernando Gomes, já me contactaram, disponibilizaram todo o apoio, inclusive a própria Federação tem um fundo para este tipo de acontecimentos, de causas de força maior. É contabilizar o que temos que rapidamente de repor, nomeadamente a parte elétrica para termos condições de treinos à noite, na parte dos balneários, os vidros que ficaram todos quebrados, a parte do aquecimento das águas que os fogos também danificaram, para pôr os panéis fotovoltaicos... É uma série de infraestruturas que temos que rapidamente voltar a colocar em funcionamento para que tenhamos as condições para poder treinar e jogar assim que possível. Vamos também apelar à Associação de Futebol de Aveiro para que os nossos jogos que vão iniciar agora, pelo menos quando são jogos em casa, passamos a primeira volta tudo com os jogos fora, para termos tempo para também que conseguirmos tratar todas estas retificações e permitir que os nossos atletas possam treinar com a maior segurança possível e qualidade."