Celso Almeida diz que o ex-internacional português "empobreceu" o Camacha, clube despromovido no último fim de semana aos campeonatos distritais.
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São críticas duríssimas do presidente cessante da AD Camacha, Celso Almeida, ao ex-internacional português Maniche que em agosto do ano passado espantou o país ao decidir e tornar público o investimento na Camacha. O clube madeirense desceu à competição regional 27 anos depois.
Em declarações à RTP-Madeira, Celso Almeida culpa Maniche pelo fracasso da época. "Uma gestão desgraçada de um financiador externo que nós arranjamos. Inicialmente parecia trazer grandes expetativas, mas falhou redondamente na gestão desportiva da época. É ele o principal responsável. Não cumpriu com os itens no contrato promessa que tinha para com o clube e que assinou", sublinha.
Depois de ter sido apresentado como investidor em agosto passado, com pompa e circunstância, Celso Almeida acusa Maniche de ter empobrecido a Camacha. "Foi um indivíduo que não apareceu. Foi um indivíduo que não trouxe jogadores que fizessem a diferença. Falhou completamente. Não fez investimento. Onerou as contas do clube e não trouxe ninguém que fizesse a diferença. Empobreceu em vez de enriquecer".
O incumprimento do contrato por parte de Maniche pode levar o ex-internacional a sentar-se no banco dos réus, ainda que o objetivo dos responsáveis do clube seja um entendimento com o médio português. Celso Almeida lamenta o Regulamento de Apoio ao Desporto e a falta de apoios da Câmara Municipal de Santa Cruz. Não se irá recandidatar às eleições de junho.
O clube emitiu também um comunicado a expor o caso:
"A Direção e todos os órgãos sociais da Associação Desportiva da Camacha, complementando a ação do Estado na promoção da cultura física e do desporto, dando especial atenção à formação humana e integração social, desenvolveram, sempre, um trabalho responsável de organização interna, rigor e equilíbrio financeiro, crescimento e estabilidade desportiva, no qual foram lançados os alicerces para um projeto futuro, legitimamente ambicioso, no futebol sénior, que ganhou forma em agosto de 2017, com a celebração de contrato que, ainda antes da constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), permitia a entrada de novo parceiro, português, figura do futebol nacional e internacional, que manifestava preocupações sociais e se apresentava com disponibilidade para a gestão desportiva e investimento financeiro, para respeitar a grandeza da instituição, os seus ativos humanos, a sua verdadeira história e a da terra onde pela primeira vez se jogou futebol em Portugal.
A verdade, porém, é que os compromissos assumidos publicamente com a Associação Desportiva da Camacha não foram integralmente cumpridos, num percurso de grande instabilidade e ausência que, para além do mais, prejudicou decisivamente o desempenho desportivo, dando lugar a uma inédita descida de divisão da equipa de futebol sénior que há mais anos permanecia neste patamar do futebol português.
A situação tornou-se de tal modo insustentável que a Associação Desportiva da Camacha, formalmente, invocou, expressamente, o incumprimento contratual, optando por não tornar pública essa decisão apenas para proteger a equipa de futebol sénior, evitando que se agravasse o ambiente de instabilidade.
Neste momento, um dos mais tristes da história da Associação Desportiva da Camacha, a Direção dirige-se a todos os sócios e simpatizantes para dizer que agora é tempo de refletir e pensar o futuro, num processo em que todos aqueles que vivem a instituição, a freguesia e o concelho, terão de se envolver, tudo isto sem nunca deixar de responsabilizar aqueles que, não honrando compromissos assumidos e contratos celebrados, contribuíram decisivamente para um dos piores e mais dolorosos episódios da nossa história.
Camacha, 16 de abril de 2018
O Presidente da Direção,
Celso António de Almeida e Silva