"Precisava de sair da minha zona de conforto, mas obviamente que gostaria de voltar ao Vitória"
ENTREVISTA - Atento à evolução dos ex-companheiros, a partir de Valência, André Almeida entende que o Vitória tem capacidade para navegar nos lugares europeus e não poupa nos elogios à "pérola" Ibrahima Bamba.
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O Vitória de Guimarães contou com um adepto especial no Estádio D. Afonso Henriques, no último jogo do campeonato, frente ao Marítimo. Depois de três meses de pé a fundo no acelerador para vingar no Valência, o médio resolveu "matar saudades" do ex-clube e ficou entusiasmado com o que viu e até ouviu, como testemunhou num exclusivo a O JOGO, a partir de Valência.
"Estive com eles no balneário antes do jogo e foi muito bom reencontrá-los. Conversámos muito. E depois vi aquele golaço de longe do Tiago Silva. Ele chuta realmente muito bem... Este ano a maior força do Vitória é o coletivo: tem um grupo muito unido. Quando há muitos miúdos, a ambição é sempre elevada. Assim as coisas tornam-se sempre mais fáceis", analisou, reconhecendo que os primeiros tempos em Espanha chegaram a ser difíceis. "Saí de uma casa onde fui feliz durante 17 anos, é sempre difícil. Estava, porém, numa fase da minha vida em que precisava de sair da minha zona de conforto. Apareceu o Valência e agora estou muito contente", juntou.
O coração continua a bater forte pelo Vitória e não será por motivos desagradáveis nesta temporada, sendo convicção do internacional português sub-21 que o quinto lugar no campeonato já não escapará. "O Vitória luta sempre pelas competições europeias. A união do grupo é muito grande e esse é um valor muito importante no futebol. Sei que vão dar tudo em todos os jogos. Vejo-os com capacidade para lutar sempre pela vitória, seja contra quem for", avaliou, considerando que o recuo de Ibrahima Bamba para uma defesa a três deu estabilidade e, ao mesmo tempo, asas à equipa. "Tem dado bons resultados. O Bamba já trabalhava connosco desde há um ano e , de facto, em muita qualidade e potencial. Se mantiver o nível, pode chegar muito longe. Tem a vantagem de poder bem tanto a central como a médio defensivo", estimou.
O sangue novo do Vitória não se fica por aí. Há mais, muitos mais e André Almeida, também ele trabalhado na formação, tem a certeza de que o clube não está a correr riscos, antes a colher frutos de uma política acertada. "O clube só tem é de transmitir confiança a esses jovens para que eles possam demonstrar todo o seu potencial. São sempre jogadores de muita qualidade. Nem todos conseguem chegar à equipa A, mas há sempre dois ou três por fornada com qualidade", vincou.
As mensagens certas de Moreno
Antes de partir, rumo ao Valência, André Almeida ainda experimentou o comando de Moreno Teixeira, promovido a treinador da equipa principal do Vitória na ponta final da pré-época. Ficou com a melhor impressão. "Está em linha com o projeto do Vitória. Quando há sintonia entre direção, equipa técnica e jogadores, só pode correr bem. Conhece bem o Vitória, as exigências do clube e os resultados têm demonstrado que se tratou de uma aposta certa. Passou pela formação e, por isso, compreende perfeitamente a ansiedade dos mais novos. Ele sabe o que esses jogadores precisam de ouvir", referiu.
Regressar será um "prazer"
O Vitória de Guimarães jamais será um capítulo encerrado para André Almeida. "Está no coração, é o meu clube de sempre. É o clube de toda a família. Todos são vitorianos", comentou o médio, assumindo, sem rodeios, que estará disponível para um dia regressar. "Obviamente que gostaria de voltar a representar o Vitória. Seria um gosto, um prazer indescritível", atirou.
Inesquecível estreia no Emirates
Há momentos que ficam para sempre na memória e o de André Almeida teve como palco o Emirates Stadium, a casa do Arsenal, visitada pelo Vitória de Guimarães em 2019/20, para a Liga Europa. "Foi um jogo inesquecível por ter sido a minha estreia a titular na Europa. Um ano antes ainda jogava pela equipa B e, de repente, estava a defrontar aqueles craques todos naquele estádio num jogo emocionante. Jogámos todos muito bem, só foi pena a derrota", recordou. Ainda como adepto, festejou como nunca a conquista da Taça de Portugal. "De três finais que o clube disputou, assisti a duas... e o clube venceu aquela em que eu não fui ao Jamor. Ou seja, não posso assistir a finais do Vitória", graceja, revelando conversar regularmente com Händel e Jorge Fernandes para se atualizar sobre o ex-clube.
André André era referência
Outrora maestro do meio-campo do Vitória, André Almeida tem a certeza de que o setor está bem entregue a Tiago Silva e André André, Dani Silva e Janvier. "É um meio-campo equilibrado, com experiência, qualidade e juventude . O Tiago Silva jogou em campeonatos muito competitivos, enquanto o André já foi campeão nacional pelo FC Porto e internacional português. Era uma referência para mim quando ainda jogava na equipa B. Só o Händel é que teve o azar de se lesionar com gravidade, mas ainda vai dar muito ao Vitória", estimou.