Pontuar mais na segunda volta do que na primeira: só Paulo Bento fez o "milagre"
Este século, nas anteriores 14 épocas com 34 jornadas, apenas o ex-treinador da Coreia do Sul conseguiu pontuar mais na segunda volta do que na primeira e chegar, assim, à Champions.
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Cumpre-se a 15.ª temporada deste século em que o campeonato é disputado a 34 jornadas e nas 14 anteriores o Sporting apenas uma vez conseguiu superar na segunda volta os pontos ganhos na primeira. Um "feito" alcançado por Paulo Bento em 2005/06, época em que substituiu José Peseiro após sete jornadas.
Parece uma maldição. Os verdes e brancos apresentam quase sempre quebras acentuadas após a viragem do campeonato. Rúben Amorim tem em mãos tarefa difícil para salvar a temporada.
Com 34 pontos na viragem da liga e a equipa classificada no quinto lugar, o ex-selecionador da Coreia do Sul viria a somar 38 na segunda metade da temporada o que lhe permitiu ganhar não um, mas três lugares na classificação e sagrar-se vice-campeão. O atraso para o líder FC Porto revelou-se irrecuperável, embora tenha diminuído de nove para sete, mas ao Benfica, que era segundo com mais seis pontos, recuperou 11 e ficou à frente com mais cinco! Daí resultou a importantíssima qualificação direta para a Liga dos Campeões, principal objetivo agora perseguido por Rúben Amorim.
Com o título a não ser mais do que uma mera miragem nesta altura, face aos 12 pontos de distância para o líder Benfica, o Sporting completou anteontem a primeira volta da Liga Bwin com uma vitória (por 2-1 sobre o Vizela). Ainda assim, insuficiente para evitar o pior registo pontual, ex aequo, do século em campeonatos disputados por 18 equipas. São 32 os pontos do leão por esta altura, algo que levou, anteontem, Amorim a admitir "culpa própria" da equipa no mau desempenho, identificando problemas como o "desperdício no ataque" e a "falta de eficácia", além de culpas nos golos sofridos.
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A realidade é a que é e, além do atraso para o Benfica, o Sporting está também longe do FC Porto (sete pontos) e Braga (oito) o que complica, muitíssimo, um objetivo fundamental: a Liga dos Campeões é importantíssima nas finanças, mas também vale pelo prestígio e valorização de jogadores. Como se não bastasse a dificuldade de recuperar tantos pontos a adversários que têm sido bem mais regulares que os leões, Rúben Amorim terá ainda de contrariar, e de que maneira, uma tendência histórica muito negativa.
O facto de ter conquistado apenas 32 pontos nos primeiros 19 jogos até pode facilitar a missão de fazer melhor na segunda volta. Contudo, isso, por si só, dificilmente chegará, a menos que os verdes e brancos façam um brilharete pontual. Olhando novamente aos exemplos passados, percebemos que 38 pontos foi o melhor registo conseguido pelo clube e atingido nas épocas de 2005/06 (com Paulo Bento), 2015/16 (com Jorge Jesus) e em 2021/22 (com Rúben Amorim). Curiosamente, nos dois únicos títulos conquistados pelos leões este século 2001/02 e 2020/21, a equipa manteve a tendência de quebra, com menos cinco e menos 17 pontos, respetivamente, mas valeu-lhe o avanço e a quebra dos rivais.
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Um título fugiu na metade final
Em 15 temporadas deste século com 34 jornadas, incluindo a atual, o Sporting só virou o campeonato na liderança em três ocasiões. Numa delas, em 2015/16, os dois pontos de avanço que a equipa de Jorge Jesus tinha sobre o Benfica esfumaram-se perante a quebra de produção pontual.
Nem o facto de os leões terem igualado o seu melhor registo após a viragem e terem acabado a época com um recorde (do clube) de 86 pontos lhes valeu. As águias partiram para a segunda volta dois pontos atrás e acabaram com dois de vantagem.