Oualembo, adjunto da seleção do Congo, falou em exclusivo com O JOGO e detalhou o tipo de jogador na tripla função. Ganha importância no FC Porto e vai jogar na Taça
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Chancel Mbemba chegou ao FC Porto na época passada para reforçar as opções no eixo da defesa, mas a verdade é que até tem jogado mais noutras posições que não a de origem.
Conceição elogiou adaptabilidade, mas foi na seleção que tudo começou. O adjunto explica o que o distingue em cada posição
Em 10 jogos, foi central em quatro ocasiões, três vezes lateral-direito e outras tantas médio-defensivo. Curiosamente, foi na Seleção da República Democrática do Congo que a polivalência se começou a revelar. E na última CAN intensificou-se.
Christopher Oualembo, selecionador adjunto de Christian Nsengi-Biembe e treinador principal dos Sub-23, explica porquê. "Ele não só tem capacidade para se adaptar a várias posições, como sobretudo o faz com rendimento. Mbemba não é um jogador que está ali só para tapar um buraco, mas que tem qualidade para desempenhar aquelas funções. É claro que precisava de jogar mais para crescer e ter um ritmo competitivo que o ajudaria a afirmar-se enquanto jogador, mas respeitamos o FC Porto e a gestão que o Sérgio Conceição faz dos seus jogadores", comentou Oualembo, em entrevista exclusiva a O JOGO.
A terceira eliminatória da Taça de Portugal, contra o Coimbrões, do próximo dia 19 de outubro, será mais uma oportunidade para que Mbemba acumule tempo de utilização. Em princípio como central, tendo em conta que é alternativa principal a Pepe e Marcano e precisa de rodagem para estar pronto se algum dos titulares sofrer qualquer infelicidade, por castigo ou lesão.
"Como central sai bem com a bola, ganha os duelos quase todos e é difícil de ultrapassar. É um defesa forte e, como tem bons pés, consegue meter bem a bola na primeira fase de construção para o ataque. É muito bom nisso", destacou Oualembo que, como jogador, passou pela Académica em 2014/15 e 2015/16.
Oualembo tem apenas 32 anos e acabou a carreira de forma precoce. Como jogador fazia todas as posições à direita, mas foi na defesa que mais rodou. Conhece bem, portanto, o que um bom lateral deve ter. Mbemba tem. "Como lateral, além de ser consistente a defender, sabe projetar-se pelo corredor e tem uma capacidade invulgar para chegar à frente e cruzar. Sem perder consistência...", apontou.
Desde que assinou pelo FC Porto, na época passada, Mbemba fez quatro jogos como defesa-central, três como lateral-direito e três no meio-campo defensivo
Sobra uma posição: médio-defensivo. Foi nessa que alinhou nos dois últimos desafios pelos dragões. "Como médio-defensivo é muito ativo em campo, trabalha bem na recuperação, é um chato para os adversários, porque pressiona muito. Está sempre atento às dobras e quando recupera a bola tem capacidade para sair a jogar e puxar a equipa para a frente, ou seja, relança o ataque com facilidade. Além disso, sabe ler o jogo e antecipar as jogadas", voltou a elogiar.
"E é sobretudo um jogador que está em campo sem olhar para a bola, joga de cabeça levantada e mostra capacidade para meter a bola no último terço em jogadas de rotura. Além disso, aparece bem para rematar à entrada da área", completou o treinador congolês que não revelou, contudo, em que posição o vai lançar hoje no desafio contra a Argélia. Daqui a pouco saberemos, mas, como conhecedor profundo das capacidades de Mbemba,
Oualembo não tem dúvidas de que o fará com qualidade. Em resumo, há qualidades inatas que lhe garantem rendimento em qualquer uma das posições. É um jogador inteligente, que pensa durante o jogo, não joga por jogar, controla e antecipa muita coisa, lê bem o que está a acontecer e depois tem qualidade para saber o que fazer, perceber os timings certos e contribuir para o jogo do coletivo", abreviou.
"Mbemba trabalha bem na recuperação, é um chato para os adversários, porque pressiona muito. E joga de cabeça levantada e sem olhar para a bola"
FC Porto continua a ser um desafio
Mesmo não jogando regularmente no FC Porto, Mbemba tem mantido a presença na seleção. "Sei que ele aceitará sempre as opções do treinador, porque trabalhar às ordens de Sérgio Conceição é uma grande oportunidade para o fazer evoluir", argumentou.
"Ele tem 25 anos e claro que ter chegado ao FC Porto é sempre um passo em frente na carreira. Joga num dos maiores campeonatos da Europa, mas ele também sabe que para chegar ao auge das suas capacidades, até aos 29 ou 30 anos, vai precisar de jogar com mais regularidade. Porém, também tem a noção de onde vem e a consciência de que jogar no FC Porto lhe traz outras exigências. Quando chegou ao clube, já ia ciente de que teria de esperar por uma oportunidade para mostrar o que vale", explicou.
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Mbemba ainda não desistiu de se afirmar como indiscutível no Dragão. "Falo com ele regularmente e o que ele me diz é que tem aprendido e evoluído imenso com o Sérgio Conceição, que o treinador sabe o que faz com ele, quando o põe a jogar a lateral ou médio. Para mim é praticamente o central perfeito, mas imagino que no FC Porto a concorrência seja forte ", acredita.
"É forte defensivamente, ganha quase todos os duelos e é difícil de ultrapassar. Além disso, sai bem para a construção"
Descrevendo Mbemba como um jogador "humilde e tímido fora de campo, mas que não se esconde em jogo e sobretudo, muito sólido psicologicamente", o selecionador adjunto destaca-lhe o profissionalismo: "Tem sempre uma disponibilidade tremenda, está sempre motivado, mesmo quando as coisas não lhe correm da melhor maneira. Está sempre pronto para trabalhar e emprega-se a fundo para corresponder ao que o treinador lhe pede. Tenho a certeza que Conceição já percebeu isso há algum tempo".
Conceição nunca deixou de acreditar
Sérgio Conceição é um particular admirador das qualidades profissionais e humanas do jogador e fez questão que este se mantivesse no plantel mesmo depois de uma temporada em que praticamente não jogou (apenas 305 minutos em seis desafios). O treinador contava com ele para ser alternativa imediata a Felipe e Militão, mas o negócio de ocasião que se proporcionou por Pepe relegou Mbemba para quarta opção. Ainda assim, o treinador sabia do valor do congolês e, mesmo com a saída dos dois titulares no verão, só exigiu um novo central para 2019/20.