"Podia jogar com dois médios defensivos, aguentava mais, perdia e a equipa desconfiava do processo"
Declarações de Armando Evangelista, treinador do Arouca, após a goleada sofrida contra o FC Porto (5-1), na 14.ª jornada da Liga
Corpo do artigo
Análise ao jogo: "Antes de mais, dizer que o FC Porto foi justo vencedor, foi superior. É óbvio que sofrer aos 20 segundos, em termos emocionais, mexe com a equipa. Mas também é verdade que o FC Porto na primeira em três remates enquadrados faz três golos. Queríamos ser competitivos, equilibrar as diferenças entre FC Porto e Arouca, e não fomos capazes porque simplesmente o FC Porto foi superior. Em nada belisca o que temos vindo a fazer. O Arouca tem duas derrotas fora de casa, com duas equipas que lutam por objetivos distintos. É continuar e acreditar no processo, que nos tem dado muito e acredito que é o processo certo para os objetivos do Arouca."
O que o surpreendeu neste FC Porto: "Acaba por não surpreender. As diferenças são abismais. Diferença de quatro golos no resultado provavelmente nem espelha as diferenças. Não acredito que o orçamento seja só quatro vezes superior, se temos um espaço para treinar o FC Porto tem 10 ou 20; nós temos uma equipa técnica e eles devem 30 na logística. Há que dar os parabéns ao FC Porto e assumir que foi muito superior. A diferença no marcador não espelha o que procuramos fazer. Tivemos 46% de posse de bola no Dragão, fizemos um golo, eles têm 16 finalizações e nós oito. Ou seja, foi muito superior, mas o Arouca não perdeu a sua identidade. O nosso campeonato é outro. Estes jogos fazem com que a equipa possa crescer e aprender. Estes jogos dão-nos muito. Há que assumir a derrota e a superioridade do FC Porto."
Não alterar ADN: "Exatamente. Este não é o campeonato do Arouca. Podia vir com dois médios defensivos e etc, podia aguentar mais e perder por 1-0. Perderia os três pontos e a equipa ficaria desconfiada do processo. A confiança que lhes passámos de determinada forma... É óbvio que isto pesa, e dói, mas faz parte do crescimento. Há que saber enquadrar cada jogo. Estamos bem resolvidos no caminho que queremos seguir."
Confrontos com FC Porto na Taça da Porto e eventualmente na Taça da Liga: "Só lá chegámos com o trabalho que está a ser desenvolvido. É um risco. Só um trabalho bem realizado, com jogadores com grande capacidade competitiva, é que nos levam a estes jogos difíceis. Um Arouca gasta 4 milhões num orçamento, estaria a mentir se fossemos do campeonato do FC Porto ou do Benfica que não devem gastar cinco ou seis. É um orgulho, é o reflexo do trabalho que está a ser feito. Vai ser um janeiro difícil e duro, mas vamos ser competitivos. Esperemos poder vir cá e dar outra resposta. Sabemos das diferenças, não entregamos pontos de borla."
Receio não estar preparados para tantas frentes: "É óbvio que não. Iríamos abdicar de ser competitivos e de dizer para encarar todos os jogos com a mesma ambição. Se queremos um Arouca solidificado nesta Liga, temos de assumir estes riscos. O crescimento passa por aí, de não ter medo de os assumir. Estamos limitados, mas chegámos assim à final four. Não me vou desculpar por aí. Os que temos têm caráter para dar algo mais em prol do coletivo. É com essa mentalidade que trabalhamos no Arouca."
15564041
15564228