"Poderá não ser justo fazer comparações, mas nesta altura temos mais pontos..."
Agostinho Bento, treinador do Felgueiras, procura a quinta vitória seguida e faz uma comparação com a última época. O objetivo é subir
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O Felgueiras de Bruno China foi apelidado de equipa sensação na temporada passada, mas Agostinho Bento, que o substituiu e teve de lidar com as saídas de vários jogadores importantes, conseguiu compor um grupo capaz de fazer um percurso promissor. Para já, o antigo treinador do S. Martinho, que no reatar do campeonato procura alcançar, na receção ao Montalegre, a quinta vitória consecutiva, tem mais três pontos do que o antecessor. O objetivo é sorrir no fim, com a subida à Liga SABSEG.
Agostinho Bento é um líder humilde e pragmático, vê os jogadores como filhos e não os diferencia, apesar de utilizar mais uns do que outros
O Felgueiras atravessa a melhor fase da temporada, com quatro vitórias seguidas. Acha que esta paragem de três semanas veio em má altura?
-É uma pergunta difícil de responder. Se calhar, no fim do próximo jogo [Montalegre] poderei ser mais específico, mas é óbvio que quando vimos de uma dinâmica de quatro vitórias, as paragens teoricamente nunca são benéficas. Esta paragem foi boa para todas as equipas recuperarem energias, os jogadores se recomporem mentalmente junto das suas famílias e preparar o resto da época, mas só se tornará benéfica ou não em função dos resultados. Temos o exemplo do Benfica, em que podemos dizer que a pausa foi prejudicial e beneficiou o Braga.
Este é apenas o terceiro clube do treinador, que iniciou a carreira no Fafe e esteve durante as últimas cinco épocas no S. Martinho. Saída para o Felgueiras deu-se com a ambição de alcançar a Liga SABSEG.
Que avaliação faz ao desempenho da equipa, está acima do esperado?
-Estamos a fazer um campeonato positivo, dentro do que esperávamos. Apesar de estarmos bem classificados, ainda podíamos ter mais pontos, mas desde o início que assumimos o objetivo de lutar pelos quatro primeiros lugares. Este início não me surpreende nem aos meus jogadores, mas ainda estamos a meio, por isso vamos continuar a trabalhar. Se acabássemos com estes pontos, de certeza que não ficaríamos nos quatro primeiros.
Chegou depois de um ano em que o Felgueiras foi a sensação. Sentiu uma herança pesada?
-Foi uma das razões para abraçar este projeto, pois sabia da ambição do Felgueiras. Na época passada fizeram uma primeira fase sensacional. Mas praticamente 90 por cento dos jogadores saíram do plantel, ou seja, tive de fazer um trabalho de raiz. Conheço a grandeza e a exigência dos seus adeptos e isso também fez com que aceitasse este desafio. Estamos a dar seguimento ao que foi feito...
"Quando vimos de uma dinâmica de quatro vitórias, as paragens teoricamente nunca são benéficas. Temos o exemplo do Benfica"
O objetivo é repetir a campanha anterior, mas desta vez com a subida?
-O nosso primeiro grande objetivo é classificarmo-nos para os primeiros quatro lugares, para não andarmos a lutar pela permanência. Depois de lá estar, queremos subir! Foi com esse intuito que o Felgueiras me convidou. Se na época passada falharam a subida por pouco, é lógico que este ano queremos fazer melhor e isso passa por subir à II Liga. Mas nessa altura, se perguntar aos oito apurados das duas séries, todos vão dizer o mesmo!
Quais serão os maiores rivais do Felgueiras?
-O Länk Vilaverdense e o Varzim são os adversários mais fortes pelo plantel, equipas técnicas e pelos pontos, porque isso tem influência. Já vamos a meio e não vou estar a dizer que o V. Guimarães B é um sério adversário, pois apenas tem quatro pontos e dificilmente irá fazer frente ao Felgueiras, apesar de num jogo poder ganhar a qualquer equipa. A Sanjoanense e o Canelas são muito competitivos, o Braga B de certeza que irá fazer uma recuperação muito boa e depois há um conjunto de quatro ou cinco equipas que se podem aproximar. Temos de estar atentos, pois se nos distrairmos com os resultados, vai correr mal.
"No onze inicial temos seis ou sete jogadores que estavam no Campeonato de Portugal na época passada, que ninguém queria. Eu e o presidente acreditámos no seu valor"
Houve várias mudanças, mas o rendimento está a ser semelhante. O mérito deve-se a si?
-Poderá não ser justo fazer comparações, mas nesta altura temos mais pontos, mais golos marcados e estamos mais bem classificados. Queremos continuar. Temos uma equipa de jovens com muita ambição. No onze inicial temos seis ou sete jogadores que estavam no Campeonato de Portugal, que ninguém queria, mas eu e o presidente acreditámos no seu valor e até podem jogar em escalões superiores.
Por que motivos optou por abraçar este projeto?
-Tinha a opção de continuar onde estava [S. Martinho]. Apesar de não ter a grandeza do Felgueiras, era um clube onde me sentia bem. Sou uma pessoa grata e de estabilidade, só tive três clubes até agora. A capacidade de persuasão e ambição do presidente, desde a primeira conversa, fez-me aceitar.
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Salto de diretor desportivo para treinador não estava nos planos
Agostinho Bento esteve desde muito cedo ligado ao futebol, tendo sido diretor desportivo do Fafe, mas foi na função de treinador que seria reconhecido anos mais tarde, numa mudança de funções que não estava nos planos.
"No Fafe, na terceira divisão, era diretor desportivo quando o treinador colocou o lugar à disposição. Tentámos demovê-lo, mas não abdicou. Fiquei de forma interina a dar treinos e ainda fiz contactos com outros treinadores, mas sem sucesso. Chegámos ao fim de semana, fizemos o jogo e o presidente pediu-me para continuar", recordou o agora treinador do Felgueiras, que possui o nível IV UEFA Pro, contando depois o resto da história.
"Subo de divisão nessa época [2009/10] e depois não podia voltar atrás, porque a minha carreira estava lançada."
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