Mesmo muito contestado, Rui Fontes sai com a sua presidência reforçada da Assembleia Geral Extraordinária que terminou há pouco, depois de ter assumido, ontem, que se demitia se este plano não fosse aprovado
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Aconteceu o que a atual direção do Marítimo, liderada por Rui Fontes, pretendia: o Plano Estratégico foi aprovado com 52,6 por cento dos votos a favor, 31 por cento de votos contra, 1,6 por cento de abstenções e 14,8 por cento de votos nulos num universo de 445 votos totais. Esta foi uma votação que aconteceu de braço no ar, facto que mereceu muitas críticas de vários sócios presentes. A direção assumiu que aplicou o que está nos estatutos do clube.
A votação aconteceu numa Assembleia Geral Extraordinária que serviu para mandatar a atual direção a negociar até 40% da SAD do futebol verde-rubro. Esses 40 por cento estão avaliados em 17 milhões de euros para entrada de capital. O investidor ficará com um pelouro na SAD verde-rubra.
Durante a Assembleia Geral Extraordinária, foi evidente o clima tenso que se viveu, com muitos apupos, críticas e trocas de acusações entre elementos da anterior e da atual direção.
Rui Fontes, que tinha assumido na noite anterior que se demitiria se o Plano Estratégico não fosse aprovado, era um homem feliz. "Naturalmente, que tenho de estar satisfeito, a nossa proposta foi aprovada. Vamos agora avançar no sentido de reforçar bem a equipa".
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Ainda assim, Rui Fontes negou sair com a presidência mais reforçada. "Não olho para isso. Sinto mais responsabilidade. Neste momento, na II Liga, trabalhamos para o Marítimo ter uma equipa forte".
Questionado por O JOGO sobre quando pode ter um investidor para apresentar, o dirigente máximo verde-rubro disse querer celeridade. "Queremos que seja o mais rápido possível. Vamos analisar as propostas que temos e vamos dar indicações. O Marítimo precisa de uma equipa de futebol forte e só é possível com investimento", esclareceu.
Ainda assim, esclareceu que sente não ter margem para falhar. "Não temos margem de erro. O erro é fatal. Temos de trabalhar muito bem, porque os sócios não nos dão mais nenhum voto de confiança". Terminando com uma garantia. "Vamos fazer uma equipa para subir de divisão. Ainda bem que isto aconteceu".
Já Luís Olim, ex-membro da SAD do Marítimo, destacou "o voto de confiança na direção" para negociar propostas.
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Ricardo Sousa, conhecido empresário da região, estava indignado. "O Marítimo precisa de trabalho e não de promessas. Um plano que é demasiado amador é muito grave. Eu gosto demasiado do Marítimo para assistir a isto. Estou indignado".
Também o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Gouveia, lamentou a votação. "Acho que não é este o caminho. Vamos aguardar".
Já o adepto Luís Miguel Rosa assumiu que se absteve, mas admitiu que Rui Fontes "sai com a sua presidência reforçada nesta AG. Podia ter corrido mal e indiscutivelmente saíram mais reforçados".
Mário Pereira, sócio 277, lamentou a votação de braço no ar. "Na hora da votação, compromete as pessoas. Devíamos ter votado em urna".
Algo que o sócio Francisco Gonçalves, também concordou. "Decidi não votar. É humanamente impossível fazer-se uma contagem certa e credível como está a Assembleia Geral. Isto devia ser feito com urnas".
Já o presidente da AG do Marítimo, José Augusto Araújo, esclareceu que os estatutos e o código Civil falam em votações de braço no ar.