Sócios questionam política de contratações da SAD e lamentam que a formação não esteja a ter espaço
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Em dia de Assembleia-Geral do clube, Frederico Varandas deu explicações aos associados e foi questionado quanto ao planeamento da época desportiva de 2023/24 e mesmo quanto à estratégia para o futebol. Sabe O JOGO que os sócios do Sporting expressaram alguma preocupação por não ter sido ainda confirmado qualquer reforço do plantel às ordens de Rúben Amorim, comparando-se até com a ação do Benfica no mercado. A dificuldade de apostar nos jovens da formação nos últimos tempos, privilegiando-se contratações de jogadores estrangeiros, mas que não se assumem como titulares, foi outro ponto abordado. As questões contratuais de elementos mais velhos do plantel, como Coates, Adán e Neto e o investimento avultado em jogadores que, pela idade, já não trarão mais-valias futuras em caso de venda, com exemplos práticos de Paulinho e Ricardo Esgaio, também foram alvo de crítica. Até a presença do Braga no terceiro posto do campeonato deve-se, em parte, a investimentos menos bem conseguidos pelo Sporting em 2022/23, disse-se na AG.
Varandas tranquilizou sócios, apesar de episódios de exaltação e discordância do presidente da Mesa. Holdimo fez-se representar e de modo crítico. Contas consolidadas e orçamento aprovados.
"A análise interna foi feita, lições foram aprendidas e o planeamento da nova época está em marcha"
Tanto no discurso inicial como nas respostas, Frederico Varandas reconheceu a má temporada. "Não conseguimos materializar essa qualidade de jogo em pontos e troféus tendo terminado aquém das nossas expectativas. A análise interna foi feita, lições foram aprendidas e o planeamento de uma nova época já está em marcha e com a vontade de regressarmos ao sucesso desportivo", reagiu, apontando ao futuro: "Mais importante do que os títulos vencidos no passado recente no futebol é o rumo traçado, que nos deu estabilidade, recuperação financeira e aumento das receitas".
Ânimos aquecem e Holdimo critica
Se a postura de Frederico Varandas começou por ser pacífica, à medida que o dia avançou o presidente foi ripostando de forma mais veemente. Com Vitor Afonso, do "Movimento Hoje e Sempre Sporting", houve um esgrimir de argumentos mais aceso. E o líder da SAD até refutou a ideia do presidente da Mesa, João Palma, de que os adeptos estavam a ser cordiais na intervenção. Varandas, apurou O JOGO, terá apontado "falta de educação" e "mentiras" ao associado, contrariando Palma.
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Entre os presentes, a Holdimo, acionista da SAD - que passou de 29,851% para 13,283% do capital social - também se fez representar por Nuno Correia da Silva, que foi um dos adeptos críticos, ainda pela manhã. Além do futebol, os sócios questionaram o investimento das modalidades, que subirá 1%, a previsão de 238 mil euros de lucro no orçamento e também o passivo, que passou, em cinco anos, dos 378 M€ para os 405 M€ (já esteve em 414 M€).
Orçamento e contas aprovados à vontade
A votação na Assembleia-Geral decorreu sem crispação entre associados. Houve uma urna para cada ponto em discussão e às 20h00 já se conheciam os resultados. A aprovação do orçamento para 2023/24 fez-se com 72,76% dos votos a favor (26,13% contra), sendo que as contas consolidadas de 2017/18 a 2021/22 tiveram aprovação acima dos 72%: as de 2017/18 por 76,42%, as restantes entre os 72 e os 73,1%. Em 2022, tinham sido 1261 sócios a validar o relatório e contas, ontem foram 1112 sócios a participar. João Palma, presidente da Mesa da Assembleia-Geral, valorizou a educação dos sócios. "O ano passado foi possível fazer esta AG em dia de jogo porque os estatutos o permitiram face a ter sido um ano eleitoral. Os números são muito significativos, a mobilização foi extraordinária. Quero sublinhar a forma cívica e cordata com que se dirigiram à Mesa", explicou no final à Imprensa.
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