Pinto da Costa refém de Koehler, o futuro de Sérgio Conceição e o regresso de Madureira. O que disse Villas-Boas
Dias depois da extensa entrevista a O JOGO e TSF, André Villas-Boas, candidato da Lista B às eleições do FC Porto, é entrevistado na SIC
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Cenário financeiro: "As contas são evidentes para todos. Estamos a falar de 510 M€ de passivo e 310 de dívida financeira. Situação limite e por isso é que continua a antecipar receitas.
Está a falar de quem quando diz que vai ser implacável com quem tiver lesado o clube? "Tenho muita informação, quando chegar lá vou ter mais e atuar. Falo, por exemplo, de uso abusivo de despesas de representação, cartões de crédito...e outras mais oficiosas como os salários pagos. São tudo zonas de intervenção e preocupação.
Mensagem para os sócios: "Que votem em liberdade no que acreditam. Este é um período histórico no FC Porto, regularizem as suas quotas para podermos ter um universo votante ainda maior."
Relação com Rui Costa e Varandas: "Conversa para criar o melhor produto. Todos os clubes precisam de bons rivais e é preciso lutar pelo bem comum do futebol português."
Posicionamento do FC Porto: "O FC Porto não se deve jamais afastar das grandes decisões estruturantes do futebol português.
Onde se vai sentar no dia 28 de abril no FC Porto-Sporting? "É uma boa pergunta, em caso de vitória interessava saber. Temos de levar as coisas com calma e esperar pelo ato eleitoral, pela contagem, fazer as devidas homenagens às outras candidaturas e decidir. Aqueles meus lugares anuais estão lá e não é impossível que dia 28 me sente lá."
Fernando Madureira pode voltar a ser líder dos Super Dragões? "É o atual presidente da associação, são temas pelos quais temos de aguardar."
E para continuar como sócio? "A minha intenção é tornar o FC Porto assistente nos dois processos abertos no MP, as agressões aos sócios na AG e o caso da bilhética. Vamos ver a que conclusões chegamos."
Operação Pretoriano, Pinto da Costa queria ir visitar Fernando Madureira: "Tem de perguntar ao próprio, não tenho nada a ver com isso. Só o atual presidente é que desvaloriza o que aconteceu na AG, sabe perfeitamente que houve queixas, sócios agredidos e a quantidade de queixas que o provedor do sócio recebeu."
Não havia guarda pretoriana em 2011? Estamos a falar das mesmas pessoas: "Foi uma época brilhante em todos os pontos de vista, fomos uma máquina trituradora de vitórias. O que se passou naquela AG, comigo, jamais acontecerá. Haverá uma regulamentação nova e as clauqes estarao disponíveis para se sentar com o clube. Temos vindo a registar falhas evidentes na bilhética.
Alteração de nomes de empresários: "Não posso estar a responder a todas as barbaridades que a outra candidatura atira. O FC Porto tem de procurar as melhores condições para trabalhar, não se livra de trabalhar com nenhum empresário"
Academia na Maia: "Tomando posse vamos olhar para os contratos assinados. Não posso é permitir que o FC Porto se atrase novamente numa obra e isso tem vindo a acontecer desde 2016. Estou disponível para analisar contratos e escolher o melhor caminho para o FC Porto."
Rescindir com a Ithaka e pagar 65 milhões: "Desconhecemos o contrato e se há mais cláusulas. Se não há, é um bom sinal para o FC Porto, permite renegociar."
Aumentar a receita: "É uma das coisas que custa relativamente às decisões estruturantes que o FC Porto está a tomar, ainda agora vimos com o negócio da Ithaka. Acho que vale muito mais, vale pelo menos o dobro. Não temos dúvidas do parceiro, é forte, mas os direitos comerciais valem muito mais do que 65 milhões de euros para 25 anos. A FC Porto Comercial é das poucas empresas que dá lucro e normalemtne perto dos 40M€. Acho que a margem seria muito melhor do 65M a 25 anos
Refém: "Parece-me que Jorge Nuno Pinto da Costa está refém de João Rafael Koehler e da quantidade de investidores que empresta dinheiro ao clube. Este candidato Pinto da Costa não é o mesmo com força, carisma e determinação. É outro, está refém deste fundo e destes investidores que lhe foram emprestando dinheiro para ter cash-flow"
Sobre João Rafael Koelher: "Só o candidato a vice da lista A é que tem acesso a toda a informação de taxas de juro, das que ele próprio cobra e de todas as outras a que o FC Porto se contrai. Nós não temos acesso, se bem que temos pedido."
Vai ter de trabalhar com ele se for eleito: "Aí é que será uma boa balança de portismo. Iremos ver até que ponto se mede, se é apenas no ponto de vista dos interesses ou não."
Plano: "É uma situação desafiante. Temos um plano de crise para os próximos três, quatro meses."
O FC Porto está em incumprimento financeiro: "Sim, está em incumprimento, é a informação que temos. Haverá uma coima. Revela dois fatores, um presidente que esconde a realidade aos sócios, sabe que essa coima e suspensão existe, mas não quer dizer; em segundo, será mais um fator de pressão para esta direção, se for eleita."
Limitação de mandatos? "Pode ser lançado pelos sócios ou pelo Conselho Superior, em linha com a mudança estatutária de 13 de novembro, o único problema foi a altura em que foi proposta e o retirar de direitos de pessoas que tinham capacidade de voto. Os sócios revoltaram-se e apresentaram-se de forma massiva. Acredito que haja uma revisão de estatutos e deve ser lançada imediatamente."
Com esta posição no campeonato, o treinador seria despedido? "É uma pergunta para o outro candidato. Depende de vários cenários. Todos sabemos quais são as nossas exigências e expectativas. Na liga é evidente que o rendimento não está ao nível. Vários fatores levaram à situação atual, do desportivo às decisões de arbitragem. Normalmente é um sentido de motivação para as épocas seguintes. Aconteceu-me isso quando fui treinador, vinha de um ano em que o FC Porto tinha ficado em terceiro lugar. Esta não é uma boa temporada na liga."
Vencimentos de diretor desportivo e da SAD: "As boas competencias têm um preço. Quando se paga muito por más competências é que é um problema."
Sobre Sérgio Conceição: "Tenho uma visão muito clara do que quero na direção desportiva. todos os treinadores podem sentir-se mais ou menos confortáveis com este delinear de diferentes cargos, convém perceber as motivações do treinador. Ele manteve-se afastado do ato eleitoral. sento-me com ele e explico o programa. É uma coisa para decidir a dois e não apenas uma intenção. Se disser que não, terei de ir ao mercado contratar um treinador. Se já está identificado? Todos os sócios sabem perfeitamente qual é o treinador com ADN FC Porto. Sei perfeitamente o que quero relativamente a essa função. É a margem normal do mercado."
Jorge Costa e André Villas-Boas com nível de treinador: "Pode ser uma valência. Quando as estruturas são montadas para que o treinador apenas se dedique a treinar a sua equipa principal, são estruturas de sonho. Era assim que que via a estrutura em 2010/11, dedicava-me apenas em retirar o máximo de rendimento da equipa."
Presidente não remunerado: "Nos clubes espanhóis normalmente é assim, as pessoas devem servir os clubes em vez de se servirem deles."
Zubizarreta, Barcelona também ficou com problemas financeiros: "Isso é um bocado ingrato e ainda hoje o presidente Bartomeu fez um mea culpa. Sei perfeitamente o que aconteceu em Marselha. Houve muita imposição do Rudi Garcia relativamente às transferências. Andoni sabe perfeitamente o que quero, a cultura desportiva que quero implementar."
Zubizarreta não está habituado a ter pouca capacidade financeira: "Aqui adaptamo-nos à realidade do clube e temos de olhar para a formação. Também podia perguntar quantos jogadores da formação do Barcelona passaram para a equipa principal. Podemos ver o copo de duas maneiras. É ingrato colocar em causa as suas capacidades."
Candidatura: "Tinha esta ambição desde há algum tempo de ser presidente do clube do meu coração. Sempre foi como um destino de vida e uma missão, sempre disse que teria uma carreira curta de treinador de futebol. Sempre fui muito obstinado e procurei atingir os objetivos que traço. Este era um passo que queria dar, passar ao dirigismo."
Quando foi o ponto de não retorno: "Foi em 2022 que comecei a preparar a candidatura e as pessoas que me iriam acomapanhar. Pessoas, competências, programa eleitoral, cultura desportiva. Foi esta caminhada que me permitiu chegar aqui com uma candidatura forte."
Por que motivo mudou de opinião e decidiu concorrer contra Pinto da Costa? "Sobretudo pelo momento em que se encontra o FC Porto. Fomos perdendo vantagem competitiva, enfranquecendo o os plantéis, é um momento de mudança absoluta, é preciso levar o clube para a modernidade."
Saída em 2011: "São momentos diferentes. Tive uma proposta para sair e foi paga a peso de ouro por uma cláusula de rescisão que só há pouco foi batida em termos de treinadores. Falei com o Fc Porto sobre isso, Antero Henrique estava bem ciente do que se estava a passar, discutimos a hipótese de continuar. Essa ferida aberta já foi sarada há muito tempo e os sócios que querem mudança já me recebem de braços abertos."
Dia 27 preocupa? "Todos sabemos que aconteceu a 13 de novembro na AG. Segurança, transparência do ato eleitoral, organização dos delegados, controlo da urnas...não tenho dúvidas, mas perguntamos de forma frequente a Lourenço Pinto. Tem sido positivo. Ainda hoje perguntamos pela presença da PSP onde estarão as mesas de voto."
Pediu para filmar a AG de dia 13 de novembro? "Não. Não pedi para filmar. Se quiser filmar esta entrevista ninguém o vai impedir, não esperaria que alguém viesse por trás e lhe tirasse o telemóvel, estamos num mundo livre. Pinto da Costa pediu para filmar as eleições? Isso não vai ser permitido, segundo o regulamento."
Uma transição rápida: "Pelos estatutos, são 15 dias para a tomada de posse, sem querer levantar a bandeira da vitória... Será importante uma transição rápida e que dignifique o que o presidente fez pelo clube, e que sejam respondidas todas as questões."
Feedback aponta para a vitória? "Depende. Há uma massa enorme de associados que não regularizou as quotas para poder votar. Esse é o primeiro passo: apelar para regularizarem para que o universo votante seja massivo e que dobrem os valores de 1988."
Percentagem de indecisos? "Penso que não. Numas eleições assim não haverá assim tantos quanto isso. Há pessoas que votam por gratidão, ainda ontem uma pessoa da sociedade portuense fez apelo ao voto da gratidão em vez do voto pela razão e modernidade. Posso compreender, pela história que nos é deixada, mas o fator racional tem e deve passar. FC Porto está numa situação limite, 3 campeonatos em 11 é curto, até para a história que o presidente nos deixou. Será a década de Pinto da Costa menos vitoriosa de sempre em termos de campeonatos nacionais."
Testemunho no documentário de Pinto da Costa: "Não me recordo quando gravei.Ffui convidado e não hesitei. Tudo o que conquistou fará sempre parte da história. Arrependido? Não, de todo. Tenho muito carinho e admiração pelo presidente. O seu legado é um sentido de responsabilidade e será sempre um fator de motivação e pressão"
Objetivos: "Tenho levado as coisas de forma muito natural, concentrado no meu projeto, nas pessoas, no que queremos fazer. Quero sobretudo que esta fase de transição seja o mais suave possível, daí as minhas valências enquanto treinador."
Contava com o afastamento em relação a Pinto da Costa? "De certa forma sim. No FC Porto-Marselha cada um seguiu o seu rumo, disse ao presidente que achei incorreto não me ter recebido no estádio do dragão. Sempre foi mais uma relação de gratidão. Separamo-nos do ponto de vista da comunicação."
volto a seguir a esta
"Afastamo-nos desde que vim jogar ao Dragão com o Marselha. Ele sempre soube da minha intenção. Ele sempre soube do meu desejo e intenção, também nunca escondi. Esteve sempre presente na mente dos outros. Tive várias conversas com pessoas do seu círculo, então não era novidade para ele"
Dias depois da extensa entrevista a O JOGO e TSF, André Villas-Boas, candidato da Lista B às eleições do FC Porto, é entrevistado na SIC
"Tenho muito carinho e respeito pelo presidente, por aquilo que nos deixa"
Fomos perdendo vantagem competitiva, o FC Porto encontra-se num momento de mudança. É preciso leva-lo para a modernidade"