Pinto da Costa e os 130 anos do FC Porto: "As lutas foram e continuam a ser duras"

Sou portista porque sou do Porto, e é enquanto portuense que olho para os 130 anos do FC Porto. O Porto sempre foi uma grande cidade. É a cidade do Infante D. Henrique, dos estaleiros que construíram os navios dos Descobrimentos, do vinho que é apreciado em todo o mundo, da luta pela liberdade, de um povo honesto e lutador, de escritores e artistas que criaram do melhor que já existiu em Portugal. O Porto sempre foi grande, apesar de não ser a maior cidade de um país pequeno e pobre, porque conseguiu ao longo dos séculos projetar-se muito para lá dos seus limites.

Por ter nascido no Porto, por ter sido fundado por gente do Porto, por desde cedo ter conseguido congregar o povo do Porto, o destino do FC Porto está traçado desde o tempo de António Nicolau de Almeida: ultrapassar as fronteiras da cidade, da região e do país e conquistar o mundo. O caminho foi longo e foi duro. As dificuldades foram imensas. Os obstáculos políticos, económicos e mediáticos pareceram muitas vezes inultrapassáveis.

As lutas foram e continuam a ser duras, mas valeu a pena. O FC Porto é hoje um clube de que todas as gerações de portistas se podem orgulhar, mesmo aquelas que não tiveram a sorte de viver durante as décadas em que, ao contrário das anteriores, passámos a ganhar muito mais do que outros. Não é preciso elencar títulos e feitos notáveis para justificar esse orgulho. Basta dizer que o FC Porto fez do Porto, a tal cidade que sempre foi grande, uma cidade ainda maior. Clube e cidade confundem-se. Cresceram juntos. Puxaram um pelo outro.

E se hoje o FC Porto é um clube com adeptos espalhados por todas as regiões e reconhecido fora de Portugal, isso significa que a cidade também é maior, mais rica e mais forte. "Tornar maior esta cidade" é o sonho descrito por Pedro Homem de Mello no poema "Aleluia". A grande marca destes 130 anos é essa: o sonho foi concretizado. Há que continuar a cumpri-lo.