Pinto da Costa e a I Liga decidida em três sítios: "Foram buscar os padres à sacristia"
Na primeira parte de uma entrevista exclusiva a O JOGO, o presidente do FC Porto diz que o campeonato se decidiu em três nomeações de árbitros. Pinto da Costa rescusa reconhecer justiça à provável vitória do Benfica.
Corpo do artigo
Pinto da Costa aborda todos os temas quentes numa conversa extensa com O JOGO. O presidente do FC Porto recusa reconhecer justiça à provável vitória do Benfica no campeonato. Com ou sem Liga, o presidente do FC Porto admite frustração, mas não uma má temporada.
Como avalia a época do FC Porto?
Ganhámos a Supertaça, que é sempre um troféu importante, perdemos a Taça da Liga na final e nos penáltis, estamos na luta até ao último dia pelo campeonato e estamos na final da Taça de Portugal. Para quem esteve quatro anos sem ganhar nada, não pode ser considerada uma época má. Para as nossas expectativas e desejos, que é ganhar tudo ou quase tudo, perdendo o campeonato haverá uma certa frustração. Mas também temos de ver como é que perdemos o campeonato.
... E como foi?
Não se pode dizer que tivemos sete pontos de avanço ou quatro ou dez. É uma prova de regularidade em que ganha quem perder menos pontos. O FC Porto perdeu em casa com o V. Guimarães, não é normal, mas o Benfica também perdeu em casa com o Moreirense... Em termos de resultados, chegámos ao momento crucial, depois do FC Porto-Benfica, com dois pontos de atraso. Essa reta final defino-a da seguinte forma: o FC Porto teve um empate anormal em Vila do Conde porque dois penáltis claríssimos não foram marcados. Houve uma influência direta da arbitragem e do VAR nesse empate. Depois do clássico, o campeonato decidiu-se em três sítios: Vila da Feira, Braga e Vila do Conde.
"O campeonato de 2019 decidiu-se em três sítios: Vila da Feira, Braga e Vila do Conde"
São três jogos onde ainda gostava de saber quem, a partir daí, foi buscar os padres à sacristia? O que vimos? O Conselho de Arbitragem, e bem, verificou no final da época passada que havia árbitros que não tinham as mínimas condições para apitar: o senhor Bruno Paixão e o senhor Bruno Esteves. Deixaram de apitar e para estarem calados e não protestarem meteram-nos no VAR. Agora, um indivíduo que não tem categoria para arbitrar não pode ir para o VAR, que tem tanta ou mais influência nos resultados. No Feirense-Benfica, quando tocou a reunir, quem foram os intervenientes? O senhor João Pinheiro, que toda a gente conhece do seu envolvimento nos emails. Foram ressuscitá-lo para esse jogo e tiveram a peregrina ideia de ressuscitar o senhor Bruno Paixão para o VAR, tendo influência direta ao anular um golo limpo ao Feirense e ao inventar um penálti quer deu a vitória ao Benfica. Isto é inquestionável. Se foi para VAR por incompetência para arbitrar como pode estar em jogos que podem decidir o título? Não compreendo este critério de nomeações. Podem castigar-me... Vamos para Braga: o senhor João Pinheiro vai para o VAR, o tal que mandava emails ao fulano daquela geringonça toda. O que aconteceu? Um penálti que não existe, outro que existe e não é marcado, uma agressão, nas barbas do árbitro, do João Félix que dava o segundo amarelo. E o Benfica passou lá. E agora, na reta final, quem foram buscar? O senhor Luís Godinho, no conceito deles pode ser um excelente árbitro, mas foi o árbitro que, em Moreira de Cónegos, expulsou o Danilo por ter ido contra ele quando ia a recuar ou que, no final de um famoso V. Setúbal-Benfica, marcou um penálti que deu a vitória e que todos contestaram. Havia tantos jogos importantes na I e na II Liga e o senhor Luís Godinho, que eles consideram um árbitro de primeira, foi para o VAR? Foi, mas para não ver. E o senhor Hugo Miguel, que foi o árbitro que aos 44" em Alvalade, fechou os olhos ao segundo amarelo [a Bruno Fernandes], vai fazer este jogo. Pelo amor de Deus. Foi em 1958 mas ainda hoje se fala no Calabote, daqui a 30 anos ainda se vão lembrar que o campeonato de 2019 foi decidido na Vila da Feira, em Braga e em Vila do Conde. Esta é a realidade.
https://d3t5avr471xfwf.cloudfront.net/2019/05/oj_pinto_da_costa_sobre_arbitragens_e_campeonato_20190513221555/hls/video.m3u8
"COMO PODE HAVER JUSTIÇA NO TÍTULO?"
Com base na análise de ex-árbitros, que comentam nos jornais e nas televisões, há uma convicção de que o FC Porto foi beneficiado em vários pontos. Qual a sua posição?
É clara: uma mentira dita cem vezes torna-se verdade. Uma televisão que vai buscar o Sr. António Rola para comentar o que quer? É funcionário e está ao serviço do Benfica e vai comentar com isenção? Digam os jogos em que fomos beneficiados. Em O JOGO, os especialistas foram unânimes em dizer que, em Vila do Conde, ficou um penálti por marcar e que um golo foi em fora de jogo. É uma tristeza que não haja um mínimo de verdade desportiva nos jogos de Vila da Feira, de Braga e de Vila do Conde. São três manchas negras na história deste campeonato. Só espero que na final da Taça de Portugal não apareça nenhum destes senhores porque seria o reconhecimento de que vale a pena errar a favor do Benfica.
"FC Porto teve um empate anormal em Vila do Conde porque dois penáltis claríssimos não foram marcados. Houve uma influência direta da arbitragem e do VAR"
O campeonato foi decidido fora do campo?
Mas há alguma dúvida? Decidiu-se dentro e fora, porque também se decidiu no VAR. É inqualificável que o VAR não tenha visto o que se passou em Vila do Conde. O campeonato foi decisivo com estas três nomeações, tanto para o VAR como para o árbitro.
Em futebol jogado, se o Benfica for campeão, vê justiça?
Não. Se o Benfica ganhar com dois ou três pontos de avanço e em três jogos foi beneficiado em nove pontos, como pode haver justiça? O Benfica teve bons momentos de futebol, o Sporting também e o Braga... No início, o Braga foi a equipa que melhor jogou, e o FC Porto. Justiça tendo na memória o que se passou na Vila da Feira, Braga e Vila do Conde? Os portistas que viveram isto vão lembrar-se daqui a 20 anos.
10873772